- Capítulo 10 - Um novo rumo. -

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-Na perspectiva de Lennon.

Fazia um bom tempo que eu não fazia alguém sangrar, era satisfatório ver toda aquela grama pegar a coloração escarlate, eu virei o cadáver com meu pé vendo o sapato manchar junto, cada buraco de bala que jorrava aquele líquido era uma sensação maravilhosa de ver. Abri o porta-malas do carro e depois arrastei o cadáver até ele, o joguei lá o trancando. Logo me sentei no banco do motorista ligando o rádio e colocando pra tocar "Painkiller" do Judas Priest, bati as mãos no volante esperando chegar no refrão, assim passei a marcha e dei ré pegando distância, depois acelerei em direção do penhasco que dava vista pro mar e assim que estava próximo do mesmo me joguei do carro rolando na grama. Me levantei e pude ver o carro afundar no oceano com uma explosão do impacto, tinha cumprido a tarefa. Assim então bati um pouco na minha roupa limpando a grama que tinha ficado nela, me dirigindo até a estrada para pedir um táxi ali, esperei alguns minutos e ele chegou, quem o dirigia era um homem barbado de chapéu, ele claramente só usava aquilo pra esconder a falta de cabelo.

— Zona leste, no bairro Stroopwafel.

— Você quem manda parceiro. — Ele ligou o taxímetro e acelerou indo pra onde eu tinha pedido, dava pra perceber que ele olhava para mim pelo espelho.

— Algum problema? — Direcionei um olhar mortífero para ele.

— A sua roupa... tá manchada....

— Ah, isso? É que eu acabei de voltar de uma festa à fantasia, o tema era horror.

Ele riu com claro nervosismo.

— Ah certo, então era isso...

— É exatamente isso.

Havíamos chegado no bairro que era meu destino, desci do carro e ele abriu o vidro do motorista olhando o taxímetro.

— Deu 50,00€

— Aqui. — Entreguei o dinheiro pra ele e saí andando.

O horário me favorecia, não tinha ninguém acordado e ninguém nas ruas, deu pra chegar no meu apartamento rápido, assim que entrei fui cumprimentado pelo meu gato Cannabis, um gatinho bastante peludo de olhos verdes com pelagem laranja e algumas manchas brancas. Ele se acariciava na minha perna enquanto eu me encaminhava pra lavanderia e jogava tudo que tinha direito a estar manchado de sangue dentro da máquina, dava pra ver o bichano de frente para a máquina assim que liguei ela, ele parecia enfeitiçado com a roupa girando. Depois de uma boa ducha eu me sentia revigorado, bem menos do que depois do assassinato, mas de toda maneira foi uma sensação boa. Assim eu me joguei no sofá com a toalha no rosto.

— Mais uma vez tudo deu certo, saí impune.

Adormeci após alguns minutos ali mesmo, Cannabis subiu no meu colo e ficou por lá também.

-Dia seguinte.-

No castelo o dia começava estranho, ele estava todo fechado e as gêmeas eram as primeiras a chegar, elas só não sabiam disso.

— O que se passa pela cabeça daquele maldito morrdomo? — Louise reclamava com ódio.

— Não seja durra irrmã, pode ter acontecido alguma coisa.

As duas abriam as janelas revelando os salões vazios e sem nenhum resquício de vida, ignorando o salão com o corpo pois não tinham permissão para entrar lá.

— Quando é que vamos poder entrrar ali parra limpar? Não aguento mais isso.

— Poxa, Lou, vai ser logo, parra que tanta prressa?

— Hmpf, eu odeio coisas sujas, só isso.

— Mais respeito! Estamos falando de um corrpo.

Indo para o lado de fora do castelo Wanderley estava com suas preciosas flores, cuidando juntamente das outras plantas do jardim da construção.

— Bom dia, como vão hoje? Está mais quente né? Já vou pegar o regador.

O velho portador de um belo bigode se dirigiu até o armazém de ferramentas e pegou o instrumento, indo o encher de água na torneira que havia lá. Ele voltou rápido para regar as plantas, isso olhando para a mansão dando falta de um carro ao lado dela.

— O que será que aconteceu? Aquele mordominho lá não veio hoje.

O homem grisalho ajeitou a boina oitavada em sua cabeça e foi cuidar de outra parte do jardim.

-Indo pro Resort Rooseboom.

Heide estava sentada numa cadeira na varanda da casa que dava visão para cidade, não parecia estar interessada na paisagem. A mesma só estava de repouso lá, lendo uma revista sobre casamentos.

— Ah, eu queria que o meu tivesse sido assim....

Aiden e Antonie estavam na sala jogando videogame.

— Você é terrível, porque não se joga hã?

— O que está insinuando Rooseboom? Você não é ninguém seu moleque.

A disputa estava acirrada na corrida até que Antonie chutou o controle de Aiden e o fez desconectar e ele perder.

— Seu bastaard!!!

(Nota:-Bastaard é desgraçado em Holandês)

Ele se levantou rápido gritando.

— Se joga, seu moleque.

Os dois se jogaram no chão brigando, era como ver uma tela de cores contra um filme dos anos 70.

No andar de cima Vander estava deitado na cama com os braços na cabeça, ele parecia estar prestes a cair no sono até que seu celular tocou.

-Início da chamada-

— Hallo, Vanvan.

— Lennon.

— Aaah não precisa ser tão frio... Eu fiz o trabalho, já pode pagar o restante.

— Eu vou fazer o depósito, obrigado pela cooperação.

— Você sabe, eu não recuso trabalhos divertidos.

— Ótimo, se eu precisar eu ligo.

- Fim da chamada -

Enquanto isso no outro lado da Europa numa delegacia Italiana, um policial abre a porta correndo da sala do seu oficial.

— Temos pistas dele! — ele pairava na porta ofegante.

Na sala havia uma cadeira de costas para ele, dela fumaça de um cigarro saía enquanto uma voz vinha de lá. — Onde?

— Holanda, numa cidade pequena perto da capital.

— Estamos indo pra lá.

A cadeira se virava lentamente revelando uma figura feminina, ela detinha uma boina vermelha, um piercing dourado na sobrancelha, longos cabelos pretos lisos, um batom escarlate vibrante, todos chamavam atenção junto da gargantilha azul-marinho que tinha um pingente em formato de raio. A mulher segurava um extensor de cigarro que a mesma tragou e soltou um arco ao ar.  Definivimante, alguém que trará um rumo novo.

— Sim senhora, vou mobilizar as tropas.

E assim se encerra a nossa história.....
Quero dizer, a história de Lennon.

-Fim do primeiro Ato.-

Sangue Escaldante Onde histórias criam vida. Descubra agora