Kyara não parava de acelerar, o GPS até mesmo ficava confuso com a velocidade do carro, a mesma já parecia conhecer o caminho entao não hesitava.
— Depois de tudo que passamos, por que diabos você tinha que fazer isso?
-Vários anos atrás na Holanda.-
Um casarão no topo de uma colina abrigava várias pessoas, dois homens, uma mulher e mais duas crianças, sendo uma menina e um menino. Todos eram imigrantes italianos que haviam se mudado para buscar condições melhores de vida, os pais da menina tinha uma ótima relação com o pai do garoto, por isso dividiam aquela casa e as despesas dali.
As crianças também se davam bem, Kyara e Matteo eram seus nomes. Os dois não se desgrudavam, eram como irmãos, melhores amigos até o fim era o lema deles.
Correndo no jardim florido da parte de trás, Matteo lutava contra Kyara com uma espada de madeira, a menina revidava com a própria espada.
— Nunca vai me vencer assim ruivinho!
— Você já perdeu quando decidiu me enfrentar!
A luta se intensificava, nenhum dos lados queria ceder sua vitória, eles caminhavam enquanto batiam suas armas, se sentiam num filme de piratas onde o mar era o chão lá embaixo, e a prancha eram as cercas brancas.
Matteo encurralou Kyara por ter dado um golpe que a desarmou, ela então levantou suas mãos fingindo estar rendida.— Suas últimas palavras? — Matteo sorria orgulhoso.
— Você é um bobão! — Mostrou a língua rindo.
A menina se abaixou e se jogou nele o segurando pela barriga, a ação surpreendente da garota fez o ruivo soltar a espada e os dois caíram no chão.
— Ha! Parece que eu venci de novo.
Matteo se debatia mas Kyara estava forçando peso para que ele não se mexesse.
— Qualé... Argh, tá bom, você venceu... me solta vai.
Kyara lentamente se levantava e limpava a roupa que havia se sujado toda.
— Da próxima vez você vai perder!
— Hmpf, na próxima eu vou ganhar de novo!
Os dois riram porque não conseguiram manter a postura séria por mais tempo do que aqueles segundos.
-De volta para o presente.-
A delegada parava o carro puxando o freio de mão fazendo um drift, estacionando de frente para o setor industrial, onde se continha várias fábricas. Saindo do carro ela foi até o porta-malas e de lá tirou um compartimento alongado e o colocou na cintura com a ajuda de uma cordinha.
— E aqui vamos nós.
Ela acendeu um cigarro o colocou em seu extensor e caminhou para dentro do setor.
-Mais memórias do passado.-
Kyara via Matteo indo com seu pai para o setor industrial enquanto ela e sua mãe pegavam o caminho da escola.
— Mãe, por que o Matteo sempre vai ali com o tio?
— Ah querida... bem, o tio trabalha ali e ele gosta de levar o Matteo lá, entende?
A criança colocou a mão no queixo pensativa e sorriu no final.
— Então lá deve ser legal... posso ir lá um dia?!
— QUE?! NÃO! Er... Melhor não filha, você você ia gostar de lá...
A pequena Kyara assustada com tal reação da mãe apenas se encolheu um pouco, baixando sua cabeça.
— Tudo bem mamãe...
-No presente.-
A morena caminhava com calma, suas botas ecoavam pelo lugar, sua face serena não acompanhava o ambiente silencioso com as fumaças e as máquinas trabalhando. Não tirava sua atenção de nenhuma direção, seus olhos afiados observavam todos os lados como se esperasse algo.
— Você não me assusta, pode aparecer.
Um tiro de um revólver foi disparado vindo na direção da moça, que se virou para o lado que ele vinha.
-Mais uma vez no passado.-
Numa das fábricas estava toda família da casa, os pais de Kyara estavam amarrados em macas suspensas na frente da garota, essa que estava presa numa maca mais reforçada contendo uma mordaça e amarras mais fortes. O tal tio estava de frente pra eles com Matteo do seu lado.
— O que você acha Matteo?
— A Kyara vai ficar que nem eu né Papa Lennon?
— Sim filho, ela vai.
Era notável no ombro de Matteo o que se parecia uma tatuagem de um sol, mas os raios em volta não fechavam o círculo, havia somente 3 raios em formato de relâmpago.
Kyara se debatia na maca tentando se soltar, ela chorava e gritava, os pais dela estavam desacordados com tubos conectados neles que retiravam seu sangue, esses tubos transportavam o líquido vermelho para um recipiente maior, onde era misturado com várias substâncias químicas diferentes. Aquela mistura se tornava um fluído dourado que soltava fumaça por sua temperatura elevada, Papa Lennon pegou o recipiente e deixou uma gota cair no chão, que foi o suficiente para deixar um buraco no piso.
Ele se aproximou de Kyara e ligou tubos de ensaio nela, colocando o fluente neles e injetando na menina, a morena se debateu com força e começou a gritar, a mordaça não escondia seus gritos, todas as veias da garotinha brilhavam na mesma cor daquele sangue escaldante até que ela desmaiou depois de sofrer aquilo.
Papa Lennon se aproximou e olhou o ombro dela vendo que a mesma tatuagem de sol de Matteo estavam começando a surgir nela, soltando fumaça pelo seu calor escaldante, após alguns segundos ela estava completa mas com apenas 1 raio.
— Foi um sucesso Matteo!
— Ela é igual a mim! Kyara e eu somos iguais!
— Agora só temos que nos livrar deles.
Papa disse apontando para os cadáveres dos pais de Kyara que já pareciam apodrecidos, não só seu sangue foi retirado mas alguma coisa injetada neles os deixou naquele estado deplorável.
-No presente.-
Kyara desviou da bala se abaixando e olhou a figura que caminhava na direção dela.
— Você.
Vander surgiu das sombras segurando a arma ainda apontada para a direção da delegada.
— Quando pediram pra eu lidar com você eu achei que iria ser mais fácil, disseram que você era um dos experimentos de mais baixo nível.
O Rooseboom detinha uma regata branca, mostrando a famigerada tatuagem do sol, contendo 5 raios nela.
— Deixei de ser nomeada assim, mas pra sua informação, você está morto.
Vander gargalhou alto.
— Você não passa de uma falha de terceiro nível, a informação chegou pra mim.
Kyara rasgou a manga de sua vestimenta, mostrando o seu ombro, o sol dela hoje detinha 9 dos 10 raios.
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Sangue Escaldante
Mystère / ThrillerO ano é 2022 e um misterioso assassinato ocorre num castelo, este situado numa pequena cidade fictícia na Holanda. Venha junto do detetive protagonista descobrir quem ou o que foi o motivo dessa morte, além de todos os outros mistérios que esse mund...