26 | Lost

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Em poucos segundos eu estava fora daquele veículo. A fumaça subia a cada instante enquanto eu corria para longe.

— Para, Jennie! — ouço-o gritar, porém continuo correndo, até o momento em que ouço o disparo de tiro, então meu corpo paralisa por inteiro.

O ar tornou-se denso, carregado com uma tensão palpável, quando percebi o peso do olhar frio da arma apontada na minha direção. O metal gelado parecia sussurrar uma ameaça silenciosa, enquanto o cano mirava diretamente para minha alma.

Cada detalhe ao meu redor tornou-se agudo, como se o tempo se arrastasse. O som de um batimento cardíaco acelerado ecoava em meus ouvidos, uma trilha sonora frenética para a situação extrema. A respiração curta e rápida traía a ansiedade que me envolvia.

Os olhos de Elliot, opacos e destituídos de qualquer compaixão, encontraram os meus. Era como se o tempo tivesse congelado nesse instante, em que a vida se equilibrava na lâmina afiada da incerteza.

Cada centímetro de movimento era calculado, cada decisão tomada sob a ameaça constante da arma que permanecia fixa em minha direção. O mundo exterior desapareceu, restando apenas a sensação angustiante de ser alvo, vulnerável ao capricho de quem segurava o poder da decisão.

Repentinamente o ronco dos motores preencheram o silêncio daquela estrada. Os carros blindados aproximaram-se rapidamente. Elliot tentou se aproximar de mim, assustando olhando para os lados, porém um rapaz desceu imediatamente de um dos carros, apontando um fuzil para o rapaz. Em poucos instantes outros 10 homens estavam na estrada, com armas apontadas para ele, que rendeu-se rapidamente.

— Fim da linha pra você filho da puta. — Elliot ergue os braços, jogando a arma sobre o chão.

Um rapaz de cabelos ruivos se aproxima de mim, enquanto os outros mobilizam Elliot. — Eu trabalho para a família Manoban, esse pesadelo acabou, senhorita Jennie.

Apesar do choque que eu sentia naquele momento, o conforto fez abrigo em mim. Aquilo havia sido obra de Lalisa, e por um momento o sorriso estava em meus lábios.

— Levaremos a senhora para uma das propriedades da família Manoban. — assenti com a cabeça. Um pequeno momento de conforto.

O rapaz me acompanhou até um dos carros, o qual havia um motorista me esperando. Umedeço meus lábios entrando no veículo, sentindo um pequeno desconforto em meu corpo. Provavelmente devido ao acidente. Eu havia machucado a cabeça, e o meu corpo doía completamente, mas além disso estava tranquila.

Durante o caminho eu e o motorista não trocamos uma palavra. Eu percebi que ele me levava a uma casa pouco distante dos bairros comuns da cidade. Talvez eu iria me encontrar com alguém da família Manoban naquela casa, ou eu simplesmente estava sendo levada para estar em segurança, pois a minha casa qualquer um sabia sobre o endereço.

Era uma casa comum, não muito grande. O motorista abriu a porta para mim, e eu o agradeci com um sorriso no rosto. — Na cozinha tem alguns lanches, água, remédios, caso a senhorita precise. — assenti com a cabeça, enquanto o mesmo me acompanhava até a entrada da casa.

Ele abriu a porta após digitar um código, então adentramos o local. — Tem banheiros em todos os quartos da casa. Se a senhorita quiser tomar um banho, fale comigo, lhe mostrarei o seu quarto.

— Obrigada. — sorri, caminhando até a cozinha. Suspiro, ainda sentindo meu coração acelerado. Observo a mesa repleta de comidas, porém meu foco se vira apenas para a jarra de água. Despejo em um copo, bebericando, ainda sentindo o desconforto em meu corpo. Passo a mal pela cabeça, sentindo meus dedos molhados. Estava sangrando. Fecho os olhos com força, balançando a cabeça.

Caminho até a sala, a procura do motorista. Porém eu acabo encontrando outra pessoa.

No exato momento em que nossos olhares se cruzaram, uma corrente elétrica pareceu percorrer o espaço entre nós. A sala ao redor desapareceu por um instante, dando lugar a uma cápsula intemporal onde só existíamos nós duas. A expressão dela, ao passar da surpresa ao reconhecimento, espelhava o eco das memórias compartilhadas.

O ambiente, antes apenas um cenário, agora ganhava vida com detalhes até então esquecidos. A luz suave destacava cada linha no rosto dela, contando histórias das semanas que passaram. Os olhos, portais para um tempo compartilhado, continham uma mistura de saudade e alegria.

O som de nossos nomes sendo pronunciados uma pela outra ecoou como uma melodia conhecida, pontuando o silêncio quebrado pela respiração acelerada. Os passos hesitantes aproximaram-nos, criando uma ponte entre o que foi e o que poderia ser.

Porém algo inesperado interrompeu meus passos. Uma sensação de desconforto. Um pequeno problema inesperado, porém que ao me tocar, transformou-se em algo grande. O líquido escorria pela minha perna lentamente, enquanto a sensação de choque se espalhava por todo o meu corpo. Ergo a cabeça, encontrando o olhar assustado de Lalisa.

Em um momento de expectativas e esperanças, a atmosfera foi inundada por uma mudança abrupta. O silêncio doloroso substituiu as expectativas alegres, enquanto a realidade se desdobrava. As emoções, como ondas turbulentas, colidiam com a tristeza e a perda.

Cada momento se desenrolava em câmera lenta, marcado pela tristeza profunda e uma sensação de vazio. A emoção, antes repletas de esperança, agora eram sussurros melancólicos.

Meu olhar cai, então enxergo nitidamente o sangue em minhas pernas. Aquilo estava acontecendo. Aquela sensação. Todas as minhas expectativas haviam sido quebradas naquele instante. Um pequeno deslize. Todo o nervosismo. Toda a situação que eu havia passado. Tudo, foi uma grande influência.

Minha visão começou a turvar-se como se estivesse sendo envolvida por uma névoa densa. Cada batida do meu coração parecia um eco distante, enquanto uma tontura avassaladora se apoderava de mim. As pernas perderam a firmeza, tornando-se instáveis como se fossem feitas de algodão.

O mundo ao meu redor se tornou uma mistura de cores indistintas, como se estivesse vendo através de uma lente embaçada. A sensação de queda iminente se apoderou do meu corpo, e minha última percepção consciente foi o meu corpo sendo segurado e envolvido por Lalisa, e um abafado som de um suspiro enquanto eu me entregava à escuridão acolhedora do desmaio.

Tudo havia se perdido...

My Sweet MobsterOnde histórias criam vida. Descubra agora