13. A Cadeira Vazia

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As férias acabaram... Hora de voltar à escola. Eu me sentia privilegiada por estudar num ambiente agradável, com bons professores e a excelente companhia das minhas colegas.

Quando a Sra. Bridget entrou na sala de aula naquela manhã, nos cumprimentou com um largo sorriso. As carteiras estavam quase todas ocupadas e isso era um bom sinal! Olhei ao redor, procurando novamente Alissa. Tínhamos estudado juntas nos últimos quatro anos e éramos bastante amigas. Sabia que ela havia ido passar as férias com os avós, numa fazenda ao sul de Oakland, mas estranhei a ausência dela logo no primeiro dia de aula. Alissa sempre fora muito aplicada aos estudos. "O que poderia ter acontecido?" Ninguém na classe tinha notícias dela.

No intervalo das aulas, vi o pai de Alissa, o Sr. Adrian, conversando com a professora. Ele estava com um semblante abatido e triste. Aproximei-me a tempo de ouvi-lo dizer: "O médico disse que o caso é grave, porque a febre não tem abaixado..."

- Com licença, Sr. Adrian - eu disse baixinho, tentando não parecer mal-educada. - Houve algum problema? Por que Alissa não veio à escola?

O homem alto, com bigode escuro e pele clara, voltou-se para mim. Logo ele me reconheceu.

- Olá, Anna Beatrice - a voz dele pareceu embargada -, eu estava justamente falando para a Sra. Bridget que Alissa não voltou muito bem da casa dos meus pais. Ela tem sentido falta de ar e dor no peito. Além do mais, a febre está alta, e a tosse tem piorado sua condição. - Ele respirou profundamente. Fechou os olhos por um instante e então os abriu devagar. - Por favor, ore por ela, Anna. Os médicos estão fazendo o que podem, mas o tratamento não está produzindo efeito.

- Sim, vou orar por ela... - respondi. - Também posso fazer uma visita?

- Pode, sim! Tenho certeza de que Alissa ficará muito feliz em ver você. Quem sabe isso a ajude a ficar um pouco mais animada?

Combinei que falaria com meus pais e iríamos à casa do Sr. Adrian.

Quase não consegui me concentrar nas outras aulas naquele primeiro dia. Só ficava pensando em Alissa. Quando voltei para casa, contei para minha mãe a conversa com o Sr. Adrian. Ela percebeu minha preocupação e se dispôs a me acompanhar na visita assim que papai chegasse.

Fiz meus deveres escolares e ajudei no preparo do jantar. Quando papai chegou, estava tudo pronto e em ordem. Eu estava tão ansiosa para ver Alissa que nem percebi o quanto estava comendo rápido.

- Seu pai vai nos levar de charrete, Anna - mamãe fez um carinho na minha mão que estava sobre a mesa. Então, ela se dirigiu ao papai: - Você sabe, Alberto, se os médicos já descobriram o que Alissa tem?

- Ouvi um comentário no escritório de que a suspeita é pneumonia... - papai falou com uma expressão triste. Então, limpou a boca com o guardanapo e se levantou da mesa para preparar a charrete e o cavalo.

Levamos uns 20 minutos para chegar à casa de Alissa. A Sra. Marta nos recebeu, e o Sr. Adrian ajudou o papai a "estacionar" a charrete ao lado de uma árvore com grandes galhos verdes.

Fomos conduzidos ao quarto de Alissa. Assim que nos viu, ela se sentou na cama enquanto sua mãe acomodava os travesseiros em suas costas.

- Oi, Anna... - ela disse tentando esboçar um sorriso. Tentou falar mais, porém a tosse a impediu de continuar.

- Querida, procure não se esforçar - a Sra. Marta a aconselhou. Olhando para nós, ela explicou que Alissa estava sentindo muita dor no peito, e a tosse piorava quando ela falava.

Em determinado momento, mamãe e a Sra. Marta foram até a sala, onde estavam o papai, o Sr. Adrian e o pequeno Richard, com apenas quatro anos de idade. Eu fiquei no quarto, fazendo companhia a Alissa. Relatei como havia sido o primeiro dia de aula e como a professora Bridget era atenciosa e bonita. Ela apenas sorriu. Pude entender o que se passava em sua mente: Será que ela voltaria logo à escola? Será que conheceria a nova professora?

Vaso de Barro - Neila D. OliveiraOnde histórias criam vida. Descubra agora