Em menos de duas semanas, recebi uma carta de Gary. Ele agradeceu as últimas informações que lhe dei a respeito da Sra. Ellen e me disse que tinha uma surpresa para mim. Mas ele só me revelaria quando nos encontrássemos no casamento de Roger, que estava previsto para dali a três meses. O comunicado oficial deveria chegar em breve, pois a data da cerimônia já tinha sido escolhida: 6 de fevereiro de 1916.
Entre outras coisas, ele me contou que não sabia muito bem como andavam os preparativos porque, além de estar um pouco distante de sua família, em Berrien Springs, o casamento aconteceria em Riverside, o lugar em que morava a família da noiva.
"Ainda bem que vai ser em Riverside", pensei. Eu estava torcendo para ser na cidade dos pais de Mary, porque seria mais fácil convencer meu pai a ir. Pelo menos, ficava na Califórnia... Além do mais, poderíamos aproveitar e fazer uma visita à tia Glenda. Ela morava em Bakersfield, que ficava no caminho para Riverside. Dessa forma, a viagem não se tornaria tão cansativa. Quando encontrasse um momento apropriado, eu daria a sugestão para meus pais. Não queria perder nem mais um minuto para continuar lendo a carta de Gary.
"Para que você não se sinta tão ansiosa até lá", escreveu ele, "estou lhe enviando a pesquisa sobre o trabalho da Sra. Ellen em Battle Creek. Creio que as informações a ajudarão a entender o cenário em que ela e o marido estiveram inseridos e como a obra que eles realizaram em minha cidade natal foi de grande importância. Você também vai perceber como foram trágicas as consequências colhidas pelos líderes da igreja quando não deram a atenção necessária aos conselhos da Sra. Ellen quanto aos procedimentos de nossas instituições em Battle Creek. Mas isso você vai descobrir por si mesma quando ler as quatro longas páginas anexas. Espero ter correspondido às suas expectativas, estimada amiga."
Peguei as folhas de papel fino e conferi o número das páginas. Como o inverno já dava seus primeiros sinais, e o dia estava bem fresco, peguei no armário uma manta leve para colocar sobre meu colo. Sentei-me na confortável poltrona que ficava no escritório do papai e cobri meus pés com o tecido macio. Então comecei a leitura. Era notável o capricho de Gary em sua escrita.
Querida Anna Beatrice,
Cumprindo minha parte, apresento-lhe as informações referentes ao período em que o casal White viveu em Battle Creek, bem como o relato dos acontecimentos que tiveram lugar num passado não muito distante e que modificaram completamente a história de minha singela cidade.
Vou tomar como ponto de partida, a mudança da gráfica da casa alugada em Rochester, Nova York, para Battle Creek em novembro de 1855. Apesar das dificuldades para manter a impressão do periódico The Present Truth, a equipe coordenada por Tiago e Ellen White avançava pela fé. Ellen ficou tão animada com a mudança para Battle Creek, que se referiu a esse período como o tempo em que o Senhor começou a mudar a sorte deles. A começar pelas instalações da gráfica, que agora funcionariam numa pequena casa construída pelos amigos que apoiavam o trabalho ali. Ficava na esquina sudeste das ruas Washington e Principal, na extremidade oeste da cidade.
Além de proprietário, Tiago passou a ser também o administrador da humilde editora. Uma associação foi formada para dividir com ele o pesado fardo. A mudança fez bem a todos. Os funcionários estavam felizes e, pela primeira vez, em alguns anos, puderam receber salário regular e alugar seus próprios quartos. A família White, composta por Tiago, Ellen e os três filhos: Henry (8 anos), Edson (6 anos) e Willie (com apenas 1 ano e 6 meses), mais as duas moças que ajudavam em casa, Clarissa Bonfoey e Jennie Fraser, puderam finalmente ter um lar. Não precisavam mais dividir o espaço da casa com o prelo, nem com as acomodações de toda a equipe de funcionários. No começo, moraram num chalezinho alugado. Mas depois conseguiram comprar dois lotes na Rua Wood, onde construíram a casa na qual moraram por seis anos.
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Vaso de Barro - Neila D. Oliveira
Spirituale"Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós." (2 Coríntios 4:7, NVI) Anna Beatrice é uma adolescente muito esperta, criativa e que ama descobrir coisas novas. Ela só não imaginava que sua d...