15. O Amor Está no Ar

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As coisas entraram novamente nos eixos. Alissa, totalmente recuperada, logo pôde retornar à escola e nós louvamos a Deus pela restauração de minha amiga. A cada dia, ela se sentia melhor. Não perdia a oportunidade de falar para as pessoas a respeito do tratamento que recebera no hospital de Loma Linda e o quanto ir para lá a havia ajudado a entender a importância de desenvolver hábitos saudáveis para prevenir doenças e manter a saúde.

Agora eu tinha um pouco mais de tempo livre e aproveitei para colocar em dia minhas correspondências com Gary. Coincidentemente, quando ele mencionou que o casamento de Roger aconteceria em breve, fazia pouco tempo que eu havia lido sobre o casamento de Ellen e Tiago White. Achei que seria interessante escrever para ele contando alguns detalhes de como Deus havia unido o casal de pioneiros. Não sou do tipo romântica, mas aprecio uma boa história de amor. No caso de Tiago e Ellen, foi impressionante como Deus os uniu e como um completou a vida do outro. Costumavam dizer que Ellen era a evangelizadora e Tiago, o organizador. Formavam uma equipe perfeita no trabalho de espalhar a mensagem que Deus lhes confiara.

Quando ouviu pela primeira vez a jovem Ellen falar em público, Tiago reconheceu que ela era uma serva de Deus. Nem por um momento, ele duvidou de que Deus a havia escolhido como Sua mensageira. Por sua vez, Deus mostrou a Ellen que Tiago era uma pessoa sensata e confiável. Depois da primeira visão e da ordem que Ellen recebera de Deus para contar às pessoas sobre o que vira, Tiago passou a acompanhá-la. Justamente para evitar comentários maldosos, Ellen nunca saía sozinha com Tiago. As viagens sempre eram feitas na companhia de Sara, sua irmā mais velha, e de outras amigas fiéis. Tiago costumava conduzir o trenó ou a charrete, dependendo do clima. Ele fazia os arranjos para as reuniões, ajudava com a bagagem e ainda protegia Ellen para que nenhum mal lhe acontecesse. Sua presença representava uma grande ajuda. Ainda assim, os mexeriqueiros de plantão fizeram seu trabalho, e a mãe de Ellen ficou tão preocupada com as fofocas que mandou um recado para a filha pedindo que ela voltasse para casa.

Tiago era um homem íntegro, de caráter, e sabia que algo tinha que ser feito.

Descrevi na carta para Gary como foi o pedido de casamento que Tiago fez a Ellen. Se bem que acho que foi mais uma proposta do que um pedido. Foi mais ou menos assim:

Tiago procurou Ellen e fez um breve discurso. Ele lhe disse: "Sabe, Ellen, por causa desses comentários, vou ter que me afastar de você por um tempo. Talvez você consiga se arranjar de alguma outra maneira. Ou, então, devemos nos casar."

Simples assim... Fico imaginando a surpresa e talvez o sorriso velado no rosto da jovem Ellen, que a essa altura estava com 18 anos. Tiago era seis anos mais velho do que ela. Penso que eles já deviam ter se afeiçoado um ao outro, pois haviam passado praticamente um ano nessa rotina de viajar para que Ellen desse o testemunho da visão às pessoas. Acho que, no íntimo, Tiago não estava querendo muito entregar Ellen aos cuidados de outra pessoa. Por sua vez, ela já sentia tanta confiança nele que não se importaria de passar mais tempo com ele. Algo que li e achei muito bonito foi que eles levaram o assunto primeiramente ao Senhor e só deram esse passo de se tornarem companheiros de vida depois de terem a aprovação divina.

No dia 30 de agosto de 1846, Tiago Springer White recebeu a senhorita Ellen Gould Harmon como sua legítima esposa, na cidade de Portland, Maine. Ela passou a assinar Ellen G. White. Como toda garota de minha idade, fiquei curiosa quanto aos detalhes da cerimônia de casamento deles. Procurei em todas as minhas referências, mas tudo o que encontrei foi uma foto da certidão de casamento, assinada pelo juiz de paz Charles Harding. Tudo indica que houve apenas a cerimônia do casamento civil. Nada de vestido de noiva pomposo, nada de buquê, nada de igrejinha branca...

Os recém-casados eram muito pobres e nem mesmo tinham uma casinha deles mesmos para morar. Assim que se casaram, foram morar com os pais de Ellen em Gorham, Maine. Na verdade, demorou algum tempo para que eles tivessem um lar fixo, pois passavam a maior parte do tempo viajando e pregando onde quer que fossem convidados.

Vaso de Barro - Neila D. OliveiraOnde histórias criam vida. Descubra agora