Capítulo II

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I

As aulas. No fim, elas sucederam-se em minha casa, tanto para evitar cenas como aquela, quanto para, dessa maneira, poder estar mais à vontade. Escolha minha, obviamente. Os criados, também foram avisados por mim de antemão para nada sair daquelas paredes. Uma pequena ameaça, nada mais. Como se fossem dizer algo, claro.

O esperava sentada à janela, com uma caneca em mãos, de chocolate quente.

Nossa primeira aula ocorreu logo no outro dia. – Olhava o relógio uma vez ou outra; umas seis vezes a cada hora, talvez. – Vestiria-me mais casualmente em outra ocasião, mas aquela era especial. Usava uma blusa de linho branca com bordados e babados. Gola alta. E uma saia longa, azul, de cintura alta, com um corpete da mesma cor, amarrado por fitas brancas de seda. - Observava a rua, batucando os dedos no braço da poltrona. Foi pontual igual ao relógio.

O preto e vermelho se uniam bem. Seu terno lembrava o vinho, estava aberto, revelando seu colete negro e gravata. Suas roupas tinham detalhes dourados e bonitos, além duma riqueza de detalhes atraentes. Tendo a essência da nobreza em sua postura. Apenas vê-lo ao longe fazia um sorriso de canto surgir. Ele levava uma maleta. – Natsu bateu à porta e foi atendido por uma das empregadas. Esperava no segundo andar, na sala de estar, perfeitamente organizada por Helena. A mesa de lignum vitae estava no centro, com duas poltronas de carvalho-escuro acolchoadas por couro legitimo dispostas lado a lado. – Agucei minha audição. Subiam as escadas. Tomei o último gole de meu chocolate-quente.

Toc, toc.

"Senhorita, seu convidado chegou!"

"Ah. Sim, Helena. O deixe entrar."

A porta foi aberta lentamente, primeiro entrando Helena, que ao me ver, curvou-se. Depois a Natsu que passou logo depois.

"Não precisa dessas formalidades comigo, Helena. Não sou nobre."

Gentilmente disse.

"Boa tarde, Carla."

"Boa. Pode ir, Helena."

Movi minha mão, num movimento de despache.

"Deixe-me à sós com nosso convidado... Poderia trazer duas xícaras de café para nós?"

"Claro, senhorita Marvell. Retorno num minuto!"

"Agradecido, Helena."

"O prazer é todo meu, senhor Dragneel. Agradeço os serviços que prestou ao reino... Bons estudos a ambos. Qualquer coisa, apenas chamar. Estou me retirando."

"Por onde começamos, então?"

"Pela base. Me conte: o que acredita ser a magia."

Ele abriu sua maleta, tirando de dentro dela alguns livros de capas estranhas. Os deixando sobre a mesa.

"Acho que energia manipulável pela vontade. Em lexi aprendemos que essa energia reside dentro do corpo; mas também existe de forma natural, mesmo em menor abundância. É moldada de forma consciente para atingir um sentido! Mesmo ela por si só sendo neutra."

"Muito bem, mas por que acha que existem doutrinas diferentes? Como energia, não deveria ter tantas formas de a compreender, não?"

"Bem... Acho que depende... Nunca tinha realmente me perguntado isso, sabe?"

Beberiquei um pouco de meu café.

"Humanos são confusos. Ego, talvez?"

"As três grandes doutrinas são bem mais do que apenas ego, Carla. São formas de ver além, mas isso sabe bem. Porém, tem um pouquinho de ego, sim" Pegou um livro de capa verde, um pouco velho, mas em boas condições. "Ainda assim: são filosofias acima de tudo. Certo, errado. Pontos de vistas, somente".

Promessas de primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora