Capítulo I

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Para melhor experiência, recomendo que escute essa música enquanto lê o capítulo.

I

O tempo se passou, porém, ainda não havia esquecido; nem dele, nem da promessa. É difícil quando a figura que criou por dois longos anos, no fim, é tão diferente da verdadeira; fazia pensar bastante: o que eu via era verdadeiro, ou fingimento?

Ele era peculiar. Diferente...

O outono logo daria lugar, pelo que parecia, a um rigoroso e atípico inverno. – As folhas das árvores, já amareladas, outras avermelhadas, descansavam pela rua, criando um longo tapete colorido de tons quentes. – Em outro momento apenas esperaria pacientemente por Wendy, escutando o tic-tac do relógio, com uma caneca em mãos, de chocolate quente, mas existia algo mais importante! Quatro anos, pensava.

II

Uma semana e meia após o evento, não conseguia conter mais a dúvida do o quê fazer: esperar ou ir atrás? Por isso, pensativa, resolvi perguntar a uma pessoa que poderia ter a resposta, elucidando a questão.

"Helena."

A chamei, deixando minha caneca sobre a mesa, ao lado de meu livro. Os raios de sol filtravam-se pela cortina como feixes, iluminando o interior do cômodo; minha sala pessoal de estudos. Ela se aproximou a passos sutis, de prontidão, limpando as mãos no avental branco.

"Sim, minha senhora?" Perguntou. "Deseja mais algo?"

"O que faria se estivesse em um impasse?"

"Dependeria da natureza do impasse", pontuou cautelosamente. "Qual seria?"

"Hum... Do tipo humano."

Um pequeno sorriso brotou no rosto de Helena, compreendendo onde eu desejava chegar. Pensou por um momento antes de dizer: "Eu veria o que perderia se deixasse para outro dia esse impasse... O tempo é algo bem importante para seres como eu, minha senhora".

"... E se você tivesse todo o tempo para pensar?"

"O outro talvez não teria."

"E se ambos tivessem?"

Pensativa, o silêncio prevaleceu. "Nem tudo é como queremos...", pontuou, "Como deixar algo muito tempo no fogo: pode tanto derramar, tanto sumir, também por conta do tempo. Quanto mais cedo tirar do fogo, melhor. Também tem todo o tempo do mundo nesse caso."

"Usou meu chocolate quente de metáfora?" Soltei uma pequena risadinha, mexendo em minha caneca. "Sério isso?"

"E o seu logo irá esfriar, senhorita."

Fiquei em silêncio por um momento, olhando para fora.

"Qual será o clima de amanhã?"

"O homem do rádio disse que fará sol, porém, muito frio."

Aquelas palavras dela foram meu incentivo. Não vou mentir, eu não me sentia muito à vontade de ir sozinha à Guilda. Normalmente, quando eu ia, sempre estava acompanhando Wendy, minha irmã, logo era mais por causa dela que eu ia.

O clima lá era... Desagradavel.

III

Então, chegou o dia. Ainda estava em meu quarto, devia logo no começo da tarde, após a primeira hora. Terminando de me arrumar.

Promessas de primaveraOnde histórias criam vida. Descubra agora