capítulo 46

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O camisa 24 sentia suas mãos tremendo tanto quanto sentia as feridas abertas em seu corpo

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O camisa 24 sentia suas mãos tremendo tanto quanto sentia as feridas abertas em seu corpo.

Ele esteve no Lago dos Amantes o dia todo e não saiu por um segundo sequer. Naquele dia, tinha chegado ao limite com seus pais, com sua vida e com tudo. Estava exausto e não conseguia pensar em nada. Só queria desaparecer por um longo tempo.

Ele se sentia estranhamente vazio, como se estivesse emocionalmente esgotado. E era exatamente aquilo. Sua mãe continuava uma merda e seu pai continuava sem enxergar tudo que continuava acontecendo.

Bruce a odiava tanto, mais tanto, que às vezes desejava que ela estivesse morta.

Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos. Ficou parado naquela posição até o momento que escutou passos e uma voz atrás dele, fazendo-o se virar e encarar a nova presença.

Amber.

Bruce pensou em esconder aquelas emoções e fingir que estava bem, pensou, no entanto, antes mesmo de tentar, lágrimas surgiram em seus olhos tão rápido que ele não tivera tempo de contê-las. Ele não conseguia mais fingir. Fingir que estava tudo bem e que estava acostumado com tudo aquilo. Mas a tempestade sempre voltava quando ele menos percebesse.

— Estou tão cansado, pompons — ele confessou, voltando seus olhos para frente, para água.

Ela se aproximou lentamente, sentando-se ao seu lado. Bruce não voltou a encará-la.

— Pode me contar se quiser — disse.

— Eu não quero… te envolver nisso.

Amber ficou em silêncio por um tempo antes de encostar a cabeça em seu ombro. Ele ficou surpreso no primeiro momento, mas não disse nada.

— Eu estou aqui se precisar de mim. — Um suspiro longo saiu de sua boca à medida que ela levava sua mão até a dele, entrelaçando seus dedos. — E sempre vou estar.

Bruce observou por um tempo suas mãos unidas e então a apertou firmemente. Ele usou a mão livre para enxugar as lágrimas insistentes que escorriam pelo seu rosto.

— Ela me machucou — ele desabafou. — Inúmeras vezes.

Era a primeira vez em anos que ele contava para alguém sobre isso.

Bruce pegou a outra mão dela e a levou em direção ao seu braço. Ele fez com que ela deslizasse os dedos pelas cicatrizes que se escondiam por trás das tatuagens.

— Começou quando eu era criança. — Ele agradeceu ao fato dela não encará-lo naquele momento. — Ela sempre teve um problema com o álcool e com os anos só foi ficando pior… Começou lentamente, uma queimada de cigarro e depois uma mutilação. Ela fazia aquilo todas as vezes e continuava fazendo mesmo depois de  acordar e pedir desculpas e dizer que mudaria. 

Por um momento, o camisa 24 se afastou, tratando de remover a própria camiseta. Amber permaneceu quieta, esperando e o encarando. Bruce deixou a camiseta de lado e indicou para que ela o tocasse. E foi exatamente isso que ela fez, o que o fez fechar os olhos e conter ainda mais lágrimas.

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