Saí de casa em silêncio absoluto, não queria que meu pai desconfiasse e só quando cheguei à rua é que saí correndo em disparada. Não sabia bem onde era a casa de Kevin, mas sabia que ele não estaria lá, estaria vadiando com seu skate naquela noite quente e clara de verão, se eu não estivesse com o skate dele, é claro, dobrei a esquina e lá estava ele aparentemente conversado com alguns garotos estranhos, exitei um pouco, mas fui até ele.
- Ei Kevin, preciso falar com você.
Todos me encaravam,mas não conseguia reconhecer nenhum rosto, fiquei sem graça e olhei para o chão.
- Já está atrás de outro Ema? - fixei bem os olhos e reconheci que era Jeff.
- Não lhe devo satisfações, você já não arranjou outra, antes mesmo de terminar comigo?- olhei ao redor e percebi que Kevin estava um pouco machucado e Jeff e seus amiguinhos estavam espancando- o.
- E mandou esse babaca se vingar por você?- Disse apontando para Kevin.
- Acredite ainda não me vinguei...- ele deu um soco na parede, pegou me queixo e sorriu sarcasticamente, depois sumiu na escuridão da noite. Kevin escurregou pela parede até se sentar no chão e gemeu alguma coisa.
- Você está bem? Aqui esqueceu o skate.- perguntei me agachando próximo a ele.
- Conseguiram me achar... Ah obrigado.
- São babacas - passei a mão nos cabelos macios dele. -sabe eu estava vindo aqui para te pedir pra me ajudar num plano não bolado.
- Plano de vingança- assenti- quando e onde?- Arregalei os olhos.
- Como assim, você acabou de apanhar, esquece não vai dar certo...-ele levandou meu rosto com uma das mãos e sorriu.
- Meu plano não deu certo, preciso de um bom, duas cabeças pensam melhor.
Ficamos pensando em algo até que juntamos idéias e decidimos que seria uma noite inesquecível para Jeff e Zoe.
- primeiro vamos na casa dela e colocamos uma armadilha de cola, ovo e pena, para ela ser galinha em aparência também.
- Depois vamos na casa dele, amarramos ele e escrevemos com caneta permanente "Eu sou uma cadela no cil" na testa dele ou nos braços- ele disse sorrindo e eu retribui o gesto.
- Tem que ser amanhã, para dar tempo de comprar e planejar tudo.
- Vamos de skate?
- Não sei andar de skate, melhor de carro ou moto sei lá.
- O que? Não sabe, não, vou ter que te ensinar. Agora tá tarde, mas amanhã depois da escola vem pra cá que eu te ensino.
- Ok - dei um beijo em sua bochecha e me despedi.
- Até amanhã Ema.
Cheguei na ponta dos pés, mas meu pai estava na sala, droga.
- Ema estou preocupado com você, primeiro aquele skate aqui, agora você sai de casa a noite o que está acontecendo?
- A pai não é nada com que se deva preocupar.
- Não queria ter que fazer isso até porque você já tem 16 anos, mas está de castigo pelo seu próprio bem, não sairá, muito menos escondido e ninguém virá aqui quando eu não estiver, Melissa ficará de olho em você quando eu não estiver, entendeu mocinha? Infelizmente não posso confiar em você.
Não sabia o que dizer então apenas sai correndo para o quarto e bati a porta com força, como eu ia me vingar de Zoe e Jeff, se meu pai não me deixava nem sair de casa e ainda pedia para a vizinha ficar de olho em mim. Naquela mesma noite meu pai teve um ataque cardíaco que o levou a morte e eu nunca me culpei tanto, eu nem pude dizer que sentia muito e que eu era uma imbecil, as vezes ou sempre as rebeldias da adolescência não fazem nada além de destruir sua vida e a vida das pessoas que o amam. Foi em quanto ele dormia, uma morte sem muito sofrimento e quando eu me levantei e vi que o carro ainda estava em casa achei estranho, fui ao seu quarto e ele aparentemente dormia tranquilamente, mas ele estava gelado, me apavorei e liguei para polícia, ambulância, hospital, e Megan, era quase impossível decifrar o que eu estava tentando dizer entre soluços e berros, mas quando Megan finalmente entendeu ela desmaiou, e eu só conseguia pensar em como eu era inútil, e que ele morrera por minha causa.
No dia do velório, meus olhos estavam tão fundos, era como um poço inesgotável e profundo, estava pálida, abraça a Megan, pessoas tentando demonstrar seus sentimentos, mas eu não estava escutando nada além de "você é a culpada", minha voz interior.
Eu tinha que falar algo para as pessoas, já que meu pai nada mais escutaria, me posicionei no púlpito da igreja e comecei:
-Pessoas boas se vão, pelo simples fato de serem boas e não terem que se misturar com as malícias mundanas, e as pessoas más tem que vivem um pouco mais para aprenderem a serem boas, aprenderem com os erros e seguirem o exemplo de alguém que agora vive apenas nas lembranças.
Acho que todos sempre dizem que seus pais são seus herois e seria clichê repetir isso, mas meu pai foi um exemplo de humildade, tolerância, cavalheirismo e dedicação, quando minha mãe se foi ele se tornou meu sustento, tentou me consolar na angústia e agora eu não tenho mais a quem recorrer, quem me abraçe quando eu cometer erros estúpidos, porque meu porto seguro se desmoronou junto com a minha vida.Votem e comentem por favorrre mios amores, preciso de incentivoooo bjs
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Amar, por quê?[completo]
RomanceCerta vez me perguntaram um porquê de amar, se é uma coisa tão irracional, na qual você coloca a pessoa que ama acima de sua própria vida e eu respondi tem que sentir o amor antes de julgar os amantes, não existe um porquê de amar, existem vários, é...