CAPÍTULO 22

24 3 2
                                    

Passei a noite em claro, pensando nas probabilidades, não tinha sido uma briga feia, só algo que o irritava muito, algo oculto, que eu não tinha paciência de ficar investigando e se ele não queria falar pra mim talvez não confiasse em mim, o que era muito imbecil da parte dele. Levantei da cama, pois sabia que conseguiria dormir, para assistir algum filme ou série, fiquei aproximadamente três horas apenas mudando de canal, até que o alarme disparou, decidi tomar um banho gelado para disfarçar a cara de zumbi, o que não adiantou muito, pois ainda tive que passar maquiagem nas olheiras, e eu nunca passo maquiagem!
Ouvi a campainha tocar e achei estranho pois apesar de ser conhecida por todos, não tinha amigos, era duro adimitir isso, mas era a realidade. Abriu a porta e dei de cara com Kevin, pensei seriamente em fechar a porta de novo para demonstrar o quanto estava brava, mas seria infantil demais então simplesmente o encarei com minha cara mais raivosa.
- oi?- não respondi- eu queria me desculpar por ontem é que tem certas coisas que eu não gosto de compartilhar com os outros...
- e eu sou só uma dos "outros" pra você? Não é porque não gosta do assunto que tem que discontar suas raivas nas pessoas e se me der licença estou atrasada para aula de sei lá o que.- empurrei ele para passar, mas ele me prensou na porta, senti uma vontade patética de beija-lo, o cheiro dele era tão irresistível e seu rosto tão próximo era lindo, o cabelo lisinho, mas um minuto e perderia todos os meus bons argumentos então simplesmente o empurrei com mais força.
- nos vemos na sala?
- não vou nessa aula...já estou de férias esqueceu?
- e em que aula você vai?
- não te interessa!
Tentei abrir a porta do carro, mas lembrei que tinha esquecido as chaves em casa, junto com a bolsa e pra completar a porta da casa estava aberta.
- acho que minha presença te deixou um pouco destraída...- ele sorriu de canto.
- acho que sua presença é impertinentemente insuportável, não pense que eu estou te dando ousadia, estou muito brava com você.
- quer que eu peça desculpas? Tudo bem, ME DESCULPE!
- não é isso Kevin, é só que você não confia em mim, não quer se abrir comigo, tem vergonha de parecer vulnerável? Porque eu não posso continuar com você desta forma... Você age estranho sempre e depois me culpa, eu não quero isso pra mim...- passei por ele para pegar as chaves e a mochila, tranquei a porta e ele continuava pensativo, encostado no batente, entrei no carro e dirigi sem olhar para trás, sem ressentimentos, o que tinha a ser dito, foi dito e estava mais aliviada com isso, mesmo que com por causa disso perdesse mais uma pessoa em minha vida.
Meu rumo era o recital da escola de música que eu frequentava, na verdade não frequentava, quase não ía, mas finalmente conseguia se ver num piano como sua mãe se via num violoncelo, quase nunca era o foco, mas sempre estava lá, e era assim que se sentia, não era importante pra ninguem, mas existia, estaria em algum canto, e as pessoas sabiam que ela existia, só não era importante.

Gente obrigada por lerem minha historia, espero que estejam gostando, se sim votem e comentem por favor, obrigada bjsss

Amar, por quê?[completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora