Saí correndo, não queria que me vissem chorando, que bobagem, eu estava chorando a tempos, eu só queria meu pai de volta, poder pedir desculpas, abraçar e ter aquele beijo na testa como boa noite. Corri para uma colina, percebi alguem correndo atrás de mim e parei para falar que queria ficar só, era Kevin, fiquei sem palavras, ele me abraçou forte e eu chorei em seu ombro
- Sabe, eu não quero ver ele sendo enterrado, não quero que ele seja espalhado num rio, eu quero ele- ele se afastou e olhou fixamente em meus olhos, aquele olhar estava dizendo palavras bonitas de consolo que sua boca jamais conseguiria traduzir, me senti reconfortada com ele. Me desvinculei de seus braços e andei vagarosamente até um banquinho mais adiante, ele me acompanhou em silencio, nos sentamos e ficamos observando a cidade lá em baixo, tão pequena e frágil , uma ilha tão linda de longe, mas vazia, fria e acinzentada de perto.
- acho que não nos veremos mais né?- ele falou triste.
- por quê?
- Vai se mudar com sua irmã, ouvi ela discutindo com sua tia Delle.
- Tia Delle, ela quer que eu fique? Está interessada no dinheiro da herança, nunca se preocupou comigo, mas não quero me mudar, foi aqui que eu passei minha vida inteira, com meu pai, se eu me mudar vou perder eles até da lembrança.
- HM, espero que eles te compreenda, nunca me compreenderam.
- quem?
- não importa, nada de mais, um passado sem futuro.
- OK, me conte agora.
- deixa para um outro momento você já está com muita coisa na cabeça - Deitei em seu peito e pude ouvir as batidas do seu coração fortes e constantes, como ele tantava ser, algo me dizia que por dentro de um garoto radical, que só queria curtir a vida e atrapalhar a dos outros, existia um ingênuo garoto cheio de segredos obscuros de um passado terrível, um bom garoto.
****************
Kevin me levou para casa, eu queria ficar sozinha e ele respeitou meu desejo. Me joguei no sofá e não saí de lá enquando a dor não saiu de mim (3 meses) então como a bela adormecida eu acordei, bem não exatamente como a bela adormecida a casa estava uma bagunça, meu cabelo não entrava pente tão cedo e um fedor terrível na casa toda, a secretária do telefone avisou 237 ligações não atendidas, metade da minha irmã e a outra metade eu não fazia ideia quem era, provavelmente só quisessem dizer meus pensamos, alimentaria minha dor, foi bom me desligar do mundo durante aquele tempo, mas eu tinha que viver, já que não tinha sido agraciada e ido junto com meu pai e minha mãe. Eu tinha me recuperado do "coma".
Arrumei toda a casa, no final do dia eu estava bambeando, não sei se era pelo fato de ter arrumado-a ou se pelos últimos 3 meses eu só tinha comido pizza e hambúrguer, eu precisava de comida de verdade, fiz um risoto, olhando na internet, já que na maioria das vezes quem cozinhava era meu pai, não fazia muita ideia de como cozinhar, mas pelos menos tentava. Retornei as ligações apenas de Megan:
- oi Megan!
- oi Ema... Você melhorou?
- bem talvez eu nunca fique como antes, mas a depressão passou um pouco.
- Aa Ema, eu queria muito ter ficado com você, uma cuidar da outra, mas eu tinha que voltar pra minha vida...infelizmente não aceitaram meu período de luto, eu estava como uma janela estilhaçada trabalhando e estudando- sua voz estava embargada e eu senti uma imensa vontade de abraça-la e chorar junto com ela, minha única familia agora...
- entendo Megan.
- sabe, eu estava pensando em você se mudar para Miami comigo e com Albert... (namorado de Megan)
- sinceramente Megan, eu não quero me mudar daqui, essa casa me faz lembrar da familia reunida...
- isso não te dá depressão?
- se lembrar de momentos bons acaba em depressão, eu quero muito ser depressiva.- falei com muita sinceridade.
- eu sou responsável por você Ema.
- eu já tenho 16, sei me virar...
- tia Delle terá que cuidar de você, ela disse que cuidaria como se fosse filha dela, preciso que alguém esteja com você , nem que seja por pouco tempo, não precisa morar com ela, só ter que atura- la por uma hora ou duas, se não o conselho tutelar me tira tudo o que restou a mim de família...- não tinha como protestar ela tinha razão.
- tudo bem, mas apenas uma hora, nada mais.
- está bem, eu aviso ela, agora tenho que voltar ao trabalho, te ligo depois, OK!?
- OK, te amo irmã.
- também maninha.- assim nos despedimos, ainda bem que não seria para sempre, assim eu esperava, não queria mais despedidas "eternas", nunca mais...
Gente fiquei com muita dó da Ema, coitada né, comente o que vcs acham sobre a vida dela agora please, bjs!
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Amar, por quê?[completo]
RomantizmCerta vez me perguntaram um porquê de amar, se é uma coisa tão irracional, na qual você coloca a pessoa que ama acima de sua própria vida e eu respondi tem que sentir o amor antes de julgar os amantes, não existe um porquê de amar, existem vários, é...