Confrontada com o dilema entre a redenção e a perdição, Claire mergulha em um mundo de luxúria, paixão e segredos sombrios, onde cada escolha pode selar seu destino para sempre...
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[...]
Estava frio, um frio de primavera. As flores estavam voltando a florescer. Os pássaros saindo de seus ninhos e voltando cantar.
Eu caminhava em direção a cafeteria, em casa não havia muitas variações e eu também não tinha dinheiro pra fazer as compras do mês ainda. Por mais que eu já estivesse a 1 mês na boate, ainda não havia conseguido transar com nenhum dos caras e eles não pagariam caro apenas para ver uma garota dançar.
Não é por falta de clientes - porque tem muito - mas sim porque eu não consigo, algo me impede de continuar e eu não sei dizer o que.
Eu posso sentir muita atração pelo homem e ficar com tesão em olha-lo, mas quando eu chego na cama essa vontade imensa some. Não sei dizer porque isso acontece, mais simplesmente acontece.
Chego a cafeteria e abro a porta fazendo o sono que a em cima tocar e rapidamente uma senhora sair da cozinha vindo em minha direção com um sorriso amigável.
— Boa tarde Claire, bem vinda a Sun Coffee novamente — ela ri — Venha, sente-se! Há uma mesa vazia — a mesma me acompanha até uma mesa perto da cozinha.
Consigo sentir o cheiro maravilhoso de pão assando e bolo, o que me faz ficar com água na boca.
— Obrigada — me sento e sorrio gentilmente para a senhora a minha frente que agora estava com um bloco de notas e uma caneta em suas mãos, esperando-me fazer o pedido — Oh sim, eu quero um pedaço de bolo de limão e um chá gelado, por favor. — a mulher a minha frente anota em um dos papéis e concorda sorrindo.
A mesma se retira mas antes me diz que meu pedido chegaria em alguns minutos, sorrio novamente e pego minha bolso logo retirando meu celular de dentro da mesma.
Ligo o aparelho e o desbloqueio vendo que agora havia 2 mensagens não lidas de Madelyn avisando que hoje eu também trabalharia, mesmo sendo halloween.
Eu realmente não ligo, nunca pude sair pra pedir doces ou me fantasiar igual uma criança normal faria no halloween já que meus pais eram religiosos e acreditavam que essa feriado era do demônio.
Apenas respondo a mensagem com um "Ok, até mais tarde" e continuo a mexer em minhas redes sociais até ouvir o sino tocar novamente. Não é muito normal isso acontecer já que eu sempre era a única cliente neste horário.
A curiosidade bateu mais forte então eu levo meu olhar ate a porta vendo um homem passar pela mesma. Algo nele me chamava a atenção só não sei distinguir o que.
Ele era super alto, tinha ombros largos e sua pele era extremamente clara, porém não conseguia ver suas veias o que era estranho. Seus cabelos eram escuros como uma noite sem estrelas, e seus olhos igualmente.
Paro de o olhar assim que vejo que ele começou a me olhar de volta o que me fez corar imediatamente. Volto-me a olhar para o celular em minhas mãos, mas o homem continuava a me encarar. Podia sentir seu olhar queimar minha pele.
Sinto-o se aproximar, minha respiração ficou extremamente ofegante e meu corpo se aqueceu. O homem apenas passou reto por mim o que me fez relaxar um pouco. O mesmo que agora estava de frente para o balcão pergunta algo para a mulher, mas não consigo ouvir já que meus ouvidos estavam zumbindo de uma forma estranha. Por que meu corpo reagiu assim a presença dele?
Logo vejo o voltar a porta e sair pela mesma, mas antes vira seu rosto novamente em minha direção fazendo com que seus olhos encontrassem o meu. Seus olhos eram tão escuros que eu nem conseguia diferenciar onde terminava seu íris e começava sua pupila.
O homem desvia o olhar e vai embora, sem mais nem menos. Continuo a encarar a porta até que a mulher apareceu a minha frente com um copo de chá e um prato com o bolo, agradeço e a mesma volta a cozinha.
{...}
Vou em direção ao camarim notando que o clube está mais cheio que o normal. Fico um pouco confusa ao entrar no quarto e ver que as meninas usavam máscaras e fantasias diferentes.
— Boa noite gata — Lizy vem até mim com uma fantasia de freira. A mesma usava uma lingerie preta com detalhes vermelhos que representavam sangue e uma corneta preta em sua cabeça. — Eai, como eu estou? — a garota pergunta dando uma voltinha.
— Incrível, mas por que estão todas de fantasia? — pergunto soltando uma pequena risada
A mesma me olha incrédula com a boca semi-aberta.
— Como assim por que? Hoje é halloween Claire, dia de todos usarmos fantasias - diz como se fosse óbvio — inclusive... — ela vai até meu armário e pega uma sacola — Aqui está a sua — me entrega a sacola.
Abro a mesma e enfio minha mão dentro puxando uma lingerie branca, uma meia calça, uma orelha de coelho e um pom pom, provavelmente pra simbolizar o rabo. Olho para a garota que agora está com um sorriso enorme em seus lábios.
— Anda, vai se vestir! Faltam apenas 15 minutos para entrarmos no salão — diz me empurrando para dentro do vestiário — Não demore, você ainda tem que secar o cabelo.
Entro no vestiário, e coloco a sacola em cima do banco que há ali. Retiro minha roupa e pego a sacola novamente, coloco a meia calça, a lingerie e grudo o pom pom na mesma. Deixo para colocar as orelhas depois que secar o cabelo.
Guardo minhas roupas dentro do armário e volto ao camarim, vendo Lizy me esperar do lado de fora. Assim que a mesma me vê ela fica boquiaberta e começa a se abanar com sua próprias mãos. Solto uma gargalhada ao ver sua reação e continuo a andar até a mesma.
— Pare, está me deixando constrangida — coloco a mão a frente de meu corpo e a mesma ri
— Besta, vá logo secar o seu cabelo — diz ainda rindo — Já foi para meu palco, até mais tarde gatinha — beija minha bochecha e sai do camarim.
Vou até a penteadeira pego o secador e a escova e seco meu cabelo que havia molhado com o ar úmido do lado de fora.
Após terminar coloco as orelhas de coelho e saio do camarim indo ao meu palco ouvindo o dj me "anunciar" no microfone. Alguns dos homens vêm em minha direção e sentam nos sofás a minha frente.
Começo com a mesma dança de sempre, calma sem subir na barra. Continuo aumentando a intensidade da dança e me seguro na barra, começo giro na mesma e continuo até sentir minha pele queimar novamente, mas não com os olhares dos homens a minha frente e sim do homem que eu havia visto hoje de manhã.
Levo minha visão até o bar, não o encontro. Até a pista, e ainda assim não o encontro. Passo meu olhar pelo salão até que o encontro, sentado em um canto escuro me encarando, sinto um arrepio percorrer meu corpo. Volto a dançar mas sem retirar meus olhos dos seus, é como se todos houvesse sumido e só restou eu e ele.
O vejo levantar o olhar e ir em direção a Madelyn que estava no bar pegando um copo de bebida, o mesmo diz algo em seu ouvido e logo os dois estão a me olhar, ele com o rosto sem expressão como sempre e Madelyn com um sorriso em seus lábios. Eu já sabia o que ele queria, e com certeza eu queria o mesmo que ele...
