Confrontada com o dilema entre a redenção e a perdição, Claire mergulha em um mundo de luxúria, paixão e segredos sombrios, onde cada escolha pode selar seu destino para sempre...
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A noite caía sobre a cidade como um manto negro, envolvendo tudo em seu abraço gélido. Eu encarava a mata escura da janela do meu refúgio sombrio. Era hora de agir. Havia passado um ano desde que me afastei do mundo, mas agora, movido pelo desejo e pela necessidade, eu me preparava para sair em busca da única mulher capaz de me despertar para a luz.
Com passos silenciosos, desci as escadas da mansão que eu chamava de lar. Meu coração batia com uma intensidade que eu mal conseguia controlar, uma mistura de ansiedade e determinação. Havia muito em jogo, e eu não podia falhar.
Lá fora, o ar noturno tinha um sabor diferente, carregado com a promessa de perigo e paixão. Eu sabia onde encontrá-la. Aquela floresta, para alguém que não a conhecia é extremamente assustadora, para mim, é um santuário, o lugar onde encontro paz.
Andei por aquela extremidade escura e silenciosa por alguns minutos até finalmente avistar uma aura manchada, uma mistura de raiva, vergonha e medo. Me aproximei o suficiente para ver sua figura solitária banhada pela luz fraca da Lua. Seus olhos faiscavam com desconfiança quando me aproximei, mas ignorei sua hostilidade, focado apenas em minha missão.
— O que você quer, cara? — ela cuspiu as palavras, sua voz carregada de desdém.
— Me acompanhe, vou te levar para casa — respondi, minha voz grave ressoando no ar.
Ela me lançou um olhar incrédulo, como se não pudesse acreditar no que estava ouvindo.
— Você e seu amiguinho têm algum tipo de problema, não é? — respondeu com um certo tom de deboche.
Eu permaneci em silêncio por um momento, analisando suas palavras e seu tom. Ela estava tentando me desarmar com sua atitude desdenhosa, mas eu não podia me deixar abater.
— Escuta aqui, não tô aqui pra discutir. Aceita minha ajuda e vem comigo — respondi com firmeza.
Ela me observou por um longo momento, sua descrença era palpável.
— E se eu não quiser? — desafiou, cruzando os braços.
— Você é quem sabe — retruquei, dando de ombros. — Não vai sair dessa floresta nem tão cedo mesmo.
Ela bufou, mas deu um passo à frente, ainda me desafiando com o olhar.
— Você é sempre assim, mandão? — provocou, as mãos nos quadris.
— Só quando preciso lidar com gente teimosa como você — retruquei, sem me deixar abalar.
Ela riu, um som seco e sem humor, e deu mais um passo à frente, ficando perigosamente perto de mim.
— E o que te faz pensar que vou simplesmente te obedecer? — perguntou, seus olhos queimando com desafio.
— Porque eu sei do que você precisa, mesmo que você não admita — respondi, minha voz baixa e carregada de certeza.
Ela levantou uma sobrancelha, claramente não convencida.
— Ah, é? E o que eu preciso, então?
— De alguém que não vai tolerar suas bobagens e vai te colocar nos eixos — disse, aproximando-me ainda mais, até quase podermos sentir a respiração um do outro.
Ela não recuou, mas também não cedeu.
— Boa sorte com isso — respondeu, sua voz gotejando sarcasmo.
Eu não tinha paciência para prolongar a discussão. Sem dizer mais nada, virei as costas e comecei a andar de volta pela trilha da floresta, deixando-a sozinha sob a luz fraca da lua. Eu sabia que ela acabaria me seguindo, mesmo que fosse por pura teimosia.
Os passos dela eram leves, mas eu podia ouvi-los logo atrás de mim. Cada vez que eu olhava por cima do ombro, ela estava lá, mantendo uma distância segura, mas sem se afastar demais.
— Eu não preciso de você, sabe? — ela disse, sua voz carregada de desafio, mas agora com uma nota de incerteza.
Eu não respondi. Continuei andando, o silêncio da floresta apenas quebrado pelos nossos passos e pelo farfalhar das folhas ao vento.
— Por que você está fazendo isso? — ela insistiu, sua voz mais suave desta vez.
— Porque alguém precisa — respondi, sem olhar para trás.
Ela não disse mais nada, mas eu podia sentir sua resistência diminuindo. Depois de alguns minutos, chegamos à clareira onde minha moto estava estacionada. Parei ao lado dela, virando-me para encará-la.
— Sobe — disse, indicando o assento de trás.
Ela hesitou, mas finalmente cedeu, subindo na moto com um suspiro resignado. Eu montei na frente, liguei o motor e partimos em direção à cidade. O vento frio da noite batia em nossos rostos, e eu podia sentir a tensão dela diminuir gradualmente, mesmo que não quisesse admitir.
— Para onde estamos indo? — ela perguntou, finalmente quebrando o silêncio.
— Para sua casa. — respondi, mesmo de costa pra Claire, sabia que neste momento ela havia feito uma careta.
— Por que caralhos você sobe onde eu moro?
Eu sorri, mesmo sabendo que ela não podia ver.
— Eu sei mais sobre você, do que você mesma - respondi friamente sem dar mais detalhes.
Ela bufou, mas permaneceu em silêncio, claramente incomodada com minha resposta enigmática. À medida que nos aproximávamos do centro da cidade, as luzes brilhantes e o movimento das ruas contrastavam com a escuridão da floresta. A tensão entre nós diminuiu um pouco, mas eu sabia que ainda havia uma barreira de desconfiança a ser quebrada.
Finalmente, chegamos ao bairro onde Claire morava, um conjunto de prédios simples e antigos. Estacionei a moto em frente ao edifício dela e desliguei o motor. Claire desceu com um movimento ágil e se virou para me encarar, os braços cruzados.
— Então, o que você sabe sobre mim que eu mesma não sei? — ela perguntou, desafiadora. Eu desci da moto e tirei o capacete, caminhando lentamente em direção a ela. Seus olhos acompanhavam cada um dos meus movimentos, atentos.
— Sei que você se esconde atrás dessa fachada de dureza para evitar que as pessoas se aproximem — comecei, mantendo meu olhar firme no dela. — Sei que você tem medo de se machucar novamente, por isso prefere afastar todo mundo. Mas também sei que, no fundo, você deseja desesperadamente encontrar alguém em quem possa confiar.
Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior. Minha análise a atingira em cheio, e eu podia ver a luta interna em seus olhos.
— Espero não te ver nunca mais, Ethan. — disse e se virou entrando no prédio.
— Sinto muito diabinha. — sorrio, falando sozinho —Sou um demônio, não um gênio da lâmpada.
Fiquei ali, observando-a até que ela desaparecesse pela porta, antes de ligar a moto novamente e partir de volta para a floresta.