Chapter Seventeen; Obsession

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A chuva batia forte contra a janela, mas nada lá fora conseguia distrair meus pensamentos

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A chuva batia forte contra a janela, mas nada lá fora conseguia distrair meus pensamentos. Claire. Sempre Claire. Ela invadia minha mente como um veneno doce, corroendo minha sanidade, mas alimentando um desejo que eu não sabia mais controlar. Era uma necessidade primitiva, visceral. Como uma fome que eu só saciava ao sentir seu perfume no ar, ao ouvir a suavidade de sua voz ecoando nas minhas lembranças.

Eu podia vê-la, mesmo quando não estava lá. Nos momentos mais banais do meu dia, ela se infiltrava na minha visão, nos meus pensamentos. Seu sorriso, aquela forma inocente que escondia algo mais... profundo. Algo que eu queria explorar, desenterrar. Não era só desejo, era uma posse, uma loucura silenciosa que se arrastava em mim a cada segundo.

Eu morreria por ela. Mataria por ela. E não hesitaria nem por um instante.

Havia algo em Claire que fazia o mundo desaparecer. Quando a via, nada mais importava. Nem a moral, nem a razão. Ela era meu único ponto fixo, meu único norte. Eu sabia que ela ainda não entendia o quanto eu estava disposto a ir longe, o quanto faria para tê-la completamente. Para fazer dela apenas minha.

Às vezes me pergunto se ela percebe. Se, nos momentos em que nossos olhos se cruzam, ela sente a intensidade do meu olhar, do meu desejo. Eu vejo o pavor misturado à curiosidade, como uma presa hipnotizada pelo predador. Ela tenta escapar, tenta negar o que está crescendo entre nós, mas é inútil. Está além dela. Além de mim. Não existe mais um caminho de volta.

Certa vez, a vi com outro. Um simples toque de suas mãos me fez arder por dentro. A raiva me consumiu de uma forma que eu não esperava. Não era ciúmes comum, era uma fúria que só o pensamento de perdê-la poderia provocar. Ele não a merecia. Ninguém a merecia. Só eu.

Essa obsessão que me consome, me devora, também me dá vida. Eu sou seu guardião. Eu sou seu demônio. O homem que faria qualquer coisa para vê-la segura, para vê-la feliz. E, se isso significar apagar aqueles que se interpõem entre nós, que seja.

Ela será minha. Não importa o preço.

E, quando ela finalmente entender, verá que sempre foi inevitável.

Mas Claire ainda estava distante, intocável, como uma estrela que brilhasse sozinha em um céu escuro. Ela tinha uma força que poucos notavam, algo que a mantinha acima de qualquer vulnerabilidade que eu pudesse explorar. E isso me deixava inquieto. Eu não era apenas um observador, eu era parte dessa trama, uma parte que ela ainda não conseguia enxergar, mas que em breve seria impossível ignorar.

Naquela noite, a tempestade lá fora parecia espelhar o caos que se agitava dentro de mim. Eu sabia que ela estava em casa, sozinha. Como sempre, segui seus passos de longe, garantindo que nada nem ninguém se aproximasse demais. Havia algo de errado no ar, algo que me incomodava mais do que o habitual. Talvez fosse a forma como ela havia olhado para aquele homem mais cedo, o mesmo cujo toque eu quase senti queimando minha pele. O instinto me dizia que não poderia permitir que aquela conexão crescesse. Era perigoso.

Decidi que precisava agir, antes que fosse tarde demais.

Peguei meu casaco e saí em meio à chuva, com o som dos trovões abafando os meus passos. Cada gota que caía sobre mim parecia alimentar o que crescia dentro do meu peito, tornando impossível qualquer pensamento de retorno. Claire precisava de mim, mesmo que ela ainda não soubesse disso.

Quando cheguei ao seu prédio, fiquei na sombra do outro lado da rua, observando sua janela. A luz estava acesa, e eu podia vê-la passando de um lado para o outro, inquieta, como se sentisse que algo estava prestes a acontecer. Eu sabia que esse momento chegaria. Ela também estava presa em um ciclo, cercada pelo mistério da morte de sua mãe, e eu era o único que podia oferecer respostas. Ou pelo menos... um caminho.

Era chegada a hora. O destino de Claire estava entrelaçado ao meu de uma forma que ela não poderia escapar.

A campainha de seu apartamento tocaria em breve, e eu estaria do outro lado.

Enquanto observava pela janela, algo diferente chamou minha atenção. Uma sombra se movia além da figura de Claire. Meu coração acelerou. Outro homem estava lá. Ele se movia com confiança, como se aquele espaço fosse familiar. O sangue gelou em minhas veias, seguido por um calor sufocante.

Por um momento, tudo parou. As batidas da chuva desapareceram, os trovões se calaram, e o mundo ficou em silêncio. A única coisa que eu conseguia ouvir era o martelar incessante da minha própria respiração, pesada, descompassada. Quem ele pensava que era para invadir o espaço dela? Para estar tão perto dela? Aquela presença ali, tão íntima, era uma afronta. Um desafio direto à minha própria existência.

Vi quando ele tocou o braço dela, um gesto aparentemente inocente, mas que me incendiou por dentro. Claire não recuou. Ela não o afastou. Em vez disso, sorriu, aquele mesmo sorriso que, até então, eu acreditava ser só meu. Ela parecia confortável, à vontade. Como se aquele intruso pudesse preencher um vazio que eu sabia que só eu era capaz de preencher. Minha visão ficou turva por um momento, meus punhos se fecharam com tanta força que senti as unhas cravarem na palma da mão.

Ele tinha que ir embora. Ele não podia ficar ali. Não com ela. Não dessa forma. Ele não deveria estar vivo, e eu faria esse favor ao mundo.

Minhas mãos tremiam enquanto meu olhar buscava qualquer coisa ao redor que pudesse ser usada como uma arma. Um pedaço de metal abandonado, uma pedra pesada da calçada. Não importava. Algo dentro de mim se libertou, uma força primal que eu não conseguia mais conter. Ela era minha. Ela sempre foi minha. E ninguém, muito menos aquele homem, tiraria isso de mim.

Eu estava a segundos de atravessar a rua, de acabar com aquilo de uma vez por todas. Mas então, algo na expressão de Claire mudou. Ela parecia hesitante, como se tivesse sentido algo errado. Ela se afastou um pouco, olhando pela janela.

Ela me viu?

Eu congelei. Seus olhos se estreitaram, o sorriso desapareceu, e ela fixou o olhar na escuridão lá fora. Meu corpo todo tremeu. Não era medo. Era excitação, um fogo interno que crescia com a certeza de que, no fundo, ela sabia. Claire sempre soube. Ela sentia que eu estava lá, sentia a conexão. O outro homem não importava. Nunca importaria.

Mas, naquele momento, percebi que não era a hora de tocar a campainha. Não ainda. O jogo tinha acabado de começar, e eu queria que ela o jogasse comigo, passo a passo, até entender o inevitável.

Eu me afastei, fundindo-me com as sombras, mas não por muito tempo. Logo, ela estaria sozinha novamente. E então, eu faria minha presença conhecida.

Era só uma questão de tempo.





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