Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas cortinas entreabertas, pintando o quarto com um tom dourado suave. O cheiro de café fresco invadia meus sentidos quando finalmente abri os olhos lentamente, sentindo o peso do sono ainda envolver-me.
Por um momento, não reconheci o lugar onde estava. A cama era grande e macia, com lençóis de seda negra que se enrolavam ao meu redor como tentáculos, envolvendo-me em sua sedução.
Memórias da noite anterior começaram a retornar, como fragmentos de um sonho perturbador. Eu estava aqui, no quarto deles. Na cama deles. Com Christian. Um homem cujo mal sabia quem era. Mas seu toque, sua voz rouca sussurrando promessas de prazer, ainda ecoavam em minha mente.
Levantei-me devagar, sentindo o frio do chão de mármore sob meus pés descalços. A luxúria da noite anterior agora parecia distante, substituída por uma sensação de vazio e desconforto. Olhei ao redor do quarto, procurando por vestígios de Ethan, mas estava vazio. Como se ele nunca estivesse ali.
Uma mistura de alívio e decepção atravessou meu peito. Eu sabia que não deveria esperar nada além de uma noite de prazer fugaz, mas uma parte de mim ainda ansiava por algo mais. Por conexão. Por intimidade. Porém, naquele mundo sombrio em que vivíamos, tais desejos eram luxos perigosos.
Vesti-me rapidamente, sentindo-me exposta e vulnerável naquele espaço estranho. Cada peça de roupa era como uma armadura contra o desconhecido que me aguardava lá fora. Antes de sair, olhei uma última vez para a cama desarrumada, onde os vestígios do que aconteceu entre nós ainda pairavam no ar.
Eu sabia que não deveria me apegar a nada disso. Que o prazer passageiro era tudo o que eu poderia permitir-me naquele mundo de sombras e segredos. Mas, mesmo assim, algo dentro de mim se recusava a aceitar essa verdade.
Com um suspiro resignado, saí do quarto, deixando para trás mais uma noite de luxúria e mistério.
O corredor estava silencioso quando finalmente decidi enfrentar o desconhecido. Eu precisava ir embora, voltar para minha vida antes que fosse tarde demais. O cheiro de café me guiou até a cozinha, onde ele estava, parado diante da cafeteira, os músculos tensos sob a camisa branca.
— Você está de saída querida? — Sua voz era calma, mas havia algo obscuro em seu tom, algo que me fez hesitar.
— Sim — murmurei, sentindo-me pequena e vulnerável diante dele. — Eu preciso ir embora.
Ele se virou lentamente, seus olhos encontrando os meus, tão intensos que eu me senti nua sob seu escrutínio.
— Você não precisa ir embora tão cedo. Fique mais um pouco, tome café conosco.
Eu queria recusar, queria fugir daquele lugar e nunca mais olhar para trás, mas algo dentro de mim me impedia de sair.
— Eu não posso — murmurei, minha voz vacilando.
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Demon in the Forest
RomanceConfrontada com o dilema entre a redenção e a perdição, Claire mergulha em um mundo de luxúria, paixão e segredos sombrios, onde cada escolha pode selar seu destino para sempre...