𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝗧𝘄𝗼; Fateful day

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[...]

Não era muito tarde, mas passava das dez da noite. Eu não tinha para onde ir e nem o que comer. Havia acabado de ser despejada da minha casa por falta de dinheiro para o aluguel. Estava andando pela rua com duas malas e uma mochila cheias de roupas, mas nada que eu pudesse vender para pagar pelo menos por uma diária em um hotel.

A noite estava mais escura que o normal, o clima não estava nada agradável. Conseguia sentir meu dentes se baterem de tanto frio. Passei por um beco que por mais incrível que pareça estava limpo, sem lixo algum por lá. Entro no beco e sigo até o final onde só havia uma porta e uma lata de lixo.

— O jeito é ficar por aqui esta noite — abro minha mala e pego os únicos dois cobertores um forro no chão, e o outro uso para me cobrir, apoio minha mochila em minha cabeça e fico alí, sozinha, com fome e com frio.

Estou tão fudida psicologicamente que isso mal me afeta, desde que eu não congele de frio não ligo onde dormirei e nem o que eu iria enfrentar esta noite.

Escondo minhas malas atrás da lata de lixo, na esperança de que ninguém as roube enquanto durmo. Me encolho e me cubro até os pescoço na esperança de me aquecer com meu próprio calor já que o cobertor não era tão grosso.

Fecho meus olhos e me esforço para dormir, tentativa falha. Continuo com os olhos fechados, mas logo sou surpreendida pelas lembranças de minha mãe e daquele dia horrível. Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, fico alí por mais ou menos 5 minutos até que pego no sono.

— Ei garota, acorde — sinto-me sendo sacudida, mas apenas ignoro na expectativa de seja lá quem for fosse embora — ACORDE! — a pessoa que antes me sacudia grita me fazendo despertar no susto.

Abro meus olhos com um pouco de dificuldade por receber uma claridade extrema atingindo-os. Coloco minha mão a frente do meu rosto tentando impedir a luz que faziam meus olhos arderem.

— Você não pode ficar aqui, está espantando meus clientes — a voz à minha frente diz me fazendo olhar em direção ao seu rosto. Uma mulher completamente maquiada e cheia de bijuterias me encarava com uma expressão séria.

— Clientes? Do que você está falando? — pergunto confusa vendo a mulher a passar a mão pelos cabelos logo em seguida.

— Não sei se percebeu mas aqui é um estabelecimento — a mesma aponta para a porta que diferentemente de quando eu cheguei estava aberta, de onde saiam luzes coloridas e uma música extremamente alta. — Repito, você não pode ficar aqui, está espantando meus clientes — a velha a minha frente estala os dedos e meu rosto me fazendo voltar a atenção a ela.

Não entendo, por que não escutei a música quando cheguei? Eu entendo que a parede prende o som por trás dela, mas de tão alta que está ela provavelmente faria pelo menos eco do lado de fora. E que estabelecimento é esse? Uma boate? Um bar?

— Você está drogada? Bêbada? Ou é apenas surda? SAIA DA MINHA PORTA — a mulher a minha frente diz me fazendo sair dos meus pensamentos

— Não eu não estou drogada, nem sou surda. Só não entendo o por que de eu ter que sair daqui, o beco é seu por um acaso? — digo olhando a mulher que logo muda sua expressão para deboche.

— O beco talvez não, mas a frente da porta é, então por favor saia. — a mulher diz se levantando e apontando para fora do beco.

— Não posso — murmuro fazendo a mulher voltar a me encarar — Não tenho para onde ir.

Olho para a mulher e a mesma me olha com preocupação. Não é muito legal falar isso para uma pessoa que acabei de conhecer, mas, eu realmente não tenho nada a perder agora.

— Como assim? me conte isso direito. — a mulher agora suaviza a voz

Não quero me vitimizar e nem que ela sinta pena de mim. Porém eu realmente não tenho para onde ir. Fico em silêncio olhando para meus pés que agora estavam descobertos.

— Tudo bem, não precisa me contar se não quiser — a mulher anda em direção a porta — Venha, entre, ajude ela - ela diz para o rapaz que segurava a porta antes de passar pela mesma.

O homem que aparentava ter uns 35 anos vêm em minha direção e estende a mão para que me ajude a levantar. Seguro em sua mão e dou impulso sentindo minha visão escurecer mas logo voltar ao normal, isso me faz lembra que só tomei café hoje. O homem pega minhas malas e os lençóis no chão deixando apenas a mochila no chão que eu logo pego e coloco nas costas.

— Você tem sorte — o homem fala —  Parece ter amolecido o coração de Madelyn — ele solta um sorriso amigável — Entre.

Hesito um pouco mas logo faço o que o homem diz e entro no salão e sim eu estava certa, era uma boate.

Havia vários mini palcos com barras de ferro onde haviam mulheres em cima, sofares ao redor das plataformas com vários homens sentados observando as mulheres dançarem. Um outro palco onde havia uma mulher cantando e um bar repleto de bebidas e cigarros em prateleiras.

— Impressionante não? — o homem que agora está ao meu lado diz olhando em volta. Realmente, aqui era lindo. Cheio de luzes piscantes espalhadas por vários lugares do ambiente. — Me siga — o mais velho anda em um corredor com várias portas até a última que estava aberta.

Uma sala cheia de fotos e uma mesa no centro com computador em cima, onde estava a mulher que eu falei agora a pouco sentada na mesa com um cigarro entre os dedos.

— Sente-se — aponta para uma das cadeiras que haviam ali, sento-me — obrigada Hugo, pode ir — o homem que agora eu sabia o nome deixa minhas malas num canto da sala e sai da mesma fechando a porta.

A senhora a minha frente pega um copo e uma garrafa de cachaça, o enche até a metade e me oferece. Não sou muito de beber ainda mais vodka pura, porém eu realmente preciso esquecer tudo o que aconteceu hoje. Me levantei indo até ela pegando o copo de sua mão e virando com tudo. Fiz uma careta sentindo o álcool descer queimando minha garganta.

— Calma menina, você não pode sair bebendo tudo o que te oferecem como se fosse água. — ri pela careta que eu havia acabado de fazer.

— Eu ligaria para isso se tivesse me importando — solto uma risada nasal – Posso parecer meio abusada mas... — direciono meu olhar para a mulher que agora me olhava curiosa – Você não precisa de alguém para trabalhar aqui ? Eu faço de tudo, se quiser até lavo o chão – digo quase implorando a mulher que apenas suspira.

— Olha filha, eu até preciso de garotas! Mas não para varrer ou lavar, e sim para satisfazer os meus clientes — pega o copo novamente e enche com vodka — Isso não parece coisa que você faria — bebe assim como eu fiz.

Fico em silêncio. Eu realmente iria me prostituir? Essa seria a minha vida agora, me prostituir para ganhar dinheiro? Mas também que opção eu tenho, eu morreria de fome de qualquer maneira. Isso apenas me faria ter uma vida melhor do que a rua.

— Eu não ligaria de fazer isso, desde que eu consigo me sustentar — digo vendo a mulher me olhar séria

— Você tem certeza querida? Depois que se entra nessa vida é quase impossível sair — Me encara. Sinto como se ela pudesse ver todos os meus pecados e pensamentos. Cruzes!

— Sim, eu tenho certeza — digo decidida

A mulher continua a me encarar, mas agora com um sorriso ladino em seus lábios.

— Tudo bem, está contratada! — abre um sorriso, me dando visão de seus dentes amarelados — Você pode ficar no quarto do fundos até que consiga um lugar para morar.

[...]

Depois disso ela me ensinou tudo o que eu sei hoje.





Demon in the ForestOnde histórias criam vida. Descubra agora