Confrontada com o dilema entre a redenção e a perdição, Claire mergulha em um mundo de luxúria, paixão e segredos sombrios, onde cada escolha pode selar seu destino para sempre...
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O vento frio invadiu meu apartamento quando abri uma pequena fresta da janela, tentando afastar a sensação sufocante que parecia comprimir cada parede ao meu redor. O bilhete ainda estava na minha mão, as palavras gravadas em minha mente: "Se afaste do Hugo, Claire."
Meu coração ainda martelava, cada batida ecoando como um alerta. Quem sabia sobre minha relação com ele? Como essa pessoa conseguiu se aproximar tanto, a ponto de saber detalhes tão íntimos da minha vida? E, principalmente, por que agora, justamente quando minha investigação estava prestes a ganhar um novo rumo?
Tentei me acalmar, mas o peso das palavras era esmagador. Olhei para o relógio na parede. Passava da meia-noite, e o mundo lá fora parecia ter sido engolido pelo silêncio, quebrado apenas pelo som distante de um carro passando e o estalo dos galhos sendo açoitados pelo vento. Quem quer que tenha deixado aquele envelope sabia exatamente o que estava fazendo, e isso só provava que eu estava sendo vigiada muito mais de perto do que eu imaginava.
Minhas mãos tremiam quando peguei o celular. A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi ligar para Hugo. Ele precisava saber. Mas à medida que os segundos passavam e o telefone chamava, comecei a hesitar. Se alguém estava tentando me afastar dele, então talvez ele também estivesse em perigo. Não podia arrastá-lo para isso sem entender exatamente com o que eu estava lidando.
A linha chamou mais uma vez antes que eu ouvisse sua voz grogue, claramente acordado do sono:
— Claire? — Ele parecia preocupado, o que fez meu coração doer ainda mais. — Está tudo bem?
Eu abri a boca para falar, mas as palavras ficaram presas na minha garganta. Por um segundo, pensei em contar tudo, pedir ajuda. Mas como eu poderia explicar esse bilhete sem parecer paranoica? E se isso fosse exatamente o que aquela pessoa queria? Que eu desconfiasse de Hugo, ou pior, que eu o afastasse de mim?
— Sim... está tudo bem. — A mentira saiu mais fácil do que eu esperava, mas ao mesmo tempo me deixava com um nó na garganta. — Eu só... queria saber se você está bem!
Do outro lado da linha, houve uma pausa. Eu sabia que ele estava me estudando, tentando entender o que realmente estava acontecendo. Mas, como sempre, Hugo sabia o momento certo de me dar espaço.
— Por que eu não estaria? Aconteceu algo Claire? Você quer que eu vá até aí? — ele ofereceu, a preocupação evidente em sua voz.
Parte de mim queria dizer sim, implorar para que ele viesse e ficasse comigo até que eu me sentisse segura novamente. Mas a outra parte sabia que eu precisava lidar com isso sozinha. Eu não podia arriscar a segurança dele, não sem entender o que estava acontecendo.
— Não, não precisa. Eu estou bem, de verdade. — Apertei o bilhete com mais força, como se isso pudesse me ajudar a me firmar. — Só tive um pesadelo.