CAPITULO 4

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O sinal tocou, indicando o início da aula. Eu suspirei profundamente e me dirigi ao meu armário. Não era exatamente o melhor jeito de começar o dia. Peguei o livro de Matemática – a matéria que eu mais odiava – e caminhei até a sala, já prevendo que seria uma aula longa e entediante.

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A aula estava quase acabando, mas a monotonia foi quebrada quando Sofia abriu a porta da sala de repente. Ela estava visivelmente exausta, com olheiras enormes e o cabelo bagunçado, ainda úmido pela chuva que caía lá fora. Seu olhar estava carregado de cansaço, e a ressaca era evidente.

O professor, claramente irritado, cruzou os braços e a encarou com desaprovação.

— Sinto muito, Sofia, mas nesta aula você não entra. Já passou do horário. Só na próxima! — Ele disse, apontando uma régua para ela.

Sofia, com um olhar entediado, revirou os olhos. Seus olhos vasculharam a sala, e percebi que ela estava me procurando. Quando nossos olhares se encontraram, ela moveu os lábios em silêncio, mas consegui entender: "Me encontra lá fora".

— Vamos, Sofia! — o professor a repreendeu novamente.

Ela saiu da sala, fechando a porta atrás de si. O professor pigarreou, tentando retomar o que estava dizendo antes de ser interrompido.

Finalmente, o sinal tocou, indicando o intervalo. Os alunos levantaram de suas cadeiras rapidamente, como prisioneiros em busca de liberdade. Eu não perdi tempo e saí da sala depressa, encontrando Sofia sentada em uma mesa no refeitório, comendo um sanduíche de peito de peru. Sentei-me ao lado dela, e ela me ofereceu o sanduíche, sua voz soando lenta e cansada:

— Quer?

Balancei a cabeça, recusando, e aproveitei a oportunidade para começar o sermão.

— Onde estava com a cabeça ao sair ontem à noite?! Que horas você chegou, Sofia?!

Ela fechou os olhos e gemeu de cansaço.

— Luna, estou com uma dor de cabeça tremenda. Será que pode falar mais baixo? — ela suspirou, e eu a olhei irritada.

— Se não tivesse saído às escondidas, não estaria com dor de cabeça. Ou seja, não estaria de ressaca! — Ela revirou os olhos e levantou as mãos em rendição.

— Tá bom, mamãe! — ela disse, provocando.

Eu dei um empurrãozinho nela.

— Estou falando sério!

Ela suspirou novamente e me olhou com um misto de culpa e resignação.

— Tá, tá, eu sei que vacilei, mas você nem me perguntou como foi o encontro! Talvez tenha sido tão bom que valeu a pena chegar tarde.

Eu a observei e suspirei, percebendo que estava curiosa.

— Certo, como foi o encontro?

O rosto dela se iluminou instantaneamente, e um sorriso surgiu em seus lábios. A ressaca parecia ter desaparecido ao falar do encontro, e ela deu pequenas palminhas, animada.

— FOI P-E-R-F-E-I-T-O, sério amiga, valeu a pena aquela escapadinha à noite.

— Não sei como você consegue sair assim de casa sem medo de ser pega — comentei, um pouco impressionada.

— É prática! Você vai aprender — Sofia disse, piscando o olho para mim.

— NUNCA, Sofia — declarei, fazendo-a rir.

O sinal tocou novamente, e Sofia suspirou, cansada. Fomos para a próxima aula, que parecia durar uma eternidade, mas finalmente terminou.

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Antes De Te Conhecer - livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora