A Ilha De Marajó.

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O João, com olhos assustados, desapareceu,
Esperando os ceifeiros da grande seara,
Mas não eram ceifadores de trigo ou milho,
Eram abutres da alma, devorando a infância.

Marajó, ilha de beleza e mistério,
Seus rios escondem lágrimas e medos,
Enquanto barcos turísticos navegam suas águas,
As crianças, pequenas almas, vendem sua dignidade.

Por cinco reais, elas se prostituem,
Em canoas frágeis, remando em desespero,
O sol queima suas peles, mas não mais que a vergonha,
A vergonha de um mundo que as esqueceu.

E nós, espectadores distantes, ouvimos a melodia,
A voz da cantora ecoando a verdade crua,
Enquanto políticos locais dançam em suas cadeiras,
E a miséria se entrelaça com a corrupção.

Damares Alves, com palavras afiadas,
Denunciou o horror, os dentes arrancados,
Para facilitar abusos sexuais, uma realidade brutal,
Mas as provas se perderam nas ondas do esquecimento.

Ilha de Marajó, teu grito ecoa nos ventos,
Quebrando o silêncio, clamando por justiça,
Que as estrelas testemunhem e os céus se indignem,
Até que as crianças sejam livres, e a esperança renasça.

O Mundo Poético De Gustavo Lendon Onde histórias criam vida. Descubra agora