Lucidez Perdida.

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Uma vez me perguntaram "O quanto a demência afetou a sua avó?"
E eu, com olhos marejados, respondi:
"O suficiente para que ela deixasse de andar,
Para que aquele sorriso brilhante se apagasse,
E sua essência se perdesse nas névoas do esquecimento."

Ela, Agora tropeça nas sombras do passado,
Caminhando por corredores de memórias desbotadas,
Onde os rostos familiares se tornam estranhos.

A demência, Roubou-lhe as palavras, os gestos, os abraços,
Deixando apenas um vazio profundo,
Como um poço sem fundo no coração da família.

Ela não é mais a mesma mulher forte,
Aquela que costurava histórias com fios de saudade,
Agora é uma figura frágil, perdida em labirintos,
Onde o tempo se desfaz em fragmentos desconexos.

Mas ainda há momentos de lucidez,
Quando seus olhos encontram os meus,
E por um breve instante, reconhece quem sou,
Antes de mergulhar novamente no nevoeiro.

Eu a seguro com ternura,
Como se pudesse segurar o tempo,
E sussurro: "Vovó, você é amada,
Mesmo quando as palavras se perdem."

Escrito com a tinta da saudade, em páginas gastas pelo tempo

O Mundo Poético De Gustavo Lendon Onde histórias criam vida. Descubra agora