Os Humanos Estragaram a Terra.

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Nós, que dançamos na borda do abismo,
Com passos incertos e olhos vendados,
Afundamos nossos dedos na terra,
Como se buscássemos raízes inexistentes.

Nossas palavras, como pedras lançadas,
Causam rachaduras nos alicerces do mundo,
E o vento, impiedoso, carrega os escombros
De nossos atos insensatos e egoístas.

Nas noites escuras, nossos suspiros
Se misturam ao lamento das estrelas,
E o céu, outrora límpido e vasto,
Agora reflete nossas cicatrizes.

Nós, que deveríamos ser guardiões da vida,
Nos tornamos algozes da natureza,
Envenenando rios, desmatando florestas,
Como se a Terra fosse apenas um objeto descartável.

Se nossos corpos se fundissem com a terra,
Nossos ossos se tornassem raízes profundas,
E nossos suspiros se transformassem em ventos,
Talvez o mundo encontrasse sua cura.

As cidades, outrora feitas de concreto e aço,
Desmoronariam em abraços de musgo e hera,
E os rios, exaustos de nossos despejos,
Fluiriam límpidos, como lágrimas de gratidão.

As florestas, queimadas e retalhadas,
Rebrotariam em cores vivas e exuberantes,
E os pássaros, que perderam seus cantos,
Encheriam o ar com melodias de renascimento.

As marés, cansadas de nossas agressões,
Dançariam em harmonia com a lua,
E os recifes de coral, outrora pálidos,
Floresceriam em jardins submarinos.

Se morrêssemos, o mundo não lamentaria,
Ele se ergueria das cinzas, resiliente,
Como uma fênix renascida, com cicatrizes,
Mas também com a promessa de um novo amanhecer.

O Mundo Poético De Gustavo Lendon Onde histórias criam vida. Descubra agora