Minha Salvação

Sozinho

  O sol passava pela pequena janela do quarto, iluminando parte do chão e da porta. A escrivaninha se encontrava com cadernos abertos, canetas e lápis por cima. Os sapatos brancos foram empurrados para debaixo da cama enquanto os vans vermelhos se encontravam alinhados no canto do quarto, ao lado da cômoda.

  Izuku tinha finalmente conseguido se concentrar na leitura. Estava deitado na cama, com “O ladrão de raios” na mão, lia o título do quarto capítulo, tendo a certeza que aquele era um dos seus livros favoritos a partir daquele dia.

  — “Minha mãe me ensina a tourear” — murmurou o título. — Minha mãe me ensinou muitas coisas, mas tourear não é uma delas. Tia Sally, o que você vai fazer…

  Quatro batidas na porta e Izuku já sabia quem estava do outro lado. Pegou o marca página que havia vindo com “Vermelho, branco e sangue azul”, marcando o livro e deixando-o na cama antes de levantar e abrir a porta.

  — Precisamos conversar — disse Denki adentrando o quarto do esverdeado junto de Kirishima e Ochako.

  — Eles deixam três pessoas visitarem? Ainda mais a mim? — Izuku indagou com o cenho franzido.

  — Tive que falar com o Aizawa, era para termos entrado, mais ou menos, uma hora antes — explicou Kaminari sentando na cama.

  — Sobre o que precisa conversar para que os três venham? — Midoriya observou os três se acomodarem no quarto.

  — Você quer o assunto mais leve ou mais pesado primeiro? — Kirishima perguntou ao lado de Denki.

  — O mais pesado ter a ver comigo e pesadelos?

  — Sim, com toda sua certeza — confirmou Ochako.

  — Tá, comecem o discurso. — Midoriya cruzou os braços e suspirou.

  — Você não dorme a quantos dias, Zuku? — o loiro perguntou pegando o livro na cama e analisando.

  — Eu dormi. Eu durmo, todo dia no caso, a questão é, só não por noites inteiras.

  — E essa pequena parte da noite em que você dorme, você consegue descansar? Não, né? — Uraraka deu um peteleco em sua testa.

  — E você jura que a gente não te conhece o suficiente pra saber que você evita dormir quando está tendo pesadelos? — pontuou Eijiro fazendo Izuku suspirou e desviar o olhar.

  — Izuku, o que aconteceu em Fukuoka? — Denki deixou o livro na cama novamente, agora olhava diretamente para Izuku.

  — Eu quase morri.— Não, idiota, por que o Stain tava atrás de você? — Kaminari esfregou a mão no rosto. — Para de tentar desviar do assunto, isso só faz surgir mais preocupação.

  — Minha mãe mandou ele, era isso que você queria ouvir? Ela mandou a droga do assassino de heróis pra matar o filho dela… — A voz de Izuku começou alta e monótona, diminuindo o tom aos poucos.

  — A gente deveria ter pensado nisso — suspirou Kirishima, fechando os olhos por alguns segundos.

  — Não dava pra imaginar que ela seria tão cruel com o próprio filho — Ochako se aproximou de Izuku, levando sua mão até o cabelo do garoto.

  — Ela tava vigiando toda luta. Se quisesse, teria me matado… eu não entendo — revelou Midoriya, respirando fundo.

  — Entender ela é algo que nós nunca conseguiríamos fazer. — O loiro suspirou.

  — Eu queria destacar que vocês me mandaram escolher o assunto e eu só perguntei se o mais pesado tinha a ver com o que eu pensava e mandei começarem, mas não o mais pesado. Acabou com qualquer clima que tinha pra falar de outra coisa. — O esverdeado se encostou na porta, quando Denki estalou os dedos.