•Killyn•
Respirei fundo sentindo minha cabeça latejar. Havia se passado uma semana, e de lá pra cá eu entendi muita coisa. Um Apocalipse zumbi se iniciou, não sei como, nem onde, mas muitos lugares foram afetados. Minha rua não existe mais ninguém, só poeira, mato e o silêncio.
Liguei pro Shane várias vezes naquele dia, mas a chamada nunca chegava até o final, parecia que o número dele simplesmente não existia. No dia seguinte liguei pra a minha tia, apenas pra ela me atender com a voz fraca, me dizendo que foi mordida pela minha mãe, e me fez prometer que iria fazer de tudo pra ficar bem.
Tentei ligar pra a base militar, mas também não obtive resposta.
Ótimo, não tenho mais ninguém. Apenas o Rick. Fiquei sabendo pela televisão que militares entraram no hospital e metralharam todo mundo, pra evitar mais "contaminação".
Respirei fundo de novo antes de calçar minha bota. Eu não posso ficar aqui, antes de ir eu preciso ver com meus próprios olhos se o Rick tá morto.
Minha mochila já estava totalmente equipada. Munição, pistolas, comida, roupa, facas e produtos íntimos. Fora os equipamentos que estão na minha roupa. Decidi usar meu fardamento do exército, é uma roupa propícia pra esse momento.
Carreguei minha 38 colocando ela no coldre, minha .40 na cintura, uma faca escondido na bota e uma MP40 pendurada no ombro, pelo menos até eu chegar na porta.
Eu poderia estar exagerando, mas meu pai me ensinou a ser cuidadosa com absolutamente tudo, principalmente com as pessoas. A prova viva disso é minha mãe, que mesma sendo minha mãe me tratava igual lixo, mas na rua era um amor de pessoa. Eu não podia confiar em qualquer pessoa que eu encontrar na rua.
Prendi meu cabelo em um coque alto e bem preso, caso eu precise correr em algum momento. Pronto, hora de agir.
...
A rua tava uma completa zona! Pedaços de corpos pelo chão, jornais, brinquedos, carros abandonados... meu Deus. Estacionei minha moto em frente ao hospital, fui o mais lento e silencioso que eu consegui pra não chamar a atenção de nenhum morto.
O interior do hospital tava bem pior, o que eu não achei que seria possível. Eu já visitei o Rick aqui, então sei onde ele tá. Caminhei até lá torcendo pra que o Carl, a Lori e o Shane estivessem bem. Não era tão próxima da Lori e do Carl, mas eles sempre me trataram muito bem.
Com a MP engatilhada caminhei pelo corredor do Rick, parando a alguns metros da porta do quarto dele, onde tinha uma maca barrando a passagem. Shane. Meu coração bateu mais forte com a possibilidade do Shane ter barrado a passagem do quarto pra que nada entrasse lá.
Acelerei os passos já empurrando a arma pra as costas, começando a mover a maca devagar. Ela é leve, o problema é o barulho que poderia fazer. Com a porta livre, apenas abri, tendo a visão do Rick deitado na cama, do mesmo jeitinho que duas semanas atrás.
Respirei fundo chegando mais perto do corpo dele, pelo jeito ele não virou um deles. Conferi os batimentos com um medo imenso do resultado. Ele tá vivo. A vontade de chorar me atingiu, eu não tô mais sozinha.
...
Me sentei na cadeira ao lado do Rick enquanto bebia um pouco de água, já havia escondido minha moto em um lugar menos visível e barrei a porta novamente, dessa vez por dentro. Ficarei aqui até decidir o que fazer. Não posso deixar ele aqui assim, ainda em coma, no meio de um Apocalipse!
Eu não trouxe muita comida, não sabia que ele estava vivo, quando ele acordar vai tá com muita fome. Amanhã voltarei pra minha casa e pegarei mais alimentos e água, eu tenho um estoque reforçado pra caso acontecesse algo... desse tipo.
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Ondas - Daryl Dixon
Fiksi PenggemarKillyn morava com a avó quando o surto aconteceu. Sendo treinada por anos pelo pai, depois da morte da avó, decidiu encarar o Apocalipse acompanhada do amigo do seu pai, que acabou de sair de um coma. -Gatilhos: mortes, palavras de baixo calão, agr...