— Você está mentindo! — Ela soltou suas mãos das mãos firmes de Henrique.
— Por que razão eu mentiria sobre um assunto tão delicado?
— Para me manter ao seu lado, mas tenha a certeza de que eu não o farei! — Ela se aproximou de Henrique, com ódio, e o imprensou com o corpo contra a parede — Eu não consegui fugir de você hoje, mas não confie que conseguirá me deter por toda a vida.
— Lena, eu não desejo prendê-la aqui, somente protegê-la.
— EU JÁ DISSE MILHÕES DE VEZES QUE NÃO DESEJO SUA MALDITA PROTEÇÃO. — Ela bateu, com força, contra a parede, posicionando as mãos ao lado dos braços do homem — Não procure meu lado mais sombrio, porque garanto que irá encontrá-lo.
— Entenda que Rogério Montenegro está furioso com tudo o que aconteceu e vai se voltar contra você pelo filho.
— Eu não tenho culpa dos malditos planos fracassados de vocês dois.
— Por Deus, entenda que eu não tenho culpa disso e jamais concordei com ataques violentos. Mas ele é poderoso e cruel e irá garantir a todos que eu sou o culpado. Já você, ainda que inocente e vítima de tudo o que aconteceu, será acusada por culpa dos malditos boatos que andam se espalhando pela cidade desde que se casou com o Pedro. Era o plano perfeito para se safar, ele só não contava que o único filho estaria entre as vítimas.
— Você é tão convincente em tudo o que diz, eu quase acredito em suas palavras.
— Eu estou dizendo a verdade.
— Não! Você e Rogério Montenegro são dois vermes desprezíveis e mentirosos, mas eu não sou uma estúpida. Você diz que o plano perfeito do Rogério era me manter viva, para que a lenda do Rosto da Morte me incriminasse junto a você, mas o seu plano também é perfeito.
— Do que está falando?
— É muito fácil para uma pessoa como você planejar um atentado dessa magnitude, me sequestrar e me manter ao seu lado, contra a minha vontade, usando a ameaça de que vão me acusar de orquestrar tudo isso com você.
— É isso o que vão fazer.
— Eles não têm motivos para me acusar, porque sou inocente e não existem provas do contrário.
— Sua reputação lhe precede e não haverá falta de provas capaz de livrá-la de tudo isso. Por favor, acredite em mim, eu digo por experiência, porque vi meu pai se escondendo por anos com medo de ser considerado o único culpado do massacre de seu casamento.
— Você é igual ao seu pai.
— Não diga isso.
— Você é igual ao meu pai. Assim como ele, você pensa que eu sou um objeto, que eu lhe pertenço.
— Eu só não quero perdê-la outra vez.
— Você já me perdeu 15 anos atrás.
Lena se afastou e, sem olhar para Henrique, caminhou rumo à porta do quarto, mas parou ao ouvir um estalo. Não virou para trás, apenas volteou o olhar na direção do homem e percebeu que ele apontava uma pistola.
— Eu já lhe disse que não permitirei que aqueles vermes cheguem até você, porque você não tem ideia das atrocidades que seriam capazes de cometer.
— Suponho que você já tenha cometido algumas.
— Jamais. Eu não me importo com o que pensa de mim, mas tenho a consciência tranquila de que jamais fui capaz de torturar um ser humano como eles certamente fariam com você se lhe encontrasse. — Ela tremeu — Não importaria para eles quantas vezes você jurasse que não me viu após seu aniversário, ou que contasse a verdade e jurasse que chegou aqui vendada todas as vezes que eu lhe trouxe, eles somente parariam quando estivessem seguros de que você estivesse morta. — Por fim, Lena se virou, trêmula, e viu os olhos de Henrique encharcados — Enquanto houvesse vida, haveria sofrimento e eu não estou disposto a perdê-la dessa maneira. Eu não me importo que você já não me ame mais, mas prefiro vê-la morta por minhas próprias mãos, a encontrar seu corpo como já encontrei os corpos de muitos amigos capturados.
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O Destino de Lena
Chick-LitUm amor proibido, um casamento arranjado, um destino marcado. Lena teve a história escrita pelo pai no dia em que nasceu e, aos 18 anos, foi obrigada a se casar com o filho de um importante político, ainda que seu coração pertencesse somente ao herd...