— Mas que diabos... — Lena se assustou ao perceber que nada aconteceu.— A minha primeira regra de segurança é: jamais carregue uma arma engatilhada.
— Você permitiu que eu apontasse uma arma para você, sabendo que não aconteceria nada?
— É claro que sim, caso contrário eu a teria imobilizado muito antes.
— Então, como eu não represento mais nenhum perigo, já pode me soltar.
— Você sempre representa um perigo. Além do mais, gostei de tê-la assim.
— Sua camisa não é comprida o suficiente para que seja de bom tom que você mantenha uma mulher casada nessa posição. - Henrique olhou para baixo, viu que a camisa mal cobria o alto das coxas de Lena e soltou uma risada — Do que está rindo?
— Você faz muita cerimônia com seu corpo para um homem que já lhe viu nua.
— Eu não era casada quando isso aconteceu.
— Respeita tanto assim o seu marido, ou está apenas tentando me irritar?
— Eu não apenas respeito, como AMO PROFUNDAMENTE o meu marido.
Aquelas palavras soaram no ouvido de Henrique de forma mais dolorosa que o tiro que uma vez levara de Lena, e a soltou sem dizer nada. Muito tempo passara desde que eles juraram amor eterno, ela amadurecera e aprendera a amar outro homem que não ele, e talvez faltasse a Henrique a capacidade de aceitar essa realidade.
— Meus homens estão buscando roupas femininas, mas não garanto que serão decentes o suficiente para uma senhora casada.
— Estou segura de que serão.
— Muito bem. Você ficará aqui no quarto enquanto isso e depois iremos ao enterro de seu irmão.
— Como faremos isso, se somos procurados?
— Eu sei de um ótimo local, com boa vista para o cemitério. Será o mais próximo que conseguiremos chegar antes do sepultamento, mas creio que nos trará conforto.
— Obrigada.
— E quanto ao seu marido, amanhã irei pessoalmente procurá-lo para saber em que estado de saúde se encontra.
— Por favor, não.
— Não pretendo matá-lo, não se preocupe. Muitas vezes precisamos admitir que perdemos, e eu, como homem que sou, sei fazer isso.
— Eu lhe agradeço por tanto.
— Não é necessário que me agradeça, mas já adianto que você ficará aqui, em segurança, até que eu lhe entregue de volta para ele, nem que para isso precise amarrá-la na cama.
— Está bem.
— Agora eu preciso apoiar meus homens, que perderam amigos na intervenção. Não tente fazer nada enquanto está sozinha no quarto, senão eu juro que não hesitarei em amarrá-la na cama de uma vez.
— Prometo me comportar.
— Tudo bem, voltarei logo.
...
No pequeno hospital da cidade, o clima era de guerra: faltavam médicos, enfermeiros e leitos para tantos feridos. Entretanto, uma força tarefa fora organizada para salvar a primeira-dama. Já bastava para a pequena Olivia perder o pai, ao menos precisaria da mãe viva para seguir em frente.
Sem ter com quem ficar em segurança, ela estava ali, acompanhada do padrinho, que aguardava ansioso por notícias da amiga.
— Senhor Vicente. — O médico se aproximou.
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O Destino de Lena
ChickLitUm amor proibido, um casamento arranjado, um destino marcado. Lena teve a história escrita pelo pai no dia em que nasceu e, aos 18 anos, foi obrigada a se casar com o filho de um importante político, ainda que seu coração pertencesse somente ao herd...