XIII - Pedro Montenegro morreu essa noite

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— Mas que diabos... — Lena se assustou ao perceber que nada aconteceu.

— A minha primeira regra de segurança é: jamais carregue uma arma engatilhada.

— Você permitiu que eu apontasse uma arma para você, sabendo que não aconteceria nada?

— É claro que sim, caso contrário eu a teria imobilizado muito antes.

— Então, como eu não represento mais nenhum perigo, já pode me soltar.

— Você sempre representa um perigo. Além do mais, gostei de tê-la assim.

— Sua camisa não é comprida o suficiente para que seja de bom tom que você mantenha uma mulher casada nessa posição. - Henrique olhou para baixo, viu que a camisa mal cobria o alto das coxas de Lena e soltou uma risada — Do que está rindo?

— Você faz muita cerimônia com seu corpo para um homem que já lhe viu nua.

— Eu não era casada quando isso aconteceu.

— Respeita tanto assim o seu marido, ou está apenas tentando me irritar?

— Eu não apenas respeito, como AMO PROFUNDAMENTE o meu marido.

Aquelas palavras soaram no ouvido de Henrique de forma mais dolorosa que o tiro que uma vez levara de Lena, e a soltou sem dizer nada. Muito tempo passara desde que eles juraram amor eterno, ela amadurecera e aprendera a amar outro homem que não ele, e talvez faltasse a Henrique a capacidade de aceitar essa realidade.

— Meus homens estão buscando roupas femininas, mas não garanto que serão decentes o suficiente para uma senhora casada.

— Estou segura de que serão.

— Muito bem. Você ficará aqui no quarto enquanto isso e depois iremos ao enterro de seu irmão.

— Como faremos isso, se somos procurados?

— Eu sei de um ótimo local, com boa vista para o cemitério. Será o mais próximo que conseguiremos chegar antes do sepultamento, mas creio que nos trará conforto.

— Obrigada.

— E quanto ao seu marido, amanhã irei pessoalmente procurá-lo para saber em que estado de saúde se encontra.

— Por favor, não.

— Não pretendo matá-lo, não se preocupe. Muitas vezes precisamos admitir que perdemos, e eu, como homem que sou, sei fazer isso.

— Eu lhe agradeço por tanto.

— Não é necessário que me agradeça, mas já adianto que você ficará aqui, em segurança, até que eu lhe entregue de volta para ele, nem que para isso precise amarrá-la na cama.

— Está bem.

— Agora eu preciso apoiar meus homens, que perderam amigos na intervenção. Não tente fazer nada enquanto está sozinha no quarto, senão eu juro que não hesitarei em amarrá-la na cama de uma vez.

— Prometo me comportar.

— Tudo bem, voltarei logo.

...

No pequeno hospital da cidade, o clima era de guerra: faltavam médicos, enfermeiros e leitos para tantos feridos. Entretanto, uma força tarefa fora organizada para salvar a primeira-dama. Já bastava para a pequena Olivia perder o pai, ao menos precisaria da mãe viva para seguir em frente.

Sem ter com quem ficar em segurança, ela estava ali, acompanhada do padrinho, que aguardava ansioso por notícias da amiga.

— Senhor Vicente. — O médico se aproximou.

O Destino de LenaOnde histórias criam vida. Descubra agora