Cinco meses antes...
Do diário de Miguel Diaz
30 de janeiro de 1850México à vista!
Depois de duas semanas em um mundo com 60 metros de comprimento e 15 metros de largura, Rosa, mal posso esperar por alguma mudança. Já explorei cada centímetro dessa embarcação, de proa a popa e de depósito ao mastro mais alto (60 metros acima das ondas, balançando de um lado para o outro!). Posso dizer com certeza que não há mais surpresas por aqui.
Ah, mas o México...
Navegamos de um lado para o outro do Atlântico, passamos pela corrente das Bahamas e pelo Estreito da Flórida e descemos pelo canal de Yucatán entre o México e cuba. E agora, a vista da península de Yucatán surge diante de nós, lá no horizonte. O Yucatán segue do México em direção ao Caribe como um grande dedão. Segundo os livros, toda a península- 321 km de largura e 482 km de uma ponta a outra- é uma plataforma de calcário plana, apenas alguns pés acima do nivel do mar e com muito pouco relevo e montanhas. A costa leste, onde vamos desembarcar, é entrecortada de falésias de pedra branca, com reentrâncias e baías. Há mais vegetação aqui do que no norte, que é arenoso, e na costa oeste. A estação das secas dura de outubro a maio, por isso não estamos esperando chuva.
Estamos a caminho de Puerto Morelos e o capitão disse...
O vento soprou de repente e agitou as páginas do diário de Miguel. Ele olhou para cima. Até então, ele estava sentado no chão, com as costas apoiadas no mastro principal, deixando a brisa bagunçar seus cabelos e as páginas do caderno aberto. Mas o navio tinha girado para ficar contra o vento. O imenso céu azul rodava acima dele. O vento que soprava no rosto de Miguel tinha sabor de sal e terra. Marinheiros corriam pelo convés e com agilidade subiam nos mastros. Outros, em grupos, puxavam as cordas, enquanto lá no alto as velas eram enroladas e amarradas.
Miguel fechou o seu caderno e se levantou. Ele se espreguiçou e cruzou o convés até um grupo de homens parados diante do parapeito.
- O que está acontecendo?- Ele perguntou.
Seu pai se virou na direção dele. Era um homem alto, magro e forte, cabelo curto e negros, olhos escuros e um grande sorriso.
- Um capitão está vindo para nós guiar até o porto- Ele explicou.
- Lá está- Disse o companheiro de Hector, apontando para um barquinho que se aproximava rapidamente.
John Kreese era mais baixo que seu amigo e colega, mas seu sorriso ao olhar para o garoto não era menos calorosa. Miguel não conseguia pensar em nenhuma memória que não incluísse seu padrinho, a quem chamava de tio Kreese. Salazar e Kreese tinham sido amigos em Oxford e parceiros de exploração durante toda a vida de Miguel, apesar de o campo de pesquisa se Kreese ser a arqueologia.
Miguel observou o barco do capitão deslizando nas ondas azuis e se aproximando alegremente do navio. Era um veleiro longo e estreito, com uma vela triangular.
Soprava um vento forte da costa, o que deixou Miguel muito feliz. O sol estava quente e a brisa era a única coisa que tornava sua gravata e seu casaco, aos quais era obrigado a usar sempre em público e quase sempre em casa, suportáveis.
- Soltar âncora!- Gritou um dos marinheiros.
A âncora mergulhou no mar, sua corrente se soltava rapidamente com um chiado. Miguel olhou para baixo: Ele estava sobre o depósito da corrente, um lugar úmido e escuro onde centenas de metros de corrente estavam enrolados e guardados.
Miguel se voltou para cima quando sentiu alguém despentear seu cabelo.
- E como vai o narrador da nossa expedição?- Perguntou Terry Silver. Ele era um homem alto, magro e forte e cabelos compridos e claros e seus olhos era azuis igual o mar.