- Que maravilha!- Sorriu o professor Fernandez. Ele revirou o diário nas mãos, mal acreditando que fosse real.- Isto é ouro puro! Não! Vale mais do que ouro!
O dia nascera claro e ensolarado, a polícia fora chamada e, com alívio, Miguel entregara o gatuno aos cuidados dos guardas. Com tudo resolvido, os amigos correram para o museu ver o professor Fernandez.
Já eram 11 horas e Robby, Miguel e Rosa estavam novamente apertados no pequeno sofá do escritório do professor, enquanto ele estudava o diário de Hector Salazar com prazer indisfarçável.
- Então, o senhor acredita na nossa história, professor?- Perguntou Rosa, lembrando-se das dúvidas que ele apresentara no dia anterior.
Freddy a observou por sobre os óculos.
- Minha cara, digamos que acredito que hoje vocês tenham aparecido no meu escritório com uma ferramenta linguística de valor incalculável e que ontem vocês não estavam com ela. Não tenho por que duvidar da forma como a encontraram. Mas parte de mim ainda deseja que isso não passe de um trote bem elaborado.
- E o caderno vai ajudar, senhor?- Perguntou Miguel impaciente.- Com ele, o senhor conseguirá traduzir o ritual?
- Paciência, sr. Salazar, paciência. Vamos dar uma olhada nisso, certo?
O professor pegou o pergaminho do missionário espanhol onde estava escrito o ritual. Ele o estendeu sobre a mesa, abriu o diário onde estava escrito o ritual. Ele o estendeu sobre a mesa, abriu o diário e colocou os dois lado a lado. Seus dedos traçavam os hieróglifos do ritual e depois seguiam a tabela que Hector Salazar tinha cuidadosamente elaborado. Seus lábios se moviam sem emitir sons.
Os amigos prenderam a respiração.
- Hum...- Murmurou Freddy
E então:
- Aha...
E então mais um:
- Hum...
- Ah, professor, por favor!- Explodiu Rosa.
Freddy olhou para eles e suspirou.
- A resposta certa é sim, acho que conseguirei fazer a tradução- Disse ele.- Mas não será rápido. Seu pai não esperava que alguém além dele, fosse usar essas anotações. Certamente ele tinha planos de reescrever esse trabalho quando voltasse para a Inglaterra, para que outros pudessem usar a informação. Por isso, nessas anotações, as informações não seguem uma ordem lógica, os apontamentos dele são bastantes idiossincráticos e a letra dele, se permitem dizer, não era das mais belas. Será um trabalho longo, devo avisá-los.
- Será que posso ajudá-lo, senhor?- Sugeriu Rosa.- Eu conheço bem a letra do meu pai e já fiz alguns estudos sobre o assunto. Deixe-me mostrar.
Ela se aproximou da mesa e se debruçou sobre o pergaminho.
- Veja, as inscrições são apresentadas de duas formas. Uma parte são símbolos que representam palavras inteiras, mas também há palavras construídas com sílabas. Mas não é óbvio qual é qual.
Os olhos de Freddy de arregalaram por trás dos óculos.
- Minha nossa! Mas que menina inteligente! E também já percebi que as coisas não são tão simples quanto o nosso abecê- Ela apontou para uma pequena passagem de hieróglifos.- Imagino que esse símbolo, sozinho, tem uma porção de significados diferentes e os símbolos que vem em seguida deve ajudar a definir qual é.
- É exatamente o que pensei, professor- Concordou Rosa entusiasmada.- Além do mais...
Os garotos, esquecidos no sofá, observavam aquela inesperada união de mentes.