- Então...- Entoou Terry.
Era como de Miguel ouvisse duas vozes. Uma era a voz normal de Terry, só que um pouco mais fria e distante, não tão amigável como quando estava vivo. A outra parecia emanar o ar do porão. Era uma vibração sinistra e profunda, que não poderia vir de uma garganta humana. Mihuel mais sentia do que ouvia as palavras.
- Você tem a poção da rosa de sangue. Uma bebida intoxicante demais para um garotinho...- Continuo Terry.
- Acho que posso dar conta- Disse Miguel corajoso.- E você?
Ele correu na direção de Terry, erguendo a mão para atirar a poção no Deus vampiro.
- Pare!- Ecoou a voz do Deus.
E, sem a intenção de fazê-lo, Miguel parou. Uma espécie de força o circundou, um tipo de melaço grosso que o impedia de se movimentar. Miguel estava preso ao solo, ainda agarrado ao frasco e ao pergaminho, mas sem poder usá-los.
Terry se aproximou e estudou o pergaminho.
- A poção e o ritual!- Disse ele.- Você andou ocupado- Ele deu uma risadinha seca.- Uma vez, o Ritual da rosa de sangue foi usada contra mim. O exército de Chac precisou de um dia e uma noite inteiros para se aproximar de mim. Meus seguidores lutaram contra eles com garras e presas. E você tenta me vencer em um grupinho de dois meninos e uma menina! Vocês subestimaram a forças dos meus servos. Sabe, eles não tem desejos, apenas seguem minhas ordens. Não têm vidas para proteger, pois já estão mortos. Não há sacrifício que não queiram fazer por mim. Como vocês pensam que vão superá-los?
Ele estudou Miguel por mais um momento.
- É bom que Mike tenha falhado em sua tarefa. Você é forte, será um bom servo. Mas, antes de transformá-lo, sua forma mortal precisa sentir a minha fúria.
Terry apontou para o pergaminho ainda apertado nas mãos de Miguel. As bordas começaram a enegrecer e se enrolar. O papel soltou fumaça e entrou em chamas. Miguel olhou para ele horrorizado e começou a sentir a pele queimando. A dor era indescritível, mas ele não podia se mover para fazer nada. Ele observou as desesperado as palavras do ritual desaparecerem em chamas.
- E agora- Comandou Terry- Despeje a poção.
Contra sua vontade, Miguel sentiu seu pulso virar.
Robby e Rosa estavam perto da porta do porão, lutando contra os incontáveis vampiros que se aproximavam deles. Um a um, os vampiros eram destruídos pelos espinhos letais da rosa de sangue, mas sempre havia outros para tomarem o lugar dos vencidos. E, com suas cartas selvagens, eles estavam conseguindo machucar os dois antes de se dissolverem em cinzas.
Havia um corte fundo e vermelho no rosto de Robby e uma ferida que sangrava no pescoço de Rosa. Lutar com a rosa de sangue era uma faca de dois gumes, porque os espinhos feriam tanto os vampiros quanto os humanos. As mãos dos dois amigos estavam cobertas de arranhões e machucados.
De repente, os vampiros começaram a se afastar.
Rosa olhou ao redor confusa..
- P... Para onde eles vão?- Gaguejou ela.
Robby olhava cansado para os vampiros que se afastavam.
- Eu não sei...
Então, gritou e se abaixou quando um morcego-vampiro voou contra ele. Robby o atingiu com a rosa de sangue e sentiu que o bicho fora ferido. Mas ainda voou para longe enquanto se transformava em cinzas.
Os vampiros pareciam ter desistido de atacá-los na forma humana e agora passavam para a outra estratégia. Os morcegos se aproximavam rapidamente pelo corredor, direto para a luz do sol. Eles ardiam um pouco onde os raios de sol os tocavam, mas soavam rápido e eram tão ágeis que suas presas e garras atingiam os garotos antes de virarem pó.
Um morcego, depois outro e o que parecia ser uma reviada inteira rodeou os garotos. Robby cambaleou para trás com a força do ataque, branindo sem parar a rosa de sangue. Mas eram muitos. Os morcegos o levaram até as sombras, onde alguém bateu com força na cabeça dele.
Confuso, Robby caiu no chão. Uma bota chutou a rosa de sangue para longe e mãos poderosas o ergueram do chão. Dedos frios como o aço agarraram sua cabeça e um braço forte estava enrolado em seu pescoço.
Rosa, que tinha pulado para um lugar mais iluminado para tentar fugir dos vampiros, olhava desesperada para Robby.
- Renda-se- Gritou uma voz grave- Ou vou quebrar o pescoço do garoto.
- Não.- Gemeu Robby. O braço se enroscou com firmeza no pescoço dele e começou a apertá-lo.
O garoto continuou encarando Rosa, desejando que ela não se rendesse e que o vampiro que o agarrava o matasse ali mesmo. Ele não queria viver em um mundo onde ele e seus amigos tivessem falhado.
Os olhos de Rosa se encheram de lágrimas de frustração e ela soltou a rosa de sangue no chão. Um dos vampiros chutou a porta que se fechou, e os outros fecharam as cortinas. A sala voltou a ficar escura. Mãos fortes agarraram Rosa por trás e ela ouviu uma voz dizer.
- Vamos levá-los para o Mestre.
☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆