- Agora!- Gritou Miguel, quando os primeiros raios de sol surgiram no horizonte.
O professor colocou os pedacinhos das folhas verde-esmeralda da rosa de sangue na poção que fumegava e chiava no fogão da cozinha da pequena casa dele, em Paddington. Na mesma hora, um perfume quente, doce e róseo se espalhou pela casa.
Na noite anterior, todos tinham chegado exaustos à casa do professor. Rosa quis enviar uma mensagem à sra. Mills para avisar que estavam bem, mas Miguel tinha certeza que a casa de Bedford Square estava sendo vigiada, por isso eles acharam melhor não enviar nenhuma mensagem que pudesse see interceptada por Terry e seus seguidores.
Depois que a governanta de Freddy tinha cuidado dos ferimentos de todos, o professor insistiu para que dormissem um pouco: Rosa tinha ficado com o quarto de hóspedes e Miguel e Robby dividiram um sofá na sala de estar. A empolgação, porém, os manteve acordados, por isso ficaram felizes quando o relógio bateu 4 horas e puderam se levantar e começar a trabalhar na poção.
Não era uma preparação fácil. As folhas da rosa de sangue tinham que ser colhidas ao pôr do sol, mas apenas ao nascer do sol podiam ser acrescentadas à poção. Rosa e Freddy prepararam e misturaram os ingredientes enquanto Robby e Miguel olhavam pela janela da cozinha, ansiosos pelos primeiros raios de sol que, segundo o almanaque do professor, surgiram às 4h50.
Rosa examinou as instruções que ela e o professor tinham traduzido do pergaminho.
- Assim que as folhas forem acrescentadas à mistura, repita a Renúncia do Deus Negro 10 vezes sobre a poção- Leu ela. E então, começou:- U bah ti akot hasaw-chaw...
Robby ficou impressionado com o quanto as palavras dos antigos maias soavam sinistras ali na pequena cozinha. Quando Rosa terminou de pronunciar as palavras mágicas 10 vezes, a atmosfera estava pesada, repleta dw alguma magia estranha e incompreensível, e Robby sentiu que alguma forma de poder intensa e misteriosa tinha sido criada.
O professor tirou a panela do fogo cuidadosamente e colocou sobre a mesa. Os amigos ficaram ao redor, observando. A superfície da poção brilhava em diferentes tons de vermelho. Alguns pedacinhos das folhas giravam aleatoriamente pela superfície antes de desaparecer na imensidão rubra.
- É isso?- Perguntou Robby com dúvida.
- Seguimos as instruções do pergaminho, meu caro- Disse Freddy.- As palavras exatas, o momento certo do dia, o tempo de fervura, o número de repetições. Não podemos saber se vai realmente funcionar, mas, com certeza, fizemos o melhor que podíamos.
Robby sentiu que aquilo não seria muito consolo se falhassem, mas preferiu não dizer nada.
O professor os afastou da cozinha e os levou ao corredor, fechando a porta atrás deles. Ele bocejou, escondendo a boca com uma mão.
- Agora, todos precisamos de mais algumas horas de sono. Você primeiro, senhorita.
Com o professor atrás dela, empurrando-a escada acima, Rosa não teve outra opção a não ser ir para o quarto de hóspedes. Freddy foi para o quarto dele. Robby e Miguel se olharam diante da porta da sala de estar, porém voltaram ao pé da escada.
- Boa noite, Rosa- Disse Miguel com clareza. Freddy não notou o tom diferente do garoto, mas Rosa percebeu e olhou para trás.
Miguel ergueu as duas mãos com os dedos estendidos e movimentou os lábios, formando as palavras "Dez minutos".
Rosa concordou.
- Boa noite, Salazar- Respondeu ela no mesmo tom.
- Sim, sim, boa noite a todos- Disse Freddy. Ele estava de costas para os meninos e não vira a movimentação.- Vamos fazer o seguinte, acordaremos às 9 horas e a governanta preparará um maravilhoso café da manhã, certo?
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