Capítulo 5

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Do diário de Miguel Diaz
6 de Março de 1850 (continuação)

Não é nenhuma surpresa o fato de que a expedição tinha acabado, pois todas as gaiolas estavam completamente cheias. Não temos mais onde armazenar espécimes. Tio Kreese comentou isso no jantar e Terry disse:

- É verdade. Amanhã retornaremos à costa.

Surpreso, papai perguntou por quê. E ele respondeu.

- Porque eu quero.

Foi a primeira vez que eu os vi discordando em alguma coisa. Papai achava que ainda ficaríamos mais alguns meses. Tio Kreese disse que rle ainda não havia começado a fazer o trabalho que havia planejado quando decidiram vir para cá. Terry disse que não tinha discussão: Ele já havia decidido e a expedição era dele. O que é verdade, pois ele é quem paga as contas, mas mesmo assim... Dava para ver os sonhos do papai desmoronando enquanto ele falava. E tio Kreese! Achei que ele fosse bater em Terry, mas sei que jamais faria uma coisa dessas na minha frente. Papai apenas murmurou alguma coisa como "pelo menos temos a inscrições, não é, Miguel?", mas foi só. Você sabe que ele não gosta de causar confusão. E sei que ele ficou muito decepcionado.

Depois daquilo, ficamos em silêncio por um tempo. Acho que o papai e o tio Kreese estavam bravos demais para falarem qualquer coisa. Então, de repente, Terry começou outra conversa. Ele perguntou ao tio Kreese sobre sua famosa estátua de morcego. Tio Kreese respondeu para ser educado, mas foi bastante seco. Disse que era de ouro e que media 15 centímetros de uma ponta a outra. Estava em excelente estado de conservação e era uma imagem muito realista de um morcego, diferente da maioria da arte maia, que é bastante estilizada. Pelo menos o que se sabe, só outra estátua como aquela fora descoberta, já dois anos, pelo arqueólogo francês Daniel LaRusso e ela tem o mesmo estilo do morcego. Provavelmente, as duas foram feitos pelo mesmo artesão. A estátua de Daniel tem o formato de um olho e está guardado no Museu do Louvre, em Paris.

Terry perguntou várias vezes se o morcego do tio Kreese e o olho eram as únicas peças encontradas naquele estilo. Tio Kreese insistiu que eram. Quando finalmente se convenceu de que não havia outras, Terry não falou mais nada. Tio Kreese tentou falar sobre outras peças que já tinha encontrado, mas Terry simplesmente não deu atenção.

Vou perguntar ao papai sobre o camazotz mais tarde. Estou curioso para saber por que os carregadores maias fugiram. Vou contar a você tudo o que descobrir.

- Camazotz?- Perguntou Hector Salazar mais tarde.

Ele e Miguel estavam na tenda, preparando-se para dormir.

- Ele era um Deus maia particularmente desagradável, ainda mais que os outros. Ele era o Deus dos mortos. Bem, faz sentido. Os antigos maias acreditavam que as cavernas levavam ao mundo inferior, e os morcegos vivem em cavernas. Mas este....- Hector se ajoelhou de repente e abriu o casaco como se fossem asas.- Era um Deus morcego que se alimentava de sangue humano: um vampiro! E, pior, transformava seus seguidores em vampiros também. Assim, eles podiam assumir a forma de morcegos ou de humanos sempre que desejassem. E também bebiam sangue humano e podiam criar outros vampiros.

Miguel percebeu imediatamente o problema.

- Mas em pouco tempo todos seriam vampiros e não sobraria mais ninguém para se alimentarem.

Hector deu de ombros.

- Aparentemente, ele também tinha fraquezas. Você ouviu o Shawn o chamando de "aquele que caminha na escuridão". Camazotz não tolerava a luz do sol, assim como seus seguidores. Certamente eles tinham outras fraquezas, mas não sabemos o suficiente para dizer quais seriam.

Despertar dos vampiros (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora