CAPÍTULO 9

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Quando os primeiros raios de sol apareceram nos céus, meus irmãos e eu nos jogamos para trás, contemplando o céu que aos poucos clareava. Feyre observou meu rosto emburrado com uma pergunta em sua feição. Um sorriso se iluminou em meu rosto, fazendo seus olhos se semicerrarem. Eu nunca ficava em último; sempre ficava em primeiro ou em segundo, mas hoje estava lenta e pensando muito ao invés de agir. É claro que eles notaram, mas Feyre nunca tenta disfarçar o que pensa.

O cheiro de sangue, ainda fresco, flutuava pelos narizes. Uma camada de lama estava pelo meu corpo. Eu estava nojenta. Eu sentia as minhas feridas lentamente se curando, a carne conectando uma com a outra.

Olhei para trás; pura destruição ondulava a ilha.

Contamos os ferimentos uns dos outros, do mais velho até o mais novo. Escrevendo a quantidade de cada um na areia levemente molhada, quando acabamos, o sol estava completamente exposto.

Descemos até a caverna subterrânea a nado. Poucas pessoas sabiam da existência daquele lugar, pouquíssimas. Nós sabíamos e só, o resto estava morto.

Precisava da permissão de algum de nós para apreciar a beleza daquele lugar, não por egoísmo ou algo similar. Aquela água purificava a magia, tirava qualquer machucado que pudesse ter, não físico, mas mágico ou restrições.

A água esquentava à medida dos seus desejos, acentuava o esgotamento tirando uma boa quantidade de poder e depois de um tempo, devolvia o seu poder de uma forma gentil. Algumas pessoas poderiam morrer caso ficassem na água por muito tempo.

Mergulhei na água bem fundo, pegando pedras que pareciam possuir todas as cores, mudando dependendo da luz. Aquele lugar fora onde o nosso pai nos ensinou a controlar a luz. Ele fez uma fileira com dúzia das pedras e nos disse para deixar cada pedra com uma luz diferente e mudar a cor delas a cada segundo durante duas horas.

Apoiei a cabeça na pedra, observando os cristais refletirem boa parte da luz residual do lago. As paredes pareciam ter sido polidas; elas refletiam o reflexo. Aquele lugar era tão lindo.

Tracei o ferimento da minha mão, os ferimentos que sempre demoravam um dia inteiro para se curarem. Os hematomas sumiam rapidamente, mas os ferimentos com as espadas que usávamos demoravam tempo demais. Um dia inteiro.

- Para onde vamos? - perguntou Feyre em uma careta - Rhysand ainda não se acostumou com isso. Muito menos o sobrinho de vocês.

A imagem de Nyx perguntando o que aconteceu com a mãe dele no ano passado me veio à mente. Ela explicou de forma branda, e ele pediu para que ela parasse. Feyre disse que não poderia fazer isso, e ele ficou emburrado.

- Não vamos para a minha casa. - exclamou Nesta - Cassian sempre fica preocupado e agitado quando eu volto.

- Eu prefiro que Jude não me veja assim. Ela não se importa, mas eu me importo. - explicou Cardan. - Fora de questão.

- Pensei que você fosse bonito até mesmo aos farrapos. - confidenciou Feyre.

- E sou - rebateu Cardan - Mas prefiro não preocupar a minha parceira. Por mais que eu goste quando a preocupação dela é direcionada a mim.

- Vamos para a casa de Elain. Nunca tem nenhum visitante mesmo. - disse Kai.

Olhos preocupados preencheram a minha visão.

- Fora de questão.

- Porque? - Feyre e Nesta perguntaram nadando até Elain.

- Diga-me você - um riso rompeu de Elain e ela parou quando um músculo começou a doer - Eles são bastante atenciosos. Não sei o motivo de tanta esquiva.

Corte de Visões e LuzesOnde histórias criam vida. Descubra agora