CAPÍTULO 2

99 9 1
                                    

            Lucien

            O clarão foi seguido de uma explosão, um show de luzes coloridas, e então a paisagem mudou. A sala meticulosamente arrumada de Kai deu lugar a um jardim, a casa de alguém.

           A casa dos Archeron. Na porta estava entalhado um lobo na porta com um arco e flecha na boca.

           — Um riquinho - disse Jurian apoiando o braço sobre o ombro de Kai - Temos um amiguinho riquinho.

           — Não fode. - Kai disse olhando para baixo, ignorando completamente Jurian. Havia uma escrita no chão ao nosso redor, diversas flores esmagadas e chamuscadas no chão.

           — Essas flores são de... - falou Jurian baixinho apontando com o queixo para mim e o jardim, sem um pingo de sutileza.

            Lucien adquiriu uma expressão dolorida pela rápida menção a Elain, captada por Kai, os olhos azuis acinzentados sempre pareciam está a par de tudo.

            — É. É dela sim. - ele respondeu, saindo do meio do círculo, um ato que foi repetido por Jurian e Eu. Vassa pousou no ombro de Kai, o fazendo de carona conforme ele apresentava a casa.

             O jardim em que estávamos era lindo, havia uma certa luz diferente refletindo pelos dançando pelo arredores. Pude jurar que escutei cochichos e sininhos de longe em meus ouvidos, como se fosse vários baterem de asas de borboletas distintas. Aquele jardim era de Elain. Faz tanto tempo que fui agraciado com a presença dela. Balancei a cabeça, não era hora de pensar nela agora.

           A entrada era linda, tipicamente feérica. Mas, tinha alguma coisa de diferente. A decoração, parecia ter algum estilo mais antigo, muito mais antigo. Parecia ter sido feito a milênios atrás.

           — Não precisa se preocupar em tocar em nada, Vassa. - Explicou Kai quando Vassa se inclinou sobre ele, tentando não tocar nos livros.

           — Por que ? - perguntei.

           — Essa casa é imune a fogo. E tudo nela, também. Fora assim desde que eu era pequeno. Com exceção de vocês, não há nada aqui que possa ser queimado de forma não intencional.

           Minhas sobrancelhas levantaram com surpresa.

           — Até mesmo você ?

           — Bruxos não se queimam. Os bruxos queimam o fogo.

           — Baboseira, você não pode estar falando sério – Kai olhou pelo ombro para Jurian.

           — Não é brincadeira ou um título autodenominado por arrogância. Os bruxos são capazes de queimar o fogo. Lucien foi capaz de presenciar isso. Nestha havia me dito que você havia ficado pálido quando viu as chamas prateadas dela. Aquilo é uma variação do poder misturado com o poder de Nestha, mas é o mesmo tipo de fogo.

          — Isso é alguma medida de segurança que seus pais instalaram para você não acabar colocando fogo na casa ? - perguntei com desconfiança.

          — Não apenas fogo, a casa, também, aguenta relâmpagos e furacões - Kai suspirou. Ele desapareceu e depois voltou com uns aperitivos, sucos e chás. – Não eramos crianças amáveis e doces que nossos pais tanto almejavam.

           Um barulho entusiasmado saiu de Jurian, quando o nosso anfitrião voltou uns segundos depois. Sentamos na mesa, e modiscamos uns salgados variados. Eram deliciosos.

          — Conte, conte o motivo dessa casa precisar ser imune a relâmpagos. Pare de ser tão misterioso - Jurian disse observando a casa imensamente bela. Kai coçou a cabeça e deu um sorriso amarelo.

Corte de Visões e LuzesOnde histórias criam vida. Descubra agora