O caminho até aquele templo era muito rápido. Estranho, já que quando o bruxo ao meu lado diz que é bem ali. Normalmente, é o onde o caldeirão perdeu os pés.
O sinuoso lago era cristalino. Um azul ciano. Aquele lago era gelado, não era necessário entrar nele para saber. Um vapor frio escapava dele.
— Isso deve ser um inferno de tão gelado. - eu disse em um distância segura.
— Quer descobrir por experiência? - falou Kai atrás de mim, cutucando o meu ombro.
— Nem brinca com isso, bruxinho. - rir desviando de seu contato e olhei rapidamente para o que deveria ser onde faziam as reuniões.
Olhos castanhos chamaram a minha atenção, ela observa o lago de cima, com uma expressão relaxada e calma. Mas, ela estava diferente, o cabelo estava em um tom prateado e branco. Elain virou de costas e pude ver que um corpo masculino estava praticamente colado nela. Estavam muitos próximos, colei as mãos do lado corpo, lutando para não estremecer. Uma mistura de emoções ruins.
Grunhi de frustração. A mão gelada de Kai segurou o meu ombro.
— Calma - ele disse em voz suave batendo em meu corpo. Só percebi que estava pegando fogo quando o cheiro entupiu as minhas narinas.
Gritos tiraram a minha atenção de minha camisa. Um corpo caindo da varanda, no lago gelado.
Um risinho saiu da garganta de Kai.
— Irritou a fera. - ele disse baixinho. Para ninguém em específico.
O homem ficou submerso por alguns instantes antes de chegar até a superfície. Os lábios dele estavam roxos e a pele pálido. Precisei de apenas meio segundo para reconhecer o homem, Graysen, ele estava congelando, uma voz cruel em minha mente desejou que ele congelasse antes de chegar até terra firme. O que diabos ele fez para irritá-la a ponto de a fazer jogá-lo pela janela. O que diabos esse desgraçado fez ?
— Disfarce o sorriso, Lucien. Que rude. - ele brincou quando olhei para cima.
Elain estava observando da varanda, algo estava diferente nela. Algo além dos cabelos prateados.
Ele tossiu quando chegou a terra firme. As roupas estavam encharcadas e pareciam estar prestes a congelar.
— O que aconteceu? - perguntou Kai em voz firme.
— Escorreguei, meu senhor. - respondeu Graysen tentando se levantar. Kai segurou a mão dele e o pôs de pé.
O contato com de Graysen com Kai deve ter feito alguma coisa. Pois, rapidamente ele parou de tremer e a pele pareceu ficar mais quente. As roupas dele começaram a secar.— Obrigado, meu senhor. - ele disse em uma reverência quando Kai andou em direção até a entrada imponente.
— Ele se torna agradável em sua presença. - apontei quando estávamos em uma distância segura. - Você disfarçar bem que não gosta dele.
Lembrei-me da reunião que tivemos no mundo humano. Graysen estava lá. Kai o tratou com gentileza e paciência, minutos depois, faltou xingar apenas a mãe do macho.
— Se eu te odiasse, Lucien. Você não conseguiria saber. - ele constatou - E apesar dele ser um macho desprezível, ele ainda é o meu súdito. Sabe qual é um dos fardos da realeza ? - ele não esperou a minha resposta - Governar para todos.
— Nunca terei esse fardo. - esclareci, observando o sinuoso corredor. Alguns servos passavam, indo de um lado para o outro.
Passamos por um salão amplo e depois outro corredor. Subimos uma escada e entramos no que deveria ser o salão do conselho. Era um salão amplo com uma mesa redonda no meio, com janelas amplas mostrando o começo do fim do dia.
Ela estava ali. Quieta, encostada na cadeira, massageando as têmporas. Usava um vestido turquesa, o cabelo dourado estava completamente solto e pequenos diamantes decorando a orelha pontuda. Não havia nenhum sinal dos cabelos prateados.
Consegui sentir a raiva dela, a frustração e um pouco de arrependimento.
— Kai, está de bom humor ?
— Sim, sim.
Ela anuiu com a cabeça. E rasgou o pedaço de papel em dois, quatro, oito e deixou os papéis caírem na mesa.
Transformou-se em fumaça segundos depois.
— Que continue assim. - ela disse levantando o olhar para o irmão.
Ela estava pensativa. Olhou para mim rapidamente e desviou, não havia nenhum sinal do machucado de sua bochecha ou em qualquer outro lugar.
As suas feridas desapareceram.
— O que aconteceu? - arrisquei.
Não percebi.
— O que Graysen disse ? - elain rebateu pegando no ar a caixinha que o primo dela havia jogado.
— Que tinha escorregado.
— Então, foi isso que aconteceu. - ela deu um sorriso sem os dentes.
Mentirosa.
Completamente adorável, mesmo que estivesse mentindo. Os olhos dela fixaram nos meus, observei as sardas de seu rosto. Nutrindo um desejo estranho de um dia chegar a tocar-las, a pele macia e os lábios que adoro.
Kai tossiu ao meu lado, como se tivesse um bicho em sua garganta.
— Sua amiguinha, Mari, mandou para você. - ele explicou. Apontando com a cabeça para a caixinha nas mãos de Elain.- Ela está com saudades suas.
Elain levantou da cadeira.— E o quê mais ?
— Você jogou ele não foi ? - perguntou Kai e ela fez uma cara inocente.
— É uma acusação? - perguntou Elain.
— Não, uma afirmação - respondeu Kai risonho. - Sou inteligente o suficiente para somar um mais um. Só quero que você admita para que eu consiga o atormentar.
Elain suspirou e bateu no ombro dele antes de sair.
— Boa tentativa. - e então, ela saiu.
Kai bateu uma mão uma na outra.
— Você não mandou nenhum único pensamento para ela dessa vez. - ele se vangloriou passando a mão no cabelo- Sou extremamente competente.
— E humilde - acrescentei e ele me deu um soco fraco no ombro. - Forte, também, não posso me esquecer.
— Linguinha afiada essa sua. Cuidado para não cortar um dente ao meio por acidente. - ele avisou.
— Isso aconteceu com você? - perguntei com curiosidade no rosto. - Experiência própria, imagino.
— Quando você morrer, Lucien. Teremos que fazer um caixão para você e outro para sua língua. - ele cantarolou.
— Talvez, você morra mais rápido. constatei - Engolindo a própria saliva por acidente.
Ele ficou com o rosto impassível por um instante e depois sorriu. Ele iria dizer uma coisa maldosa e maliciosa. Vi isso no rosto dele, mas ele estrangulou o pensamento e disse :
— Gostei dessa.
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Notas
Escrever é um bicho estranho. Pensei em outros diálogos e uma cena completamente diferente. Mas, os personagens que nem existem, ditaram toda a situação.
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Corte de Visões e Luzes
Fanfiction- Você é uma hipócrita de certa forma - A voz dele estava firme. Tão firme que parecia uma linha de violão, prestes a se quebrar. Isso chamou a atenção de Elain, surpresa escapou dos olhos dela. (...) - O que você deseja, Lucien, é um amor incontrol...