A partida

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Dakota Brown

Hoje é domingo, quando me casei com Raul neste dia, esse dia era especial para nossa família. Sempre nos reunimos para preparar o almoço, enquanto ouvimos músicas. Meu Raul amava Tim Maia. Aprende o português com as músicas dele. Sinto as minhas forças indo embora do meu corpo, mas preciso pedir perdão, a minha Olivia.
Estou respirando com ajuda de aparelhos, estou deitada na cama aguardando vê-la. Ela entra e me olha. Ela está triste, minha menina. Ela enxuga seus olhos. E senta ao meu lado.

- Mamãe, estou aqui. Tiro a máscara de oxigênio.

- Minha Olivia, chegou. Minha filha me perdoa por tê-la machucado durante esses anos, me perdoa!

- Nunca odiei a senhora, pelo contrário eu amo com todo meu coração. A senhora fez aquilo tudo pela a sua dor.

- Não justifica, minha dor me tornou um pessoa capaz de ferir a pessoa que amo, você minha estrelinha.

- Mamãe, eu a amo.

- Eu também, eu desejei você e seu irmão, quando nasceram, meu coração se encheu de alegria, porque tinha uma menina. Ela era melhor que eu em tudo. Como seu pai dizia que você era a mais forte, tinha razão. Eu estou indo embora, minhas forças está sumindo do meu corpo, mas antes quero que você me prometa ir em frente, mesmo com seu coração esteja ferido, vai continuar com esse sorriso lindo, gentil, alegre, corajoso, audaciosa e acima de tudo vai lutar para ser feliz e construir a sua própria família. Ela chora, eu enxugo as suas lágrimas.

- Eu prometo, mamãe.

- Se lembra o fazíamos aos domingos?

- Cantávamos e organizamos o almoço.

- Seu pai, amava Tim Maia. Tem uma música que  quero ouvir contigo agora, e "Deixa as coisas tristes pra depois", pode colocar no seu celular.

A melodia invade minhas lembranças. Seguro a mão da minha filha. Olho para ela.

- Desculpa, filha. Vou deixá-la sozinha, mas estou muito cansada, vou dormir um pouco. Quero sonhar com seu pai e seu irmão. Eu te amo.

- Eu também, mamãe.

Fecho os olhos, estou dançando com meu Raul. Que saudade que estava. Meu filho está observando atrás.

Narrador

Neste momento, as máquinas apitam. O coração de Dakota Brown para de bater. Ela partiu dançando com seu amado marido, como faziam todos os domingos. Olivia continua sentada ao lado da mãe, ouvindo Tim Maia.

" Deixar as coisas tristes pra depois"

Ela não consegue mais chorar. Os enfermeiros e a drª. Larissa se aproxima e comprovam óbito. Vamos providenciar o velório, Senhorita Olivia, a enfermeira diz. Ela diz que não haverá velório, pois a mãe desejava ter as cinzas jogadas nos túmulos do marido e do filho, ela fez esse pedido no dia do enterro deles. Doutora fica observando as reações de Olívia. Então ela pede os enfermeiros para sair e fala.

- Você precisa chorar, colocar para fora.

- Já chorei, agora preciso resolver tudo.

- Você deve chorar o tanto que precisar para vencer o luto.

- Não consigo.

Elas fica rígida e imóvel na poltrona ao lado do corpo da mãe. Depois de levarem Dakota para cremação, Olivia recolhe as coisas pessoais de sua amada mãe. Ela tem certeza que que está sozinha neste mundo. Ela se lembra que ligar para seu namorado. Ela conta tudo para ele, mas não espera pelo consolo.
Ela está no corredor da clínica esperando as cinzas, ela olha pela a janela, lembrando de sua família. Ela está desejando ter morrido junto com eles, não merecia estar viva. Doutora Larissa observa, pois tem medo da reação dela, mas o que ela não sabe que neste momento Fernando Fontes entra no corredor. Ele a avista. Ele caminha em sua direção, ele está acompanhado por sua família. Ele toca os ombros dela. Ele está chorando, quando Olivia se vira e o olha nos olhos, ela desaba nos seus braços. Ele a segura nos seus braços. Ela sente segurança nele, então ela chora desesperadamente, e é possível ouvir de longe a seu pranto. A família Fontes ficam tristes de vê-la sofrendo, mas feliz, pois a seu filho caçula finalmente tinha encontrado a pessoa para dividir as alegrias e as dores dessa vida. Doutora Larissa sente um alívio no peito, mesmo como médica, era impossível não sentir as dores do seus pacientes.

- Ela conseguiu colocar para fora a sua dor.

Todos observam o casal abraçado chorando juntos. Corações unidos na alegria e na dor. Base sólida para qualquer relacionamento. Olivia e Fernando um casal improvável, provando que quando desejamos estar com alguém devemos estar juntos em todos os momentos.

 Olivia e Fernando um casal improvável, provando que quando desejamos estar com alguém devemos estar juntos em todos os momentos

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