Sombra do passado

666 53 4
                                    

Acordo tendo pesadelo com a imagem de Pierre atirando em Gustavo. Olho para o lado Fernando está dormindo, percebo que o dia já amanheceu. Me levanto, faço  a higiene matinal no meu quarto. Desço e começo a preparar o café da manhã, hoje preciso prestar depoimento sobre o sequestro. Fico  esperando Fernando, logo após algumas horas ele se juntou a mim. Tomamos café, fui me arrumar e saímos para prédio da PF. Acho que ele percebeu minha inquietação, então somente respeitou meu silêncio. Entro no andar, vejo agitação dos agentes, neste momento sou conduzida até a sala de depoimento.  Felipe prepara notebook e gravador.

- Podemos começar, Olivia?

- Sim.

As luzes brancas da sala de depoimento me incomodavam enquanto eu tentava organizar meus pensamentos. A voz do delegado Felipe, soava distante enquanto ele me questionava sobre o sequestro. Cada detalhe voltava à minha mente como um pesadelo vívido: tiro no rosto do Gustavo, os homens vindo para cima de mim, o terror da picada no pescoço, desmaiou e assim tudo que conseguia me lembrar.

Finalmente, o depoimento chegou ao fim. Exausta e abalada, levantei-me da cadeira e caminhei em direção à porta. Ao abri-la, meus olhos se depararam com a última pessoa que eu esperava ver: Pierre Leroux.

Ele estava parado ali, com um sorriso sinistro no rosto. Seus olhos castanhos gélidos me fitaram com uma intensidade que me fez gelar por dentro.

- Olá, Olívia, parece que nos encontramos novamente. Ele disse, com a voz rouca.

A raiva tomou conta de mim. Encarei-o com fúria, meus punhos cerrados ao lado do corpo.

- Como você ousa? eu gritei.

Pierre deu um passo à frente, seus olhos nunca se desviando dos meus.

- Eu só queria o que era meu, você pertence a mim, Olívia. Sempre pertenceu. Ele disse, com uma calma que me irritava ainda mais.

Senti uma onda de náusea me invadir. As palavras dele eram como um veneno que percorria meu corpo.

- Você é louco! Eu nunca pertence a você! Eu disse, com a voz embargada.

Pierre deu um sorriso cruel.

- Veremos sobre isso,ele disse, antes de se virar e desaparecer no corredor algemado e acompanhado pelos agentes.

Fiquei ali, paralisada pelo choque e pelo medo. As palavras de Pierre ecoavam em minha mente, me deixando com um presságio sinistro. O que ele quis dizer com "veremos sobre isso"? Eu sabia que ele não desistiria facilmente.

-Olhei para Fernando, que se aproximava com o cenho franzido.

- O que aconteceu? ele perguntou, preocupado.

Contei-lhe sobre o encontro com Pierre, e a expressão de seu rosto se tornou sombria.

- Não se preocupe, Olivia, eu vou te proteger. Ele não vai chegar perto de você novamente. Ele disse, me abraçando.

As palavras de Fernando me confortaram e me deram a certeza de que estava segura novamente. Aquele devidamente saiu da minha vida. Ele somente  com presença era a única coisa que me transmitia segura, a única coisa que me impedia de sucumbir ao medo.

A investigação sobre o sequestro avançava. A polícia tinha muitas pistas contra Pierre. Retorno para nosso apartamento sozinha, então vou continuar a preparação do buffet de Cássia, antes marco uma consulta com obstetra que também é ginecologista. Depois de organizar tudo e almoçar. Vou até a sala ligo televisão. Me lembro que aqui no condomínio tem uma livraria pequena. Vou até para ver livros sobre maternidade. Por ser bem pequena não tinha muitas opções, apenas duas revistas e um livro. Retorno para casa, início a leitura, mas acabo pegando no sono. Não sei bem quanto tempo eu dormi, mas acordo com aroma de comida. Tem um homem lindo cozinhando. Ele me olha e diz sorrindo.

ALGEMADO EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora