Vida dupla

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Fernando Fontes

Acordo procurando por ela, mas não encontro. Me levanto e vou até o banheiro. Abro a porta, ela está no chuveiro. Tiro minha calça e entro. Ela está de costa, abraço, ela se vira e diz.

- Te acordei, amor.

- Não, mas vendo você assim, estou acordado.

- Safado esse Superman!

- Bem que você gosta, não é?

- Não vou mentir, você é minha perdição.

- Você a minha, pestinha.

Fazemos amor bem gostoso, embaixo do chuveiro. Não foi intenso como na noite anterior, mas bem devagar. Me enrolo na toalha e pego o roupão para ela. Seus cabelos cacheados estão soltos, pego outra toalha e começo a enxugar suas madeixas.

- Amo seus cabelos. Ela me olha.

- Vou para meu quarto, colocar um vestido. Não vai para academia?

- Tenho plantão, vou me trocar e tomar café junto com você, depois vou para o trabalho.

- Então, vou me trocar para arrumar o nosso café.

- Vou me arrumar.

Nós nos beijamos e ela deixa o quarto.

Meu telefone vibra. Pego no celular visor mensagem do Gustavo.

" Viagem para Brasília, cancelada. Atacaram a família de Diogo 🤬. Ele remarcou para a próxima semana."

Fico irritado, visto a minha roupa, coloco o colete a prova de bala e coldre na cintura, depois pego minha arma e a posiciono no local. Ligo para Felipe e informo sobre o cancelamento da operação, ele diz que vai encontrar no prédio da PF. Desligo, termino de me arrumar. Saio do meu quarto e vou para a cozinha. Ela veste um vestido alaranjado de tecido leve, que destaca mais o tom da sua pele, cabelos presos e está espremendo as laranjas. Eu amo observá-la. Quando ela me vê, ela fala:

- Amor você demorou, vem estou terminando o suco.

- Estava em uma ligação. Que saco. Uma operação precisou ser cancelada.

- Então não era para ser, vem! Fez uma tapioca com queijo para você. Gente, não observei que estava vestindo esse colete, ficou um arraso!

- Para com isso, pestinha.

Nos sentamos um ao lado do outro. Ela está com pão quente com queijo, enquanto estou comendo um tapioca.

- Não sei como você, gosta disso, Fernando. Ela olha com cara de quem não gosta.

- Você que é chata, toma um pedaço.

- Não quero. Tem gosto de polvilho. Aqui o ovo mexidos fez separado. Ela diz.

- Não vai mesmo denunciar o Pierre.

- Você quer estragar nosso café, pelo amor de Deus, Fernando. Deixa aquele homem pagar na vida dele, porque a justiça divina vai cobrar.

- Tá bom, mas não me esconde nada, por favor! Diante da sua decisão o que vai fazer agora, vai trabalhar com sua amiga?

- Não, somos ótimas amigas, mas trabalhamos juntas só de vez enquanto. Não sei o que fazer, quero trabalhar no ramo da confeitaria, mas não sei como.

- Por que não trabalha com buffet especializado de bolos e doces, já tenho uma cliente para você.

- Quem é?

- E uma agente que trabalha comigo, ela se chama Cássia. Ela vai se casar, está com tudo pronto, mas não conseguiu alguém para fazer o bolo e os doces. Pode começar fazendo aqui em casa, até conseguir um lugar. Tudo bem devagar, o que acha?

ALGEMADO EM VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora