II. Um Novo Dia

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- Tchau, pessoal! Foi um prazer estar com vocês. Tomem cuidado com a chuva, está muito forte lá fora. Obrigada pela ajuda!

Amy se despedia de seus amigos à porta, Sonic com o braço em torno de seus ombros. Quando o último mobiano restante - a figura de duas caldas - atravessou o portal, lançando, com seus olhos de piscina, um olhar carinhoso e realizado aos dois, o som da chuva foi abafado pela casa novamente. Amy observou seus amigos se distanciarem pela fresta da persiana sob guarda-chuvas contrastáveis.

A ouriça rosa encontrou o olhar do azulado, que ergueu as sobrancelhas. Sequer se mexeu enquanto o fitava. Achava que um movimento mais brusco a derrubaria da cama e a acordaria daquele sonho maravilhoso.

- Aposto que amanhã - iniciou Amy, com ar sonhador -, nas primeiras páginas dos jornais, estará escrito, com enormes letras em negrito: "Sonic enfim revela que pode se apaixonar e se declara para sua amada". - Ele riu. - Garanto que serei a primeira a ler.

Mas o brilho nos olhos do ouriço foi sumindo, Amy percebeu.

- Ei...

Amy caminhou até ele. Os olhos penetrantes do ouriço se ergueram para ela, um tanto vazios.

Ela sabia que agora as coisas seriam bastante diferentes entre os dois. Tudo se tornaria bem mais dinâmico e já não sabiam o que poderia acontecer amanhã; estava fora do alcance deles. Conhecendo bem os rivais do ouriço, ela tinha a certeza de que não perderiam tempo em irromperem na vida feliz do casal. Mas ela estaria pronta para isso. Deveria estar. Ela era uma garota independente e sabia se defender. Os perigos de um nome popular entre vilões e sádicos como Sonic ter um relacionamento divulgado eram inevitáveis. Talvez por isso, Amy não soube bem o que dizer para consolá-lo, e fez-se silencio na sala por um momento.

- To bem.

O esperado era que Amy quebrasse o gelo, mas o Azulão tomou a frente.

- Eu to bem - repetiu ele. - Mesmo. Estarei aqui para lidar com o que vier. Só... Tenho medo. Sabe? Do que... pode acontecer. Mas não quero ser pessimista. - E parou, encarando a mulher à frente, que não sabia bem como lidar com tudo aquilo. Silêncio de novo. Mas ele não aguentou muito antes de soltar tudo sobre ela, falando e gesticulando tão rapidamente que, no final, Amy mal captou um terço de tudo o que ele disse.

- Caramba... O que acontece com a gente agora? Eggman... Eggman! Ele vai vir atrás de nós amanhã mesmo! Tenho CERTEZA disso. Ele vai sequestrar você e vou ter que me submeter a ser morto por um dos badniks dele para que a solte! UM BADNIK! Quantos deles já não destruí? De qualquer forma, eu não suportaria ver você sendo presa pelo cabeça de ovo. Perderia minha sanidade em segundos. Ele vai tocar no meu ponto fraco, dominar o mundo e... Meus amigos, o que acontecerá com eles? Serão torturados até enlouquecer? Mortos?! Transformados em mais...

O azul aquietou-se quando Amy colocou as mãos em suas bochechas e inclinou sua cabeça para ela. Ele corou, a boca formando um zero na horizontal.

- Badniks - completou, atordoado.

Ela aproximou seu rosto no dele, mas não como alguém que quer beijar. Suas frontes e nariz se tocaram; Amy fechou os olhos e Sonic, seguindo seu instinto, fez o mesmo. Ficaram assim por um bom tempo, sentindo a respiração um do outro. O coração do azul parou de palpitar tão rápido. Por um instante, só existiam os dois. Nada mais.

- Isso foi... - disse Sonic, quando se distanciaram. - Estranho. Mas muito bom. O que é... isso, exatamente?

- Vi em um filme - respondeu a ouriça com simplicidade. - Sonic. - Muito de repente, o ar sonhador evaporou e deu lugar a uma Amy mais centrada: - Problemas viriam até nós de uma forma ou de outra. Estarmos juntos não mudaria isso. Agora que sabemos que é recíproco, vamos lidar com isso com bastante maturidade e enfrentar o que estiver por vir. Juntos. Posso contar com você para isso?

A Última Gravação (Sonic)Onde histórias criam vida. Descubra agora