𝙀les adentraram o hospital como soldados escoltando sua princesa. Amy, à frente, caminhava com o passo pesado e o sangue nos olhos que adquiriu nos dias anteriores. O cabelo mínimo e quebradiço, a face exausta e o corpo magro. Mas era forte. Ela não era mais a Amy Rose que correria para sempre atrás daquele que amava e tomaria isso como o único intuito de sua vida. Não. Amy era mais que isso. Era uma guerreira em todos os vértices de sua vida — uma mãe, uma esposa; uma sobrevivente que escolhia lutar, sem martelos ou punhos. Sua luta, como jamais imaginou, seria hospital adentro, à sala de cirurgia. E assim como em todas as suas batalhas empunhando seu martelo mágico, ela não hesitaria.
O Hospital de Greenstone era o mais próximo da região. Noah e Lana disseram que o visitaram quando o acidente com Ian McGyver ocorreu. Pasma, Amy não hesitou em fazer uma rápida visita ao desconhecido antes de sua missão principal, uma vez que sua rápida estadia em Mobius poderia estar próxima do fim. Ela foi deixada a sós com o paciente por seus acompanhantes, no que o velho senhor abriu um sorriso enorme. Abraçaram-se. Contaram suas histórias.
— Amy Rose, você jamais deixa de ser bela, não é?
E o senhor, por mais rude que pudesse soar, comoveu-se com a história da ouriça. Desejou-lhe sorte, apertando uma mão trêmula e entrelaçada na da outra. E emocionou-se, pois que difícil seria perder alguém tão querido novamente.
— Por que as coisas tem de ser assim? — indagou-se, triste, lembrando de sua antiga vida.
Amy não tinha memória alguma dele, e por isso não soube o que dizer para reconfortá-lo. E sabia que era uma dura realidade.
— Precisamos nos manter fortes. Precisamos ser bons — disse à velha lontra. — Tudo para que o mundo possa ser também, ou estaremos nos igualando à vida. Sr. McGyver, não o conheço, mas meus filhos me relataram o seu sofrimento. — Cruzou as pernas ao lado do mobiano, sentada na cama. — Então... Não mate a criança que existe dentro de você. Não, porque as pessoas que o amam e o valorizam não iriam querer isso. Viva a sua vida o quanto pode. Alegre-se! Porque, bem... Tudo pode acabar amanhã.
E com isso, sem dizer uma palavra, McGyver digeriu a fala de Amy duramente. E sorriu:
— Pode achar que não, mas desde que eu a conheci, você evoluiu muito, Amy. Seja lá o que aconteça lá dentro, naquela sala, eu desejo com o meu coração que encontre paz para a sua alma. E para a sua família.
ִִִִִִִֶֶֶֶֶֶָָָָָָ ִֶָ ִִֶֶָָ
A hora chegou.Amy aguardou mais alguns segundos à entrada. Tinha esperanças de que encontraria Sonic ali, pois uma despedida seria decente. Afinal, algum dia eles se amaram. E trouxeram alegria ao mundo com seus belos filhos. Mas ele não veio.
— Amy... — Apesar da voz doce, Cream surgiu atrás dela com um tremular ligeiro no tom, agora acompanhada de Cheese. — Sinto muito se ele não vier. Quer que eu ligue para ele?
“Chao...”
Amy fitou-a por cima do ombro. Por um instante, voltou a encarar a rua deserta àquele entardecer de azul-fantasma. E a acompanhou para dentro do estabelecimento:
— Não precisa. Se ele não veio, não deve querer me ver.
Amy foi preparada rapidamente para o processo. Com a vestimenta azul-marinho do hospital, recebeu as instruções da enfermeira e sentou-se na cadeira de rodas, onde seria levada para a sala de cirurgia. A doutora questionou se ela desejava ter mais uma despedida com seus amigos ou um tempo sozinha, mas ela não quis. Ela não adiaria mais o processo. Aquilo precisava terminar.
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A Última Gravação (Sonic)
FanficDepois de ir morar com Sonic, Amy se depara com acontecimentos e comportamentos muito estranhos dentro da casa.