XX. Epílogo

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𝘾onforme os ventos faziam sua pelagem balançar à música do gramado ao redor, Sonic agachava-se defronte à lápide, deixando uma bela rosa verde-água dos campos de Mobius, como de costume. Leu-a e estudou-a como se procurasse encontrar algo novo após tantos anos indo ali, mesmo velho.

— Ei, minha heroína... — Chamou-a e silenciou como se esperasse uma resposta. — Não houve um dia em que não pensasse em você. E eu sei que não queria que eu me sentisse culpado. Eu tenho tido muito empenho nisso, acredite. Amei nossos filhos por dois. Nós viajamos, fomos à Terra... Apoiei Lana quando ela decidiu publicar o livro dela. Ou melhor, o seu livro, hehe... — Abriu um sorriso enorme, bobo. — E foi um sucesso, como eu esperava. Agora todos sabem quem você realmente era, Lana é uma escritora de sucesso, Noah é um... detetive, uniu-se aos Chaotix. Eu realmente não esperava isso dele, mas fiquei tão orgulhoso! Nossos filhos são verdadeiras pérolas. E agora todos têm suas famílias e filhos, como nós.

Fez silêncio à ventania que o sobrevoou, congelante.

— E quanto a mim... Bem, eu tenho sobrevivido. Não parei de ajudar a Mobius. Surgiram mais alguns inimigos, Eggman fugiu da prisão, como eu já imaginava... E iniciamos esse loop eterno de novo. Mas é só que... tudo é tão diferente sem você, Amy. Eu sempre sinto uma parte de mim faltando. — Duas bolas de água desceram dos olhos. — Eu nunca deixei de te amar. E sei que está bem agora, provavelmente comendo muito sorvete com Vanilla, e as duas aproveitando um lindo pôr do sol. Como da última vez que a vi. — Engoliu no seco.

— Tio! Você vem?!

O ouriço olhou por cima do ombro, e atrás do cercado do cemitério, um pequeno híbrido de raposa e ouriço roxo o encarava, saltitante de tão ansioso e com a mochilinha atrás.

— Vou, sim, amigão! Só espera um minutinho.

Ele o deixou.

O ouriço voltou a cabeça para a lápide.

— Bem, era só isso, na verdade. — Suspirou, triste. — Sei que algum dia verei você e que nós vamos ter o nosso final feliz. Mas enquanto isso... — Ergueu-se de um salto. — Tenho que encher o saco de umas pestinhas. — Sorriu e postou os punhos na cintura, o peito elevado, como um herói. — Até algum dia, Amy.

E ele correu rapidamente até o final da rua, onde Lana, Noah e seus filhos os esperavam. O ouriço azul se divertiu com as duas crianças de Lana e a única de Noah pela rua, quase como na infância de seus próprios filhotes, até que chegassem na pequena construção colorida, onde outrora seus dois filhos estudaram. Se despediu de seus netos e juntou-se a Lana e Noah à entrada, ambos sorridentes.

E Noah aproximou a face de Sonic, para que o pai o escutasse em meio à aglomeração de pais e filhos ali, no primeiro dia de aula.

— Tenho certeza de que ela estaria orgulhosa de nós.

E Sonic assentiu com a cabeça; fechou os olhos e por um minuto achou que podia sentir Amy ali, ao lado dele com seus belos cabelos esvoaçando ao vento, os assistindo, os lábios muito elevados em um sorriso verdadeiro.

— Ela está, filho — corrigiu-o um emocionado Sonic. — Está, sim.

A Última Gravação (Sonic)Onde histórias criam vida. Descubra agora