III. Bazar da Morgana

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𝐀my se admirava no reflexo do painel de vidro. Seus longos cabelos rosa caiam sobre os ombros. Estavam tão brilhosos e lisos quanto no dia anterior, pareciam até melhores. O cardigã cinza que vestia dava um contraste interessante com a calça rasgada azul e camisa branca que usava. Se autoavaliando, girou e fez várias poses ao reflexo, as asas de morcego da roupa a acompanhando.

Não usava mais o vestido verde água. Na verdade, já tinha acordado com aquela roupa. Mais cedo, o ouriço azul a apresentara a um closet escondido no seu quarto, com demasiadas roupas para que ela pudesse usar uma diferente a cada dia. Ela teve um surto quando viu aquilo, e tinha um ataque de risos a cada novo cômodo visitado. Mas o que estava realmente acontecendo ali, se ontem Sonic estava inseguro, e hoje já estava completamente confiante de que seu relacionamento com a rosa daria certo?

Se Sonic estivesse dando um passo maior que a perna, poderia levar um tombo. Amy nunca tinha visto o azul tão temeroso quanto no dia da ascenção de seu relacionamento. E tudo mudou, de repente.

Mas Amy estava bem e não queria se preocupar com isso. Eles ficariam um bom tempo confinados naquela casa enorme e, se o amigo garantiu que todos os outros estivessem bem, como ele mesmo havia mencionado, não tinha nada do que se preocupar. Este era um momento para ser aproveitado: seu dever agora era garantir que seu laço com Sonic fosse ainda mais estreitado.

Será que Eggman é do grupo de risco? Queria rir com a dúvida, mas não desejaria este mal nem a seu pior inimigo.

— Amy.

O azulado surgiu repentinamente às costas de Rose. Ela girou com um pé no momento em que ele colocava uma máscara na face, os dois elásticos na horizontal entre os espinhos.

— A casa ficou ótima, mas esqueci de abastecer nosso estoque de compras — riu, ajustando a máscara ao rosto. — O mercado mais próximo é um pouco longe e a fila é bem grandinha. Quer que eu traga algo para você?

— Nadinha, acho que já tenho tudo aqui. — Deu de ombros.

— OK.

Ele foi em direção à porta.

— E, querida... — Voltou-se para ela. — Não saia da casa de forma alguma, entendeu? Só se um incêndio ou algo do tipo estiver acontecendo aqui. Senão, não saia. Você pode encontrar ferramentas e o que mais precisar no sótão da casa. — Agora que a máscara cobria boca e nariz, seus olhos destacaram-se na face e Amy notou que o esmeralda de suas íris era tomado por escuridão. — Estamos entendidos?

— Aah, claro! Está bem.

Foi-se em um raio azul.

Eu, hein.

Ela nunca tinha visto o azul tão preocupado assim, mas o entendia. Afinal, o vírus lá fora poderia ser muito perigoso e estava colocando medo até nos mais corajosos.

Sem Sonic para acompanhá-la, a rosa vagueou pela enorme casa, passando a mão pelas ferramentas da cozinha, observando fotos dela com os amigos postas na estante e avaliando um espaço vazio entre decorativos na cômoda a uma parede da sala. À televisão, só haviam reportagens e mais notícias sobre o vírus que se espalhava rapidamente por aí. Amy se lembrou do que o amado lhe contara mais cedo.

“Nem pense em mudar de canal. Eu já tentei e não tem mais nada além disso passando.”

Preferindo ficar no silêncio absoluto, sem mais notícias ruins, Rose desligou a televisão. Então, lembrou-se que a qualquer momento o barulho de uma furadeira poderia ressoar pelas paredes da casa. Mas não ressoou.

O profissional era um ouriço negro bastante determinado. Rose o cumprimentou, mas ele mal a olhou nos olhos e já retornou às tarefas numa das paredes da casa. Estava resolvendo um problema de infiltração: como a casa não havia sido construída por pessoas especializadas, conflitos assim poderiam surgir, como ele mesmo disse.

A Última Gravação (Sonic)Onde histórias criam vida. Descubra agora