XVI. Relações peculiares

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𝙊 quarto de Lana era arejado e sua pintura fora, muito provavelmente, escolhida restritamente pela própria, usando sempre tonalidades claras e tons pastéis. Amy foi deixada no cômodo tinha pouco tempo, e ela identificou algumas semelhanças com o quarto de sua moradia anterior. Todavia, não quis analisar o ambiente muito atentamente. Talvez por não querer reviver mais memórias sobre Sonic. Simples em seu intento, ela se deitou na cama e fitou por longos minutos a paisagem chuvosa janela afora, a qual já se fendia em clareiras vez ou outra.

Não pensou.

Ela imaginava que teria longos minutos de reflexão, mas a sensação de angustia a acertou em cheio, e então, o vazio. Uma taquicardia fez presença, circundando o momento de infelicidade que sentia. A ouriça rosa só viu como opção dormir. E assim o fez, para que todas as melancolias e incertezas fossem embora com seu sono, pelo menos por algum tempo, até que seus fantasmas voltassem maiores e mais fortes. Mas, pelo menos naquele instante, ela os manteria longe com um soninho ao fim de tarde.

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Amy, Sonic e seus filhos corriam sob um céu de azul muito vívido, risonhos. Eles se divertiam com Lana e Amy correndo atrás de Noah e Sonic, respectivamente, após ambas terem suas pipas roubadas pelos dois enquanto as empinavam no campo. Amy alcançou Noah, aproveitando que o miúdo não desfrutava da mesma velocidade do pai ainda, e o fez de refém, tomando sua pipa de pirata e a de Lana, que ele roubara.

— É simples, queridinho! — Amy bradou, irônica, ao ouriço azul. Noah dava pulinhos nas pontas dos pés para tentar recuperar o objeto de papel, a mãe segurando-o no alto maldosamente, a rabiola dançando, cômica e fronteira ao seu rosto. — Devolva a minha, que eu devolvo a dele!

— É! — acompanhou uma Laninha de voz fina e feroz.

Sonic gargalhou a vários metros deles e caiu sobre o gramado reluzente.

— Nem pensar! — levantou a cabeça, engraçado. — Chantagem não funciona comigo, bobinha!

Amy desceu o olhar com um sorriso perverso ocupando a face, os olhos verdes esbugalhados e fixos no ouriço menor, o qual se adiantou ao sair correndo com seus tênis verdes camuflando-se no solo. (“Ai, não...! De novo não...”)

— Você fez a sua escolha, Sonic the Hedgehog! — gritou uma divertidíssima Amy Rose, correndo atrás do filho. — Agora seu aliado sofrerá severas consequências! Ele será punido com uma pena de mil anos de cosquinhas na barriga! HÁ!

— É isso aí, mamãe! — gritou Lana, atrás.

E, como disse, puniu o filho às gargalhadas gostosas dele, Lana chegando logo em seguida para ajudar sua aliada. A barriga do escuro chegava a doer quando Sonic se lançou como um raio para acudi-lo, e Amy ergueu o filho no ar com os braços, afastando-o das mãos do pai, o qual tentava socorrê-lo. E o ouriço pequenino riu mais ainda.

O chapéu de palha da ouriça voou a uma ventania forte.

— Eita! — reagiu ela. — Já volto!

Amy.

Os dois ouriços cantaram vitória enquanto Amy corria em direção ao acessório, que flutuou como sementes ao vento, sem querer ser capturado. Distanciou-se da família com o braço estendido até que só os ouvissem como fantasmas de seu passado. Uma voz a chamava ao longe, cada vez mais presente.

Amy...!

O lugar agora parecia bem mais assustador sem as pessoas que amava por perto, e a ansiedade se manifestou em sua barriga. O vestido azulado flutuava às correntes de ar, quando uma aparição surgiu de um feixe de luz repentino à frente, capturando seu chapéu e obrigando a rosa a colocar a mão à frente dos olhos.

A Última Gravação (Sonic)Onde histórias criam vida. Descubra agora