VIII. Ian McGyver (Vol. 2)

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Querido diário,

Papai nunca falou muito sobre minha mãe após a morte dela. Sinto que Noah também tem curiosidade sobre o que aconteceu, mas escolheu deixar para lá, provavelmente porque nada do que fizermos vai trazê-la de volta. Acho que eles têm razão em silenciar sobre isso.

Mas sinto como se eu precisasse me conectar com meu passado de alguma forma. Sempre fui taxada de louca por ser filha de Amy Rose, mas eu realmente não me importo. Os jornalistas, nenhum deles, sabem a verdade: minha mãe era uma mobiana corajosa e faria de tudo por seus filhos e por aqueles em quem acreditasse. Os rumores de 2035 não passavam de rumores, apesar de poucos acreditarem em mim.

Independente do que digam, eu vou defender a minha mãe até o fim. Sendo filha dela, sei da verdade. E, agora que estou mais velha, posso publicar minha versão da história nos jornais, mostrar a minha verdade ao público e o quanto sofri com essas fontes de desinformação. Sou filha de uma famosa e tenho ciência do poder que tenho nas mídias. Mas já não quero ser conhecida como "a filha de Amy Rose". Este ano, vocês vão conhecer Lana "Cream" Rose. Vão conhecer a verdade.

Lana fechou o diário sobre as pernas dobradas com um baque, bastante determinada. Guardou-o sob a cama e levantou-se abruptamente do chão. Então, se encarou pelo espelho vertical ao canto do quarto.

Exatamente como ela. Ou, pelo menos, como minha mente escolheu se lembrar dela.

Apesar da pelagem violeta, Lana possuía os mesmos olhos e cabelos de Amy, cabelos esses que tanto mudava o corte ao longo dos anos, pelo pouco que sabia sobre sua mãe. Lana resolveu seguir a tradição de Amy e experimentou diversos estilos de penteado, especialmente na adolescência. Agora, prestes a atingir a maioridade, ela se contentava com um corte de cabelo até os ombros, ondulado. Combinava com seu rosto e achava tão simples, quanto forte.

Em geral, a garota era bastante estilosa. Naquele exato momento em que se observava no reflexo, usava botas e jaqueta de couro, calças jeans rasgadas e vários outros apetrechos - brincos, pulseiras e um colar de opalina.

Deu um giro para pegar suas maquilagens na cômoda e tomou um susto: Noah a esperava em silêncio à porta, um sorriso escancarado no rosto e os olhos arregalados. Eram suas gracinhas habituais, mas já não a assustavam tanto.

- Para com isso, idiota! - impôs ela, mas estava indisfarçavelmente segurando o riso.

A expressão do irmão voltou ao normal depois de obter sucesso com sua artimanha.

- Pensei que você não ia virar nunca - comentou o azul escuro com um leve toque de alívio. - O que você tanto tava se olhando no espelho? Vai sair?

- Não é como se fosse da sua conta - ela ocasionou alguns barulhos vasculhando a gaveta nada organizada de maquilagens na cômoda -, mas vou, na verdade. E, sobre eu ficar me encarando... Bom, você acha que... Você acha...

Ela fechou a gaveta com um batom rosa na mão e se virou para o maior e mais novo.

- Você acha que eu me pareço com Amy? - questionou, ansiosa. - Em aparência e... personalidade?

- Ahn...

Pausa dramática.

- Eu não tive muito tempo com nossa mãe, fui como você. Mas, até onde sei, você tem traços dela. Traços de personalidade, não tenho certeza. Mas tem um pouco do físico dela, com certeza. Por quê?

Ah, não! Odeio quando perguntam o motivo. Não insista nisso, por favor.

- Nada, só pra saber. - Ela postou-se em frente ao espelho e começou a passar o batom rosa nos lábios.

A Última Gravação (Sonic)Onde histórias criam vida. Descubra agora