Com muito pesar, ela jogou os fragmentos do CD pela privada. Agora andava de lá para cá na sala, raciocinando.
Ela refez os próprios passos na casa. Lembrou-se de quando acordou nela, viu a reportagem gravada da pandemia afora e de que Sonic contou que todos os seus amigos estavam bem. A rosa, entretanto, já não tinha mais certeza alguma disso.
Por que Sonic mentia? E por que o técnico o ajudava? Os dois não queriam que ela saísse de casa, mas o que eles tanto temiam que ela soubesse lá fora era uma incógnita. Mas, se os dois mentiram, Morgana também fazia parte disso.
— ARGH! — berrou, furiosa. — Eu sabia que não podia ter confiado nela!
Contudo, Amy não se lembrava de nenhuma pandemia como aquela, e as reportagens ainda pareciam-lhe muito reais enquanto olhava para a televisão, apesar de datarem do mesmo dia em que estava vivendo e os próprios repórteres confirmarem isso. Ainda assim, o fato de serem transmissões gravadas e as pessoas ao seu redor as tratarem como atuais a atormentava.
Mas seus amigos... Será que corriam um perigo pior que ela?
Assustada, Rose dirigiu-se ao computador em seu quarto rapidamente e percebeu que ele, na verdade, não ligava. Esta poderia ser sua única forma de se comunicar com os amigos. Rose lembrou-se da fala de Sonic, mais cedo:
“Seu celular está guardadinho na sua antiga casa. Hoje não quero que pense em tecnologia alguma. Vamos aproveitar o dia juntos, sem distrações.”
Se antes soava fofo, agora aquilo lhe dava calafrios. Sonic escondia algo dela, e a rosa não tinha um bom pressentimento sobre isso.
De repente, tudo ficou escuro, como se um eclipse tomasse conta da Terra. Amy assustou-se, olhando em volta no negro absoluto. Sem aviso, a iluminação voltou ao normal e a ouriça fitou interior e exterior da casa; nada fora do comum. Pasma e confusa, a rosa escolheu tratar aquilo como um aviso de que havia algo a ser investigado.
Ela continuou refazendo seus passos e se recordou da situação com o técnico acerca da torneira. E se ele tivesse fechado a válvula, secretamente? Isso faria com que ele quisesse a ouriça fora de casa e, até onde Rose sabia, nenhum deles queria isso. Mas talvez ela estivesse errada: o técnico não tentou impedi-la de atravessar a porta da frente.
Todavia, não tinha mais nada para consultar e era muito cedo para confirmar qualquer coisa. Infelizmente, o CD que Amy pretendia reassistir se partiu, o mesmo que ela apagou e teve visões bizarras e inexplicáveis.
Vou precisar de mais pistas para descobrir o que está acontecendo aqui.
Amy lembrou-se de Morgana e do objeto estranho à prateleira; a bola de brinquedo. A sensação que teve quando a viu foi a mesma das velas, do vestido branco... A mesma de assistir à gravação. Ela precisava saber a origem daquele objeto.
Ah, e claro... Não quero ficar com nada daquela mulher.
Pegou a sacola que Morgana preparou para ela mais cedo, checando os falsos itens de prevenção dentro. Mas tomou um susto com o que viu embaixo de pacotes de máscara e álcool em gel: Morgana tinha inserido aquela mesma bola dentro da sacola, sem que Rose percebesse.
A rosa largou a sacola com a bola em mãos, analisando-a minuciosamente, sentindo seu material borrachudo. Balançou-a, cheirou-a. Peso comum, cheiro de borracha. Mas sentiu uma pontada no peito. Era um misto de emoções, como uma melancolia, mas com um toque de felicidade que ainda podia ser sentida.
Dourado.
Ela queria descobrir a origem do objeto. Colocou-o dentro da sacola e correu, levando em conta que o ouriço azul poderia chegar a qualquer minuto. Tirou as botas no caminho e deslocou-se melhor descalça: elas não lhe serviriam de nada agora.
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A Última Gravação (Sonic)
FanfictionDepois de ir morar com Sonic, Amy se depara com acontecimentos e comportamentos muito estranhos dentro da casa.