Quando eu te fiz sorrir

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Rio de Janeiro, Brasil, 02 de janeiro de 2023, 16h30

~Lívia's Pov:

Segundo dia do ano, primeira pintura que faço. Ganhei um kit de pintura com 10 telas pequenas e um cavalete de Natal, e estava pensando em como usá-lo. Então me ocorreu a brilhante ideia de pintar uma paisagem. A única que eu conhecia até então era árvores, morrinhos e grama.

Coloquei minhas coisas numa mochila, e levei uma canga também, pra sentar no chão. Coloquei uma saída de praia por cima do biquini, me equipei com meus óculos de sol e desci as escadas. Passei pela cozinha, encontrando com minha mãe fazendo um suco.

- Vai à praia? – me pergunta, passando o líquido para a jarra de cristal.

- Vou sim! – pego uma maçã na fruteira, e dou a volta na bancada para lhe abraçar – Decidi pintar a paisagem.

- Uma ótima ideia! Vai usar seu presente novo?

- Exatamente. Tava agoniada de não saber com o que usar, e agora já sei. Mas bom, já vou indo, antes que o sol se ponha de vez. 

- Tchauzinho, filha!

Saio de casa, saltitante. Demoro menos de 5 minutos para chegar aonde eu queria, e já monto a canga na areia, despejando meus materiais de pintura por cima. Montei o cavalete e peguei a tela que trouxe, ajustando-a para que não caia dali. Olho para a imensidão azul na minha frente, e o sol está perto de sair de cena, para dar lugar à bela lua com suas estrelas.

Minha inspiração geralmente vem com música, então, busquei em meu celular alguma que combinasse com o momento presente. Resolvi colocar "Águas de Março", de Elis Regina com Tom Jobim. Particularmente, amo bossa nova.

Misturei algumas tintas na paleta, e comecei a dar leves pinceladas na tela. Pintei o mar calmo, com as ondas quebrando na areia e o sol já baixo, acompanhados de algumas palmeiras e coqueiros, além das nuvens e uma vegetação nativa daqui. Sorri com o que fiz, e achei a minha criação perfeita, modéstia à parte. Quero pendurar essa na parede acima da minha cama, já que está vazia – consequentemente, sem graça.

Havia uma brisa suave pairando no ar, e as lembranças do dia de ontem me invadem os pensamentos. Sorri, lembrando de como Alex e eu nos demos tão bem. Confesso, eu não esperava ser tão elogiada pelo meu sorriso. Nenhum menino me elogiou tanto por isso. Na verdade, nunca me elogiaram por isso. Nunca me senti tão bem com alguém, do jeito que me senti com ele. Realmente, tem algo de especial.

- Tomando um ar puro? – ué.

Olhei para trás e lá estava ele, em uma camisa branca com os botões abertos, uma bermuda de banho marrom e uma mochila bege (do que suponho ser de seu violão, devido ao formato) nas costas. 

- Vim aqui buscar inspiração para pintar.

- Posso? – pergunta, referindo-se a sentar ao meu lado.

- Claro! – dou espaço, vendo sentar-se junto a mim.

Quando termina de se ajeitar, quebra o silêncio entre nós.

- Conseguiu pintar o que queria?

- Sim! Fiquei feliz de conseguir usar o meu presente de Natal.

- Posso ver? – ele pergunta e eu assenti, mostrando a tela no cavalete.

- Ficou lindo! Você pinta muito bem.

- Obrigada...

- E como passou o resto do dia? Fez algo de bom, além disso?

- Não fiz nada. Sempre que eu tenho oportunidade pra ficar de bobeira na minha cama, eu aproveito.

- Somos parecidos, então – ele dá uma risadinha e eu sorri – Hoje eu ajudei meus pais a arrumarem a casa depois do caos de ontem. Não esperava que a maluca da dona Verônica fosse fazer o que fez.

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