⌜CRAZY IN LOVE⌟

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Assim que entrou no carro de Hoseok, Jeongguk teve a estranha impressão que não foi para agradecer pelo jantar que Taehyung havia o chamado antes de ele sair. Era confuso, mas seu coração ficou pesado, e mesmo sabendo que não deveria, Jeongguk se sentiu culpado por deixar o ex-soldado sozinho naquela casa enorme.

— Está tudo bem? — Hoseok perguntou.

— Sim... tudo bem. É só que... estou me sentindo um pouco culpado por deixar o Taehyung sozinho — respondeu, coçando a nuca.

— Se você achar melhor, podemos sair outro dia.

— Não! Não precisa. Eu também preciso me distrair um pouco.

— Beleza... então, vamos lá. Pronto para conhecer a noite de Daegu? — indagou, dando um sorriso animado.

Instantaneamente, Jeongguk se sentiu mais empolgado.

— Não vejo a hora.

Hoseok saiu com o carro, e Jeongguk se forçou a deixar qualquer sentimento de culpa em um canto escondido de sua mente. Ele precisava sair e interagir com outras pessoas. Ver gente diferente. A reclusão de Taehyung estava o afetando e por ser uma pessoa sociável, se sentia mal. No fundo, Jeongguk tinha esperança de que ao sair, Taehyung perguntasse se poderia ir junto, que tivesse uma iniciativa de deixar aquela casa. Mas era esperar demais, como sempre. Taehyung era tão jovem, o angustiava vê-lo preso dentro de casa, se escondendo do mundo por motivos que não eram realmente um problema.

E daí que ele mancava um pouco — algo que Jeongguk tinha cada vez mais certeza que era um problema psicológico do que físico. E daí que tinha cicatrizes no rosto. Taehyung continuava tão bonito quanto se não tivesse nada. Às vezes, ele até se esquecia dos riscos irregulares no rosto do ex-soldado.

— Tem certeza que está bem? — a voz de Hoseok o fez voltar a realidade.

O rádio estava ligado agora, tocando uma música animada que Jeongguk nem havia percebido devido sua distração.

— Sim, desculpa — pediu, sem graça. — Prometo que sou uma companhia melhor. Só me distraí pensando em uma coisa.

— Essa coisa, por acaso, se chama Kim Taehyung? — perguntou, o olhando de lado e dando um sorriso.

— Vou ser sincero com você — começou, se arrumando melhor no banco. — Achei que talvez, quando me visse saindo com você, ele diria que queria vir junto. Pensei que ele quisesse sair de casa em algum momento.

— É complicado para o Tae sair. Eu o conheço esse tempo todo e o máximo que o vi fazer, foi sair para ir ao médico, usando máscara e óculos escuros.

— Não consigo entender, Hobi. Não há nada de errado com ele. Por que se esconder tanto?

— Vergonha, talvez? Acho que o Tae tem medo de ser julgado. Você sabe como as pessoas são... Estamos acostumados a olhar para ele, mas sabemos que no começo é um pouco chocante.

Eles continuaram conversando durante o percurso até o bar. Assim que entraram no centro de Daegu, Jeongguk percebeu como o ambiente era completamente diferente do qual estava começando a se habituar, mesmo que só estivesse na cidade há pouco mais de duas semanas. As luzes, o barulho e as pessoas indo e vindo, o fizeram sentir como se tivesse ficado meses afastado da civilização. Hoseok estacionou em uma das vagas que encontrou, e logo que desceram, apontou em direção a um bar com uma placa brilhante e colorida com o nome Substance.

O bar não estava cheio como Jeongguk imaginou que estaria, principalmente em um sábado à noite, mas era bom porque poderiam conversar sem que o barulho atrapalhasse. Eles escolheram uma mesa próxima de uma das paredes decoradas com recortes de jornais antigos, e sentaram um de frente para o outro. Uma música ambiente tocava no fundo, em um volume baixo e confortável para conversas. Prontamente, um garçom veio para atendê-los e Hoseok escolheu duas garrafas de cerveja e uma de soju. Enquanto esperavam, Jeongguk passou os olhos pelo local, observando as pessoas bonitas rindo e se divertindo, sem conseguir evitar pensar em como seria se Taehyung estivesse ali.

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