⌜PERFECTLY WRONG⌟

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Depois da primeira vez que ouviu Taehyung gritando devido a um pesadelo, Jeongguk não conseguiu mais dormir com a mesma tranquilidade. Por várias noites o ouviu gritar e ficar em silêncio logo em seguida, ao acordar e perceber que nada era real, entretanto, ao contrário da primeira vez, Jeongguk nunca mais foi até o quarto dele. Naquela noite, porém, algo estava diferente. Taehyung gritou de um jeito tão doloroso, que fez Jeongguk acordar assustado, levantando rápido e sem pensar se deveria ou não fazer o que estava prestes a fazer.

Ele parou em frente a porta de Taehyung, ainda em dúvida sobre entrar. Contudo, ao ouvir um choro e frases como Bogum... não, por favor... me perdoa, Jeongguk não aguentou e abriu a porta, vendo Taehyung agarrando os lençóis com força. O quarto estava escuro, com a luz da lua clareando precariamente o cômodo, mas ele conseguiu ver a expressão dolorosa no rosto coberto de suor do ex-soldado. Ajoelhando-se na cama, tocou o ombro de Taehyung com cuidado.

— Tae — o chamou com carinho, tentando não o assustar. — Tae... acorda, sou eu, Jeongguk... está tudo bem, foi só um pesadelo.

Taehyung ficou rígido, se sentando na cama. Sua respiração soava descontrolada e sentado, Jeongguk percebeu as lágrimas escorrendo por suas bochechas.

— É minha culpa... minha culpa — ele repetiu várias vezes, e, mesmo acordado, parecia que o pesadelo ainda estava nítido em sua mente. — Eu o matei... é minha culpa — Levando as mãos ao rosto, Taehyung começou as esfregar, as enterrando nos cabelos, e em seguida, os puxando, perturbado. — Eu mereço isso. Mereço essas cicatrizes e a dor... para me lembrar que a culpa é minha.

— Tae, por favor... me escute... não é culpa sua — Jeongguk tentou se aproximar.

Ele segurou as mãos trêmulas e as puxou para que Taehyung não se machucasse. Seu coração doeu o vendo daquele jeito.

— É sim... eu o matei — Taehyung se forçou a respirar fundo, com dificuldades de expirar até o final.

Por impulso, e seguindo sua intuição, Jeongguk subiu no colo dele, abraçando os quadris do ex-soldado com as coxas, e segurou seu rosto entre as mãos, o fazendo o encarar.

— Taehyung, olha para mim! Só para mim! — disse em um tom mais alto, o fazendo focar em suas palavras. — Não é culpa sua. Você não merece nada disso.

— Eu mereço, não é justo que eu tenha ficado vivo e ele não. Por que também não morri? Bogum era melhor do que eu, no entanto, estou aqui.

Taehyung parecia extremamente frágil. As lágrimas molhavam seu rosto, se misturando com as linhas saltadas das cicatrizes em sua bochecha. Seus olhos arregalados o deixava com a expressão de uma criança assustada. Jeongguk se aproximou, o rosto a centímetros do dele, encarando seus olhos.

— Escuta bem o que vou falar, tá? — Taehyung acenou, tentando controlar o choro e prestar atenção. — Tenho certeza que seu amigo era uma pessoa incrível... mas você também é, Tae. Você é perfeito, mesmo com suas imperfeições — ele aproximou os lábios dos olhos alheios, exatamente onde uma das linhas das cicatrizes ficava, e a beijou. — Essas cicatrizes não são para te punir ou para te fazer ter raiva de si — continuou, descendo os lábios e beijando a segunda linha, vendo Taehyung fechar os olhos e respirar fundo, se acalmando gradativamente — Elas são para te lembrar o quanto você foi forte. O quanto você é forte, Tae.

Jeongguk beijou a última cicatriz, a mais grossa entre as três, e sem se conter, deslizou os lábios até os de Taehyung. O gosto salgado das lágrimas se misturou com a saliva. O toque dos lábios e das línguas era calmo, carinhoso e íntimo. Taehyung o abraçou pela cintura com força, como se quisesse se sentir protegido. Quando finalizaram o beijo, Jeongguk pressionou sua testa a dele, sentindo sua respiração contra seu rosto.

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