⌜EASY LOVE⌟

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Naquela noite Taehyung não teve pesadelos. E o motivo estava dormindo ao seu lado. Em sua cama. Ele não precisou abrir os olhos para saber que Jeongguk continuava ali. A presença do rapaz era forte e intensa, não apenas por sua respiração calma, de quem dormia um sono tranquilo, tampouco pelo calor emanando de seu corpo, colado ao do ex-soldado. Taehyung sequer se mexia, com receio de acordar Jeongguk. Com medo que aquele momento acabasse. Não estava pronto para isso. Não ainda. A noite anterior foi uma loucura. Começando pela sensação sufocante que o dominou quando se viu sozinho naquela casa.

Ele deveria estar acostumado à solidão, mas quando Jeongguk saiu, Taehyung se sentiu abandonado, e ficou fácil perceber o quanto a presença do cuidador estava impregnada por todo lugar. A poltrona de frente para a dele no escritório, se tornou "a poltrona de Jeongguk". Ir para a academia e treinar sozinho não fazia mais sentido. As sessões de fisioterapia enquanto ele tagarelava com Hoseok estavam quietas demais. Parecia que a presença de Jeongguk estava por todos os lados. Com isso, ele tomou uma decisão. Ir atrás do cuidador.

Taehyung não sabia o motivo, mas precisava de Jeongguk por perto. Hoseok sempre falava sobre um bar que ele adorava frequentar e por intuição, depois de pesquisar o endereço, agiu impulsivamente. Obviamente, ele esperava que as pessoas o encarassem com suas expressões de pesar, misturadas ao desgosto e a repulsa por seu rosto. Taehyung via as aquelas expressões em todos que não eram tão próximos, e exatamente por isso quase não saia de casa. Sempre havia a possibilidade de colocar uma máscara, mas ele não queria se esconder. Queria ser normal, pelo menos por algumas horas.

Depois que as pessoas pararam de o encarar um pouco, ele conseguiu se sentir mais confortável. Afinal, Jeongguk estava ao seu lado. Ele não o olhava de uma maneira estranha. No entanto, as coisas estavam boas demais se tratando dele, então, algo tinha que dar errado.

Jeongguk demorou demais no banheiro, e enquanto seguia naquela direção, ele viu quando um rapaz o olhou com claro interesse. Seu peito queimou. Ele quis gritar que Jeongguk o pertencia. Quando o cara levantou e entrou no mesmo corredor do banheiro, ele não pensou, sem se importar com mais nada. Assim que se aproximou, o cara havia encurralado Jeongguk, o segurando pelo braço. Um rosnado quase primitivo saiu de sua garganta. Estavam tocando nele. Naquele momento, Taehyung sequer se lembrou que era aleijado, ou das cicatrizes marcando seu rosto. Apenas Jeongguk importava. E alguém estava tocando no que era dele. Mesmo que apenas em sua mente.

De repente, as coisas saíram do controle rápido demais. O cara começou a debochar dele, e, na verdade, aquela foi a parte que menos o incomodou, mas Jeongguk, porém, não aguentou e socou o rapaz com tanta raiva, que provavelmente havia quebrado o nariz dele. Então, Jeongguk também levou um soco, e foi quando a raiva dominou o ex-soldado. Em partes, Taehyung sentiu raiva por Jeongguk ser tão impulsivo e arrumar uma briga. Mas sentiu mais raiva de si. Por ser o motivo da briga. Jeongguk havia se machucado por sua causa e ele não podia aceitar isso. Por que o cuidado fez aquilo?

Essa pergunta martelou em sua cabeça por todo o caminho enquanto retornava para casa. Sua consciência gritava que a culpa era dele, se não tivesse saído, se não tivesse sido idiota por acreditar que, pelo menos por algumas horas, poderia ser normal. Sua consciência tinha a voz de Bogum, a mesma voz que gritava nos pesadelos que a culpa era dele. Por que pensou que poderia ter o privilégio de se sentir feliz de novo? Ele não tinha esse direito. Não mais. Não depois de matar seu melhor amigo. Agora, Jeongguk enxergaria que o mundo não era colorido como pensava. Aquela era a prova de como as pessoas podiam ser cruéis e de como tudo funcionava.

Ele nunca mais sairia de novo. Nunca mais.

Assim que chegou em casa, tudo o que ele queria era se sentir entorpecido. Parar de sentir aquela dor angustiante apertando o peito. A sensação de impotência e de se sentir um merda. Taehyung seguiu direto para o bar e encheu um copo de uísque, pegando alguns cubos de gelo na geladeira e se sentando em meio a escuridão da cozinha. Era deprimente, sufocante, e nem abrir alguns botões da camisa pareceu resolver. Demorou algum tempo para ouvir Jeongguk chegando. Ele sabia que o cuidador o procuraria, mas se manteve em silêncio, bebendo o uísque devagar e sentindo o líquido queimar sua garganta.

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