⌜em pedaços • tk⌟

⌜BURN IT⌟

Arrependimento. Era esse o sentimento sufocando Jeongguk. Ele se sentia profundamente culpado por pesquisar sobre o acidente de Taehyung, no entanto, não conseguia entender a reação desproporcional do ex-soldado. Jeongguk sabia que havia o decepcionado, afinal, ele mesmo se sentia decepcionado. Deveria ter esperado que Taehyung se sentisse confortável para contar sua história, mas depois do último pesadelo, de Taehyung dormir em seus braços deixando visível toda sua fragilidade, Jeongguk precisou o entender. Entender o que ele sentia.

A notícia que encontrou era pública, estava no site o tempo todo para ser pesquisado a qualquer momento. Ele poderia ter feito antes de ir para Daegu, e era o que deveria ter acontecido, conhecer um pouco mais da história do cara que cuidaria, mas Jeongguk estava tão ansioso para sair de Seul e deixar tudo para trás, que nem se importou com isso. Agora, Taehyung sequer estava falando com ele. De novo, foram de um extremo ao outro. Saíram de se beijar e dormir juntos, para nenhuma troca de palavra.

Taehyung o ignorava quando estavam no mesmo ambiente, e isso o machucava mais do que gostaria. Era irônico que, exatamente quando percebeu que estava apaixonado, foi também quando estragou tudo. Novamente, fez algo ruim que acabou com sua relação com alguém. Não que existisse realmente um relacionamento ali, mas o que tinham, não existia mais. Jeongguk estava tentando não se culpar demais, porém, era difícil. Sentia tanta falta de Taehyung que seu peito doía.

O ex-soldado não treinava mais com ele, não saía do quarto e quando saía, era para se trancar no escritório, também não estava comendo direito, e Jeongguk sabia disso porque via a bandeja mal tocada nas mãos da Senhora Boo sempre que voltava do quarto de Taehyung. Ela apenas o encarava com um sorriso fraco e quase apagado, e dava de ombros. Senhora Boo não perguntou o que havia acontecido entre eles, mas talvez tenha percebido que daquela vez, a situação era pior que antes.

Jeongguk respirou fundo e pegou um dos pratos que estava lavando. Lavar o distraía, e se tornou um hábito desde que perdeu seu lugar no escritório para a hora da leitura. Estava difícil se acostumar com essa nova situação, assim como quando o ouvia gritar devido aos pesadelos e encontrava a porta do quarto trancada. Tudo o que podia fazer era tentar ignorar os gritos, colocando fones no ouvido e o travesseiro por cima da cabeça. Taehyung se fechou completamente. Mais do que antes, e Jeongguk se sentia inútil naquela casa, já que não conseguia fazer nem mesmo seu papel de cuidador.

Ele passava a maior parte do dia sozinho, mesmo com a presença de outras pessoas. Internamente, Jeongguk desejou diversas vezes que Taehyung ou Do Hyun simplesmente o mandassem embora. Seria o melhor jeito de acabar com a agonia de ser completamente ignorado. No entanto, não conseguia se ver longe. Longe de Taehyung. Sua intenção ao ir para aquela casa foi buscar algum tipo de redenção e perdão pelo que havia feito a Jimin, mas ao invés disso, Jeongguk percebeu que continuava machucando as pessoas, principalmente as que mais importavam para ele.

No fundo, ele sabia que quando fosse embora, deixaria um Taehyung pior do que encontrou.

— Deixa que eu faço isso. Do jeito que você está esfregando esse prato, é capaz dele acabar se desfazendo — Senhora Boo parou ao lado dele e tirou a esponja e o prato de suas mãos.

Jeongguk expirou profundamente, deixando a senhora tomar seu lugar e pegando um pano para secar as mãos.

— Desculpa — pediu, se encostando na beirada da pia. — Eu o odeio, Senhora Boo — desabafou. — Odeio o Taehyung.

— Não seja mentiroso, criança. Você pode sentir muitas coisas pelo meu menino, mas ódio, definitivamente não é uma delas — ela sorriu.

— Mas ele me odeia — disse com convicção.