⌜ALONE⌟

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Elisabeth Kübler-Ross, psiquiatra suíço-americana afirma que as pessoas passam por cinco fases do luto. Apesar de todos serem diferentes e cada fase durar mais para uns do que para outros, ela dizia que todos — sem exceção — passarão por isso. Taehyung vivenciou todas essas fases quando perdeu Bogum. Primeiro, a fase de negação e o isolamento. A princípio, ele não aceitou a morte do melhor amigo, e se culpou da maneira mais dura. Então, decidiu se isolar, e se afastou dos amigos, do convívio social e dele mesmo, enterrando tão fundo o Kim Taehyung que um dia foi, que praticamente o perdeu. O choque e a dor da perda, o trauma de ver Bogum morrer, tudo isso culminou para ele chegar a segunda fase: a raiva.

Algum tempo depois, já em Daegu, sua ficha começou a cair e a raiva o atingiu. Foi também nessa época que os pesadelos começaram, e ver o melhor amigo noites seguidas dizendo que a culpa de sua morte era dele, todo ensanguentado, não ajudou a superar essa fase tão cedo. Taehyung começou a se questionar o porquê continuou vivo e Bogum não teve a mesma oportunidade. Ele se comparava ao amigo, e sua mente o traía, dizendo que Bogum sempre foi melhor e deveria estar vivo. Não ele. Os acessos de raiva se tornaram frequentes, e Do Hyun praticamente o obrigou a iniciar a terapia, algo que não deu resultado inicialmente.

Quando Jieun conseguiu avançar e quebrar um pouco da casca ao redor dele, Taehyung chegou à terceira fase: a de barganha. Por algum tempo, ele acreditou que poderia passar por aquilo, quase teve esperança de que a dor em seu peito e a culpa diminuíssem, tentando encontrar motivos para ser merecedor de receber perdão. Um dos meios que encontrou para se redimir, foi doar a mesada recebida do pai, para a mãe de Bogum, usando a desculpa que ele havia pedido para a ajudar se algo acontecesse, enquanto estavam no exército. Talvez pela fragilidade da perda, a mulher não questionou a respeito e aceitou o dinheiro, acreditando que era do filho.

Contudo, o ato não fez os pesadelos diminuírem, e Taehyung chegou à quarta fase: a depressão. Além da culpa que o acompanhava diariamente, ele começou a sentir uma tristeza profunda. A solidão, que antes achava que seria a solução para a dor, começou o sufocar, o debilitando e extinguindo sua vontade de viver. Foi a fase mais longa que se manteve, e após uma única tentativa de acabar com a própria vida — que não deu certo, graças a Seung — Do Hyun decidiu que ele precisava de um cuidador. Taehyung sabia que aquilo era apenas uma desculpa para colocar alguém o vigiando, caso fizesse uma nova tentativa, mas apesar de tudo, isso o distraiu, afinal, seu principal objetivo se tornou fazer com que os cuidadores fossem embora para voltar a ficar sozinho.

Taehyung estava indo bem nesse processo, até que Jeongguk apareceu, entrando em sua vida como um furacão, levando tudo enquanto passava, trazendo esperança e amor, e o levando para a quinta e última fase: a aceitação. Ou ao menos, chegou bem perto disso. Jeongguk trouxe algo que Taehyung havia perdido há muito: sua vontade de viver, sorrir, e amar. Jeongguk trouxe cor a sua vida, fez seu coração voltar a ficar acelerado pelos motivos mais bobos e ter vontade de ser alguém melhor. E apesar de estar muito assustado com aqueles sentimentos, Taehyung sabia que se Jeongguk tivesse paciência, ele conseguiria avançar para a fase em que perderia o medo do mundo lá fora. Porém, Jeongguk não esperou, e assim como quase o tirou da fase enlutada, também o jogou de volta numa solidão sufocante, com o detalhe que, agora, Taehyung precisava passar por todas aquelas fases de novo, por alguém que permanecia vivo, mas que escolheu o abandonar.

Na primeira semana após sua partida, a fase da negação e do isolamento começou. Taehyung acreditou que ficaria tudo bem, que depois de alguns dias seu coração aprenderia a aceitar a ausência de Jeongguk. Ele se isolou no quarto, deixou de frequentar a academia e ler os livros que tanto gostava, passando a maior parte do tempo encarando o teto na esperança de que fosse parar de doer, e como se em um passe de mágica, seu cérebro esquecesse dos toques, beijos, sorrisos e olhares.

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